sábado, 27 de dezembro de 2014

Fim de ano, Ano Novo

TOMAR O TEMPO

            O tempo corre! Outra vez fim de ano e começo de outro ano: festas e férias, novos planos e muito sonhos. Mas, o tempo corre, e, parece correr cada vez mais rápido. É o que quase todos dizem e experimentam. Todavia, as coisas não mudam tanto assim com o tempo que passa. O que de fato deveria mudar não são tanto as coisas, mas nós, os que temos a responsabilidade sobre as coisas. Aliás, talvez não seja tão acertado dizer que o tempo passa, mas poderia ser melhor dizer que nós passamos. Ontem não éramos, hoje somos, e, amanhã... Bem, amanhã, esperamos e veremos.
            Já que é assim, que tal se nos tornássemos donos de nosso tempo? Digo donos, não no sentido de mandar e desmandar ao bel prazer, mas já que o recebemos de Deus como um dom, usá-lo ao nosso favor, ao invés de deixá-lo ser nosso senhor. Tomar o tempo, em nossas mãos. Eis o desafio.

Trabalhar
            Tomar o tempo para trabalhar. Porém trabalhar não é atividade cansativa? Não é algo negativo? Sem dúvida, quando o trabalho é visto como obrigação fastidiosa, ele se torna um peso. Mas, será sempre assim? Olhando com profundidade a obra da criação, descobrindo aí a possibilidade da contribuição humana, perceber-se-á outra realidade. O trabalho, mesmo aquele que exige grande esforço, leva a realizações inexplicáveis. Ninguém consegue dizer quanta satisfação sente o pai de família ou a mãe que trabalhou dias e dias para poder colocar o alimento na mesa onde os filhos se reúnem; não se pode descrever com palavras humanas o que sente o cientista que trabalhou duro por anos e anos para descobrir o remédio que alivia o sofrimento das pessoas. Então, tomar o tempo para trabalhar é pagar o preço valioso da própria realização, e colaborar para a felicidade de outros, tornar seus fardos são mais leves.

Pensar
            Tomar o tempo para pensar. Pensar é próprio do ser humano, pois ele é racional. Quem não pensa ou não quer pensar está negando sua humanidade racional. Por que pensar se os outros fazem tudo para nós? Hoje já está tudo pronto, basta perguntar, e as resposta estão aí, aos milhares. Pensar, no entanto, é fonte da força para a ação. Somente quem entende o que é convidado a fazer, pode fazê-lo bem. O pensar oferece a luz para se automotivar. Agir com consciência é agir com liberdade. Quem não pensa torna-se escravo das atividades que não consegue evitar. Sofre terrivelmente. Tomar o tempo para pensar é então fonte da forças; forças que movem grandes obstáculos no caminho da realização. Quem pensa, além de se tornar forte para agir livremente, ajuda aos demais a serem livres e ter critérios sólidos para escolherem bem.

Simpatizar
            Tomar o tempo para ser amigo, ser simpático. Todos passam pela vida relacionando-se uns com os outros. Ninguém está sozinho. Nem pode estar. Ser amigo, ser simpático com os outros é estreitar as relações. Quanto mais amigo for, tanto mais o ser humano soma com os semelhantes. Sempre se diz: povo unido jamais será vencido, ainda mais quando a união está amarrada por sincera amizade, pois o amigo é sempre fiel. Sem medo de errar, pode-se se afirmar que o tempo tomado para ser amigo é tempo transformado em felicidade. Felicidade, longe de ser egoísta, mas felicidade para todos os amigos.

Sonhar
            Tomar o tempo para sonhar. Sonhar é preciso, pois ele aproxima as estrelas, dizia um poeta. Verdade! Os sonhos abrem novas possibilidades, animam e despertam a criatividade. Quando alguém deixa de sonhar, a vida se enfadonha e nada mais se pode esperar. O sonho se torna o primeiro passo para a esperança. E, a esperança dá combustível para aproveitar bem o tempo atual, mas abre sempre novos horizontes; novos tempos que ultrapassam o futuro. Os sonhos transcendem até mesmo o tempo, já possibilitam estar hoje no “mundo das estrelas”.

Olhar ao redor
            Tomar o tempo para olhar ao redor. O tempo é curto demais para olhar apenas para si. O olhar egoísta limita e apequena o mundo. Quem olha somente para si não vê nada mais que suas próprias carências, seus problemas que deseja mentirosamente defender como importantes. Descobrir que ao redor de nós existem outras realidades, outras pessoas, outros sentimentos enriquece-nos infinitamente. O tempo é para isso, ele impulsiona para fora do olhar egoísta.

Rir – rir muito
            Tomar o tempo para rir. O tempo aproveitado para rir se faz a música da alma. A alma, entendida como vida, não pode se expressar diferentemente, ou chora ou ri. Ela sente tudo: alegria, realização, amor, fraternidade, comunhão, é a música que se transforma em riso; tristeza, frustração, ódio, violência, egoísmo, é o lamento que se transforma em choro. Façamos com que o tempo não seja levado tão a sério, mas com que ele nos leve a sério. Que ele se sujeite a nós, e que nós possamos rir dele abundantemente. Ele será tomado por nós, não nós por ele.

O tempo é nosso, não somos do tempo
            Ao invés de nos apavorar diante do fluxo irreversível do tempo que passa tão de pressa, vamos nos alegrar por mais e mais oportunidades que temos para passar pelo tempo. Ele está sendo colocado diante de nós como um presente do qual nos utilizamos. Se mais um ano passou, outro veio! Mais tempo de graça do Deus que nos ama. Mais experiências adquirimos nos meses que se foram e mais maduros nos tornamos. Não sabendo como será o futuro, deixemos que ele nos surpreenda. Confiemos na bondade de Deus, colaboremos com ele colocando nossas parcas forças e humildes iniciativas ao seu dispor; tomemos o tempo para trabalhar, para pensar, para ser simpáticos, para sonhar, para olhar ao redor e, principalmente para rir – rir bastante. O tempo é nosso! Não somos do tempo, estamos no tempo; mas, Deus nos fez para a eternidade. A alegria e o riso antecipam a Eternidade. Sejamos felizes!
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com.br

domingo, 21 de dezembro de 2014

Natal

O Filho de Deus nasceu na periferia da sociedade religiosa, política e econômica; somente os pobres o reconheceram: Maria, José, os pastores e, mais tarde os Magos, que eram estrangeiros. Ele nasceu para todos, mas os ricos não o acolheram. Quem somos nós: pobres ou ricos?
Feliz Natal. Que Jesus encontre acolhida em cada um de nós! Sejamos simples, humildes e, estejamos entre os pobres de todas as periferias, pois lá ele se manifestará.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Natal: a festa da luz

NATAL – A NOITE SE ILUMINOU

            Natal é mais que “noite abençoada”. É voltar-se para a criança que vem. Criança que é o Filho de Deus feito humano. Olhar sobre o seu nascimento. Todo o mais dessa festa vive desse olhar ou acaba em ilusão. Natal nos diz: Ele chegou! Ele iluminou a noite. Iluminou a noite de nossas trevas, a noite de nossas incompreensões, a noite do terror de nossos medos e desesperos. Ele a transformou em noite abençoada, em noite santa.
            Irrompeu no mundo e em nossa vida um acontecimento que transformou nossa noite angustiosa e fria em noite santa e abençoada. Pois o Senhor está aqui. O Senhor da criação e de minha vida está aqui. Ele não está mais na “eternidade do infinito”, mas aqui. O Eterno passou a ser tempo, o Filho passou a ser humano. Toda a imensidão do universo de Deus passou a ser carne. O tempo e a vida humana se transformaram, porque Deus mesmo se fez homem. Agora não necessitamos mais procurar no infinito dos céus, lá onde nosso espírito e nosso coração se perdem, pois ele agora está em nosso mundo. Está no nosso mundo onde nem ele tem privilégio algum, mas, como todo ser humano, está sujeito à fome, ao cansaço, à inimizade, à agonia mortal e à morte mais ignominiosa. Que o Deus Infinito, o Deus infinitamente Santo, o Deus da Vida, aceitou a finitude humana, a tristeza mortal da terra e a própria morte é a mais incerta verdade. Mas somente ela – a duvidosa luz da fé – transforma nossas noites e pleno dia, somente ela abençoa toda noite.
            Deus veio. Ele está aqui. Tudo é diferente do que nós o imaginamos. A eternidade entrou no tempo e lhe deu um sentido novo. Agora nós e o mundo podemos estar diante da face desvelada de Deus.
            Quando dizemos que é natal, dizemos que Deus pronunciou sua última Palavra, sua mais profunda e mais bonita Palavra. Sua Palavra se pronunciou na carne, isto é, no mundo dos homens. Ele a pronunciou para dentro do mundo. Ela não a retorna mais, pois Deus a disse definitivamente, quando Ele mesmo entrou no mundo. E essa Palavra se chama: “eu te amo”, você mundo e você ser humano...
            Tudo, a partir do nascimento dessa criança, se transformou. O tempo está envolto em eternidade, que se fez tempo. Todas as lágrimas secaram desde sua própria fonte, pois Deus mesmo chorou com o ser humano e enxugou as lágrimas. Toda esperança está plenificada porque Deus está no mundo dos homens. A noite do mundo já está clara.
            Quando então o nosso coração pronunciar igualmente a palavra sim para a Palavra amorosa do Menino de Nazaré se realiza a noite abençoada - o natal – de verdade. Essa palavra do coração estará plena da santa graça de Deus. E a Palavra de Deus nascerá também em nosso coração. Deus mesmo estabelecerá sua morada em nosso coração, assim como a estabeleceu em Belém.
            A noite se iluminou! Feliz Natal!

Mário Glaab