segunda-feira, 14 de junho de 2021

Jesus e seu Pai

PENSAR COMO JESUS PENSOU

 

            Provavelmente todos já escutamos a linda cantiga do Pe. Zezinho “Pensar como Jesus pensou”, e gostamos, tanto da música quanto da letra. Ela já serviu para muitas mensagens, cheias de vida e de exemplos. O Padre, quando a compôs, certamente estava bem inspirado. Por isso, quero dizer mais algumas coisas sobre isso:

 

Como imaginamos Jesus pensando

            O Jesus que nos é anunciado, que nos é ensinado, e, que normalmente encontramos ao ler os evangelhos, é um homem que sabe muita coisa; ensina com palavras e com gestos. No final de sua vida terrestre coroa tudo o que fez e o que disse, dando a sua vida por esta causa, com amor.

            A partir disso, nós certamente o imaginamos como uma pessoa muito sábia, muito atenciosa para com seus semelhantes – principalmente os mais pobres – e, que sabia contemplar as maravilhas de Deus na natureza e nos gestos de bondade das pessoas. Fazia o bem a todos; era um verdadeiro mestre, que levava seus discípulos para o mistério de Deus e de seu Reino. Talvez, um ou outro o imagina como um pregador exigente ou até ameaçador. Mas a imaginação não foge muito disso.

            Será que não podemos ir um pouco adiante com a nossa imaginação? Vamos ver. Quando almejamos pensar como Jesus pensou precisamos nos perguntar, mas afinal, como ele pensou? Qual foi a sua imaginação de Deus e de sua própria missão? Ele alimentava sua missão de mestre com que conteúdo? Na verdade, queremos saber qual era sua experiência íntima e pessoal de Deus.

 

O Deus de Jesus

            Não queremos nos atrever em entrar no mistério de Jesus com relação a Deus, seu Pai. Procuramos, no entanto, encontrar algum fundamento nas palavras e nos gestos dele para nos aproximar de suas motivações profundas.

            Através de suas parábolas, suas orações e seus gestos, podemos ter algum acesso à imaginação do próprio Jesus. É possível entrever um pouco de sua experiência pessoal com Deus. Este material é ensinamento para os discípulos, mas é também revelação de quem é Jesus, do seu relacionamento com o Pai. Ele fala e age com autoridade. O que ele experimenta e vive, isso ele mostra para quem dele se aproxima. “Dei-vos a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15). Jesus pensa o Reino a partir do Pai; pensa o Pai; se pensa no Pai.

            Mais: a linguagem de Jesus é perturbadora e inquietante para aqueles que se julgavam bons, que levavam vida confortável; porém, a mesma linguagem trazia conforto para os aflitos e desfavorecidos de seu tempo. Isto, sem dúvida, é fruto de seu profundo conhecimento de Deus Criador, daquele que quer que todos tenham vida em abundância, e que não admite que alguns se acomodem em seu bem-estar. Jesus pensa e vai ao encontro do pobre como Deus pensa no pobre e vai ao seu encalço.

            Então, pensar como Jesus pensou, podemos concluir, é pensar como o próprio Deus pensa. Não é uma ideia bonita, mas é compromisso. Compromisso com a vida e, principalmente, com a vida dos mais necessitados.

            Quero terminar com uma afirmação de um grande teólogo, chamado o “Teólogo da Esperança”, que diz: “Deus não é mais compreendido como o ‘Deus acima de nós’ ou ‘nas profundezas do ser’, mas, como ‘Deus antes de nós’, indo à nossa frente na história, como o ‘Deus da esperança’” (Jürgen Moltmann, em seu livro O Deus Crucificado, p. 322). Este pode ser o pensamento que Jesus tem se si mesmo, do ‘Deus que vai à nossa frente’, e que nós devemos descobrir e fazer nosso também.

Pe. Mário Fernando Glaab.