quarta-feira, 13 de outubro de 2021

ESPÍRITO DA UNIDADE NA DIVERSIDADE.

 

UNIDADE NA DIVERSIDADE

 

                        “E todos nós os escutamos, anunciando as maravilhas de Deus em nossa própria língua” (At 2,11). É assim que se descreve a maravilha de Pentecostes após o Espírito ter repousado sobre os que estavam reunidos em Jerusalém. O espanto e a perplexidade dos que ouviam esta maravilha foi enorme. Que significa isso? Perguntavam-se. Porém outros não viam nada de extraordinário, faziam pouco caso e até zombavam.

Unidade e divisão

                        Diante do acontecido em Pentecostes é fácil perceber que existe diferença entre unidade e divisão. O fruto do Espírito foi a unidade para os que o receberam, seja na descida, seja no testemunho dos apóstolos. O contrário – a divisão – foi o que aconteceu com os que zombavam. Uns se admiravam e, mesmo espantados, viam um sinal do alto; e sentiam-se cheios do Espírito de Deus. Outros, mais do que não ver, se opunham. Criticavam maldosamente e classificavam todos de bêbados.

                        Assim aconteceu, e assim continua a acontecer. Por um lado, existem as pessoas que se abrem aos apelos do espírito, e por outro os que se opõem, tentando destruir o que o Espírito constrói. Como se pode constatar, também hoje temos construtores de união, assim como destruidores dela. Os que acolhem o Espírito, nem sempre conseguem superar todos os obstáculos que se interpõem. Porém, os adversários, além de não ajudar, sempre destroem, e fazem tudo para que as coisas vão de mal a pior. Sentem-se perturbados quando encontram pessoas unidas. Contudo, não é sobre isso que queremos refletir. A questão é outra.

Diversidade – Ouviam em sua própria língua

                        Às vezes, quando se coloca o Pentecostes em paralelo ao acontecido em Babel (cf. Gn 11,1-9), cai-se na tentação de pensar que o Espírito fez com que todos falassem a mesma língua (até pode-se dizer que falavam todos a mesma língua do amor!), mas na verdade, não é isto que diz o texto sagrado. Lá se fala que todos entendiam em sua própria língua. Caso a língua do Espírito seja a língua do amor; o que se diz, é que este é entendido por cada grupo na sua própria cultura, na sua maneira de ver as coisas. Sempre à luz do Espírito inspirador. É justamente aí que reside a diversidade das línguas, a diversidade do amor que une em um só Espírito. Bem diferente da confusão ou da divisão que tomou conta dos orgulhosos que quiseram construir a Torre de Babel. Estes se dispersaram por toda terra, pois não se entendiam mais: estavam confusos. Não se entendiam em sua própria língua.

                        Então, a maravilha que provocou pasmos e perplexidades nas numerosas nações que ouviam os discípulos de Jesus cheios do Espírito Santo, não cancelou de suas próprias línguas. Superou as limitações de cada nação. Criou unidade na diversidade. É bom saber que o Espírito não abole as línguas, não instaura uma língua única, permite a cada um entender na sua própria língua a boa notícia do Evangelho. Esta verdade é assaz importante para a Igreja e para qualquer grupo cristão. Nunca se deve abolir a língua – os valores – dos povos, das tradições e dos costumes. O que é preciso, à luz do Espírito, é procurar entender, cada um em sua própria língua, o que o mesmo Espírito Santo produz em cada um e em cada grupo, sejam eles cristãos ou não. O Espírito age como o vento: ouve-se sua voz, mas não se sabe de onde vem, nem para onde vai (cf. Jo 3,8). Não queiramos, por causa da unidade, passar por cima da diversidade. O Espírito não se deixa prender em nossas maneiras de ver, em nossos grupos. Ele é o Espírito da Liberdade que quer nos conduzir para a Verdade plena.

Pe. Mário Fernando Glaab.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Jesus diante do bem e do mal

                                             O bem e o mal sob o olhar de Jesus

 

            No tempo de Jesus, como aliás em todos os tempos, o mal estava presente na vida das pessoas, e não era preciso fazer esforço para percebê-lo e senti-lo na própria pele. Como Jesus viu e se comportou diante do mal? Ele, que só fez o bem, conseguiu eliminar toda maldade dentre os seus seguidores?

 

Diante do mal

            Não iremos aqui nos preocupar com conceitos filosóficos de mal, mas queremos refletir sobre o mal concreto, experimentado por nós, e que faz sofrer a qualquer um.

Jesus, com atitudes decididas, com ensinamentos e principalmente com sua entrega total na cruz, lutou contra toda e qualquer forma de mal. Ele não ignora o mal e o sofrimento que atingem as pessoas. Muito pelo contrário, vai ao encontro dos que são suas maiores vítimas. Ele mesmo sofre. Sente a maldade em sua própria carne, ao ponto de morrer gritando. Mas não é somente a dor física que ele experimenta, também a dor da rejeição e do desprezo, do abandono. Ele, portanto, conhece muito bem a situação miserável em que a humanidade se encontra.

Jesus não foge desta dura realidade. Não se fecha no seu relacionamento com o Pai, ou se recolhe em um lugar solitário. Quanto mais intimidade experimenta de seu relacionamento com o Pai na oração, tanto mais se conscientiza que sua missão é estar onde está o homem sofredor. Ele, no entanto, não dá explicações filosóficas ou teológicas sobre a presença da precariedade e da miséria no mundo. Sua atitude é outra. Seu jeito de ser e de agir revelam algo novo, que a mentalidade mundana não sabe nem quer saber.

 

Fazendo o bem

            Na verdade, Jesus não enumera situações ideais, sonhos irreais, onde não há maldades. Ele revela que é possível lutar contra as diversas formas de maldades porque existe um Deus que é Pai e que está próximo do ser humano atingido pela miséria. Jesus ensina e mostra com atitudes concretas este cuidado de Deus. Põe as mãos à obra. Ele mesmo faz tudo para que as pessoas sejam libertadas de toda forma de mal; mas também convida a todos que têm boa vontade, para que se juntem ao mesmo trabalho em favor dos necessitados. Confiança no Pai que é bondoso, e luta contra a precariedade, o sofrimento, a dor, o pecado (corrupção) e a morte.

            Os milagres que Jesus fez não resolveram o problema do mal, pois as pessoas continuavam a sofrer suas consequências. Eram, no entanto, sinais da presença do Reino que se instaura com ele e continua seu crescimento em toda pessoa de boa vontade. Mesmo não rompendo o movimento de degradação da maldade no mundo, os milagres colocam o mal em evidência, mais do que o eliminam. Desta forma, Jesus mostrou quanto é necessário lutar contra o mal colocando-se ao lado do caído sob o peso dele. Não adianta querer justificar porque isto ou aquilo aconteceu ao sofredor; o que interessa é ajudar; é compadecer-se, assim como o fez o samaritano junto ao viajante despojado. Os gestos, palavras e milagres mostram justamente isso: Jesus estende as mãos a todos os caídos à beira do caminho.

            Com isso, ele convida todos para que se unam no mesmo projeto de cuidar, assim como o Pai cuida. Jesus é o Revelador deste cuidado do Pai, porém ele compartilha a missão com os que o aceitam. Todos os que se sentem vítimas do mal que está no mundo são convidados a confiar no amor do Pai que cuida de todos, e, a partir desta experiência, ir lá onde estão os irmãos que também são vítimas. Como vítima o seguidor de Jesus, na confiança, olha para o outro que também é vítima; estende-lhe a mão para caminhar em direção de um mundo melhor. Jesus, na verdade, declara feliz, quando fala a todas as vítimas do mal, aquele que não usa sua situação de sofredor, abandonado ou despossuído para duvidar que alguém se preocupe com ele, mas que tem a coragem de se dirigir a Deus como uma vítima, e lhe coloca sua situação e a de seus semelhantes diante de sua face paterna.

            Em toda esta luta contra o mal, a fé cristã nos diz que nem o mal, nem a adversidade têm a última palavra se Jesus ressuscitou, depois de ter enfrentado todo tipo de maldades até o fim.

Pe. Mário Fernando Glaab.

domingo, 15 de agosto de 2021

O que esperar nos momentos de crise?

DEUS É O CULPADO! OU DORES DE PARTO DE UM NOVO CÉU E UMA NOVA TERRA?

 

            “Se Deus quiser, a situação vai mudar”. É assim que muitos pensam e dizem quando olham para momentos complicados, principalmente quando se trata de realidades complexas. A pandemia que assusta o mundo todo e a situação caótica em que o Brasil se encontra são exemplos disso. Que Deus tenha piedade de nós e nos prive desses sofrimentos, suplicam.

 

Dores de parto

            Sem dúvida, é muito difícil aceitar que Deus criou somente o bem, e que se experimentamos o mal que nos atinge de tantas maneiras, que isso deve vir de outras causas. Talvez se coloque a culpa então em forças negativas que estariam agindo no mundo vindos de outras dimensões: demônios ou maus espíritos. Porém, assumirmos, como humanidade, que a culpa de tantos infortúnios que trazem sofrimentos e mortes, é nossa; isto é muito difícil! Implicaria, isto sim, em assumir um compromisso; contudo, ao se colocar toda responsabilidade nos ombros de Deus ou dos demônios, nós nos livramos de nossa responsabilidade e nos colocamos apenas como vítimas.

            Vários sábios: teólogos, filósofos, sociólogos e outros, dizem-nos que essas graves crises que nos afetam com tanta força, e que causam tantos sofrimentos e mortes, são consequências de nossos erros, de nossos pecados, e por que não dizer, de nossas ganâncias e falta de coragem para mudar nossos costumes, nossos apegos a tradições ultrapassadas, quando não abertamente perversas. Constata-se cada vez mais que tudo está interligado, isto é, quando alguém faz o bem, por menor que seja, ele enriquece o mundo todo e sua história, todavia, o contrário também é verdadeiro, quando alguém faz o mal, isto torna pior o mundo e sua história. Imaginemos então, quando as coisas são realizadas por muitos, quando uma multidão faz o bem, ou quando uma multidão faz o mal, como isto se corporifica nas situações concretas. Certamente o caos que experimentamos, seja diante de uma doença, seja da situação político-econômica de um país, é causado pela irresponsabilidade nossa canalizada em fatos ou pessoas concretas. Cada um tem sua parcela de culpa, mesmo que pequena. Mais ou menos, conforme as condições de cada um.

            Pergunta-se, no entanto, onde entra a ação de Deus neste emaranhado de coisas? Deus não está perto de suas criaturas acompanhando e ajudando? Se Deus é bom – e isto é o que a maioria das religiões crê -, então, todo sofrimento não pode perecer, ou se perder para sempre. O sofrimento deve levar, na confiança, para a esperança em um mundo melhor. Ele faz acordar. O que está acontecendo abre os olhos e as mentes de muitos. Diante da dor surge a oportunidade para uma reflexão mais profunda; e muitos colocam em cheque os valores que até então conduziram suas vidas. O sofrimento, tão grande para muitos, não há de ser em vão. Algo de novo, algo de melhor, algo de bom deve ser aguardado. Tudo o que está acontecendo de dolorido, seja na vida particular, seja na sociedade, pode ser comparado com as dores de parto. Ainda não se sabe o que está para acontecer, mas quem crê num Deus de Amor espera, confia e luta. A partir desta fé ele alimenta a sua importância e, se lança de corpo e alma para ter e produzir algo de melhor para todos; com a graça de Deus.

 

O que esperar?

            Não se sabe exatamente o que esperar. Porém, nós cristãos temos diante de nós o exemplo da figura de Jesus de Nazaré que passou pela crise máxima, mas não desistiu. Foi até o fim. Ele soube esperar em seu Pai; e a Ressurreição veio. Nós também não sabemos o que podemos esperar, no entanto, sabemos que um Novo Céu e uma Nova Terra fazem parte de nosso sonho cristão. Esperemos perseverar até o fim; desistir nunca, confiar sempre. O nosso pouco, unido ao pouco de muitos outros, deixará que a criação boa de Deus produza os seus frutos. Frutos para esta Terra, e frutos para a Vida Eterna. Festa que terá a abundância dos bens da natureza abençoada pelo Criador e colocada à disposição de toda a humanidade; e festa sem fim na Eternidade.

Pe. Mário Fernando Glaab.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS.

 

O REINO JÁ, MAS AINDA NÃO.

 

            Estamos tão acostumados a responder em nossas missas “Ele está no meio de nós” que as vezes nem tomamos consciência do que estamos dizendo. Basta o presidente da celebração dizer “O Senhor esteja convosco”, para que respondamos quase mecanicamente, “Ele está no meio de nós”. Vamos refletir um pouco sobre esta resposta-afirmação.

 

Obras para o Céu

            Aprendemos desde criança, que precisamos fazer boas obras para no fim de nossa vida podermos ir para o céu. E, da mesma forma, também nos ensinaram que as más obras serão castigadas no inferno. Pregações, principalmente em sepultamentos, com frequência lembram que desta vida não se leva nada, a não ser o bem que se fez. Não queremos criticar esta doutrina, nem mesmo duvidar da boa intenção de quem ensina estas coisas. Com certeza está procurando o melhor para as pessoas. No entanto, esta insistência pode ofuscar um pouco o outro aspecto que é uma constante na pregação e na ação de Jesus de Nazaré.

            O Jesus que os evangelhos apresentam, muito mais do que falar de um céu no futuro, fala de uma nova realidade já aqui nesta terra. Ele insiste, desde o início de sua pregação, que o Reino está próximo, ou que já chegou. A comunidade primitiva logo entendeu que este Reino se identificava com Jesus mesmo. Onde está Jesus, lá está o Reino. Muito sugestiva para esta questão é a história de Jesus na casa de Zaqueu, quando afirma que naquele momento a salvação entrou naquela casa (cf. Lc 19,2-10); ou então nas palavras do evangelista São João, onde Jesus se apresenta como o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Jesus, com sua pregação e com sua ação, mostra que o Reino, a Vida ou a Salvação, já estão presentes e que necessitam ser acolhidos e vividos já aqui. Jesus não prega um Reino do futuro somente, porém o fez acontecer. Suas parábolas, seus sermões, e, seus sinais de cura, de libertação, de misericórdia e de perdão mostram que algo de novo está acontecendo; e, que os seus discípulos andarão pelo mundo, com a força do alto – Espírito Santo – para continuar com a mesma obra dele. Claro que a confiança no Pai dá a Jesus e aos seus seguidores a esperança da vitória final definitiva: “Quem perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 10,22). Todavia, isso não quer dizer que já não se experimenta a vida nova hoje.

            É, então, permitido perguntar: qual é a verdadeira identidade do cristianismo, a partir de Jesus dos evangelhos? É viver hoje ou é esperar para o futuro?

 

Já, mas ainda não

            Na teologia se usa esta expressão: “já, mas ainda não”. Ela pretende mostrar o aspecto misterioso do Reino. É a forma que os teólogos encontraram para falar da presença e do desenvolvimento deste mistério no mundo e na vida das pessoas que aceitam a Jesus. Uma maneira teológica para apresentar as parábolas que ensinam o crescimento lento, mas contínuo, do Reino entre os homens e as mulheres, mesmo que eles não sabem como isso acontece.

            Outra forma de testemunhar a ação do Reino já nesta vida são as inúmeras passagens que relatam a alegria que as pessoas encontraram e encontram quando acolhem a Boa Nova em suas vidas. Alegria esta que é comparada ao achado de um tesouro que estava escondido; alegria que faz o ser humano valorizar, não mais os bens que passam, mas os bens que permanecem. São Pedro chama isso de “palavras de Vida Eterna” (Jo 6,68).

            Portanto, a questão não consiste em se preocupar no acumular boas obras para quando for prestar contas, mas em viver intensamente a vida nova que Cristo trouxe, já hoje, aqui e agora. As obras acompanharão aqueles que se deixam transformar por Cristo. Elas darão testemunho da presença do Reino já agora, mas que irá se manifestar sempre mais, até sua consumação, quando Deus quiser.

            Ao responder “Ele está no meio de nós”, portanto, a comunidade de fé testemunha justamente isso: o Reino está entre nós, porém está em crescimento, à medida em que produz frutos de justiça, de fraternidade e de paz, que aguardarão sua realização definitiva quando Deus será tudo em todos, no último dia (cf. 1 Cor 15,28).

Pe. Mário Fernando Glaab.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Jesus e seu Pai

PENSAR COMO JESUS PENSOU

 

            Provavelmente todos já escutamos a linda cantiga do Pe. Zezinho “Pensar como Jesus pensou”, e gostamos, tanto da música quanto da letra. Ela já serviu para muitas mensagens, cheias de vida e de exemplos. O Padre, quando a compôs, certamente estava bem inspirado. Por isso, quero dizer mais algumas coisas sobre isso:

 

Como imaginamos Jesus pensando

            O Jesus que nos é anunciado, que nos é ensinado, e, que normalmente encontramos ao ler os evangelhos, é um homem que sabe muita coisa; ensina com palavras e com gestos. No final de sua vida terrestre coroa tudo o que fez e o que disse, dando a sua vida por esta causa, com amor.

            A partir disso, nós certamente o imaginamos como uma pessoa muito sábia, muito atenciosa para com seus semelhantes – principalmente os mais pobres – e, que sabia contemplar as maravilhas de Deus na natureza e nos gestos de bondade das pessoas. Fazia o bem a todos; era um verdadeiro mestre, que levava seus discípulos para o mistério de Deus e de seu Reino. Talvez, um ou outro o imagina como um pregador exigente ou até ameaçador. Mas a imaginação não foge muito disso.

            Será que não podemos ir um pouco adiante com a nossa imaginação? Vamos ver. Quando almejamos pensar como Jesus pensou precisamos nos perguntar, mas afinal, como ele pensou? Qual foi a sua imaginação de Deus e de sua própria missão? Ele alimentava sua missão de mestre com que conteúdo? Na verdade, queremos saber qual era sua experiência íntima e pessoal de Deus.

 

O Deus de Jesus

            Não queremos nos atrever em entrar no mistério de Jesus com relação a Deus, seu Pai. Procuramos, no entanto, encontrar algum fundamento nas palavras e nos gestos dele para nos aproximar de suas motivações profundas.

            Através de suas parábolas, suas orações e seus gestos, podemos ter algum acesso à imaginação do próprio Jesus. É possível entrever um pouco de sua experiência pessoal com Deus. Este material é ensinamento para os discípulos, mas é também revelação de quem é Jesus, do seu relacionamento com o Pai. Ele fala e age com autoridade. O que ele experimenta e vive, isso ele mostra para quem dele se aproxima. “Dei-vos a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15). Jesus pensa o Reino a partir do Pai; pensa o Pai; se pensa no Pai.

            Mais: a linguagem de Jesus é perturbadora e inquietante para aqueles que se julgavam bons, que levavam vida confortável; porém, a mesma linguagem trazia conforto para os aflitos e desfavorecidos de seu tempo. Isto, sem dúvida, é fruto de seu profundo conhecimento de Deus Criador, daquele que quer que todos tenham vida em abundância, e que não admite que alguns se acomodem em seu bem-estar. Jesus pensa e vai ao encontro do pobre como Deus pensa no pobre e vai ao seu encalço.

            Então, pensar como Jesus pensou, podemos concluir, é pensar como o próprio Deus pensa. Não é uma ideia bonita, mas é compromisso. Compromisso com a vida e, principalmente, com a vida dos mais necessitados.

            Quero terminar com uma afirmação de um grande teólogo, chamado o “Teólogo da Esperança”, que diz: “Deus não é mais compreendido como o ‘Deus acima de nós’ ou ‘nas profundezas do ser’, mas, como ‘Deus antes de nós’, indo à nossa frente na história, como o ‘Deus da esperança’” (Jürgen Moltmann, em seu livro O Deus Crucificado, p. 322). Este pode ser o pensamento que Jesus tem se si mesmo, do ‘Deus que vai à nossa frente’, e que nós devemos descobrir e fazer nosso também.

Pe. Mário Fernando Glaab.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

A Igreja e a Cruz de Cristo

 

DIANTE DA CRUZ DE CRISTO – PIEDOSOS E ÍMPIOS

 

            A Igreja cristã não se cansa, e nem deve se cansar, de anunciar que Cristo Jesus Ressuscitou. Este é o anúncio que os apóstolos, desde o início, deram e testemunharam com tanta convicção que imediatamente muitos quiseram ser do grupo deles. Por meio desta pregação o Espírito tocava os corações das pessoas de boa vontade, fazendo com que buscassem conhecer quem era Jesus, e como viviam seus discípulos.

            Porém, logo surgiram dificuldades. Alguns acentuavam demais só este aspecto que levava a desvios com consequências negativas. Encantavam-se tanto com a ressurreição que esqueciam o que antecedeu a ela: a vida, a paixão e a morte na cruz. Coube então aos pregadores cristãos insistir que era o Crucificado que agora estava vivo. Aliás, os evangelhos insistem neste aspecto: “Sou eu mesmo” (cf. Lc 24,39). A crucificação era vergonhosa e não encantava. Porém esperar o retorno do Ressuscitado que haveria de levar consigo os que o aguardavam, atraia bem mais. Mas assumir a caminhada de Jesus até a cruz, para então chegar à ressurreição, era outra história.

            Durante os séculos afora, a Igreja sempre se preocupou em anunciar Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Contudo, isso nem sempre foi tão claro assim. A tentação de ficar somente com o Cristo ressuscitado acompanhou a história até os nossos dias. Também hoje existe esta dificuldade e às vezes até se caracteriza como heresia.

Cristãos sem cruz

            Ninguém gosta de sofrer. Jesus também não gostou. No entanto, não é possível fugir da dura realidade que todo ser humano enfrenta. Mais cedo ou mais tarde, a dor e o sofrimento aparecem na vida de cada um. É bem tentador pedir Àquele que venceu a dor e a morte que afaste de nós toda experiência de sofrimento. Mas, sabe-se que isso não acontece assim. Muitas vezes é preciso aceitar a cruz, e mesmo assim, tocar adiante e confiar.

            Hoje a imagem da cruz se tornou mais um objeto ornamental: enfeita nossas casas, igrejas, cemitérios, e até nossos peitos. A cruz ocupa destaque entre os símbolos religiosos cristãos. Todavia, isto não quer dizer que ela é assumida conscientemente e testemunhada com os compromissos que ela simboliza. Parece que cada vez mais, apesar dos muitos sinais da cruz, existe um cristianismo de cristãos sem cruz.

            Mas, é possível uma Igreja do Ressuscitado sem o Crucificado? A vida, e o próprio Jesus, ensinam que não. Não dá para se desvencilhar da cruz e ser discípulo somente do Cristo ressuscitado.

Igreja e Cristo crucificado

            A partir do Cristo crucificado é que se torna claro o que é uma igreja cristã e o que ela não é. Sabendo do que levou Jesus à cruz, sabe-se por qual caminho a Igreja necessita ir para ser verdadeira. Assim como para Jesus não teve outra via, também para a Igreja não há outro caminho. O Cristo foi fiel ao projeto do Pai até o fim. Confiou mesmo quando se sentiu abandonado por todos. Assim igualmente a Igreja precisa confiar e, esperar que o Pai a receba junto com o Filho, vencedor da morte.

            Contemplando Jesus na cruz, vemos que Ele – a Palavra feito carne – se cala por amor aos homens para que os homens possam falar (se decidir). Vemos aí também a missão da Igreja, que diante do mundo, muitas vezes precisa se calar. Jesus, com sua cruz nos abriu à esperança da salvação; por isso, nós é que devemos nos decidir a favor ou contra. Ele se calou, está morto; e os mortos não falam. Nós, sentindo-nos confrontados com Ele, precisamos dar a nossa palavra e falar. Também a Igreja deve se calar – morrer – muitas vezes, para que os pecadores, os ímpios, possam falar.

            Aí se percebe como o desvio para uma igreja só do Ressuscitado (que esquece o Crucificado) é alienante. Quem é desse grupo, julga-se piedoso, e até se eleva a uma realidade superior dos demais. Contudo, quem se julga salvo, não carrega sua cruz, nem confia na salvação que há de vir de Deus.

            Diz um grande teólogo de nossos dias: “O conhecimento da cruz gera um conflito de interesses entre o Deus que se fez homem e o homem que quer ser deus” (Moltmann). Supera-se este conflito quando o homem deixa de querer ser deus e aceita na cruz de Jesus a condição do verdadeiro homem. Este homem que fala no silêncio de seu amor; não com o orgulho de suas conquistas. E continua o mesmo teólogo: “É difícil falar de Deus (de sua cruz) entre os piedosos, mas entre os ímpios nos sentimos livres para falar sobre ele”.

            Na cruz de Cristo Deus se faz um com todo ser humano, mesmo com o maior ímpio. Seu amor engloba a todos. Contudo, somente aquele que se reconhece pecador, pode compreender um pouco do que é a cruz de Jesus. Passando por ela, ele pode esperar compartilhar com Ele a Ressurreição.

Pe. Mário Fernando Glaab

sábado, 20 de março de 2021

Jesus e a Doença

DEUS DE JESUS

 

            Nós não temos dificuldades para falar de Deus atribuindo a Ele a responsabilidade do que nos acontece e foge de nossa capacidade de interferir ou de mudar. Facilmente dizemos que foi Deus quem quis isto ou aquilo! Será que é esse o ensinamento de Jesus? Jesus ensina que é Deus quem manda doenças, sofrimentos e castigos? Será que o Deus anunciado por Jesus é este Deus que nós tão facilmente classificamos como um deus que faz o que ele quer, castigando a uns e abençoando a outros ao seu bel prazer?

 

Para Jesus Deus é Pai

Na verdade, somos acostumados a falar de Deus como se o conhecêssemos de antemão, isto é, antes da revelação de Jesus. Até nos colocamos a pergunta se Jesus é Deus? Porém, esta não pode ser a atitude do cristão. Quando muito, esta pergunta pode ser formulada por alguém que se atém no Antigo Testamento. Um cristão, todavia, olha para Deus através de Jesus. Jesus é quem revela, ou melhor, mostra quem é Deus. E ele o mostra como Pai.

            A grande mensagem de Jesus em suas palavras, mas principalmente em seus feitos, está centrada em mostrar que Deus quer o bem de todos; mais, quer a salvação de todos. Na visão do evangelista João ela é chamada de Vida Eterna que já se inicia com a vinda de Jesus. Os sinóticos a traduzem por Reino de Deus.

            Quando Jesus ensina que precisamos acolher a vontade do Pai não está dizendo que devemos ser fantoches que não sabem o que fazem, mas que nos coloquemos em sintonia com Ele para que verdadeira Vida, o Reino, aconteça já aqui e agora. Jesus diante da morte iminente se coloca conscientemente na vontade do Pai para o bem do mundo, com o ato de amor mais puro; e assim mostra até que ponto Deus ama o mundo: entregando seu Filho para que o mundo tenha vida.

 

Deus e a dor

            Todas as criaturas são finitas, e como tais, sujeitas às limitações, isto é, às privações e aos sofrimentos. E sabemos por experiência que todos passamos por muitos sofrimentos, e o último desafio será a morte, que paira sobre cada um. Onde está este Deus bondoso e todo-poderoso quando sofremos, quando a dor nos encontra com toda sua realidade tremenda? Quando a doença crassa e faz suas vítimas; faz sofrer o doente e os que estão ao seu redor? Como responder cristãmente a estas intrigantes perguntas?

            Claro que não temos respostas lógicas para a dor e o sofrimento, seja de quem for; temos, no entanto, a resposta da fé cristã que nos diz: Ele está aí, não na doença, mas no doente! Ele está não no que faz sofrer, mas no sofredor. Este Deus, anunciado e vivido por Jesus (agora vivido pelos cristãos), está onde há dor, angústia, sofrimento, morte; mas sempre nas vítimas; nunca nos causadores destas coisas. Quem não protege, quem não cuida dos doentes e sofredores não está com Deus!

            Este é o Deus de Jesus, e o Deus que os cristãos professam. E é bom que cada vez possamos proclamar com mais convicção: “Ele está no meio de nós”. Porém, não vamos deixar a responsabilidade de combater o mal só para Ele, pois Ele conta conosco. Se nós estamos neste mundo é porque Ele nos colocou aqui e conta conosco para deixar o mundo um pouco melhor. Precisamos de Vida, do Reino de Justiça e de Paz; como cristãos contamos com a presença dEle, todavia, temos consciência de que podemos e devemos fazer a nossa parte, por pequena que seja. Ninguém é indispensável; todos contam. Que o Crucificado seja nossa iluminação e nossa força.

Pe. Mário Fernando Glaab.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Quaresma e Páscoa hoje.

 

O GRITO DOS CONDENADOS

 

            São tantos os gritos dos condenados que muitas vezes não os ouvimos mais. Eles acompanham a história da humanidade desde o início, e também hoje não deixam de ecoar por todos os lados. Há, no entanto, um grito que é sempre atual: o grito daquele que por fazer somente o bem a todos foi culpado pela maldade de toda a humanidade: o grito de Jesus de Nazaré.

 

Pai, afaste..., mas...

            Os cristãos sabem muito bem quando e porque Jesus deu este grito. Porém nem sempre veem nele a profundidade da tragédia. Lá estava todo sofrimento humano concentrado; lá estava igualmente toda confiança no amor a Deus, e a esperança de que o bem venceria sobre o mal.

            Jesus, como qualquer ser humano, grita diante da dor da condenação. Ele vê toda sua ação misericordiosa, todo seu anúncio do Reino de Deus sendo frustrado. Ele, inocente, condenado à morte ignominiosa, a mais terrível e vergonhosa: abandonado por todos, inclusive por Deus. Pai, afaste isso de mim, mas que não seja feita a minha vontade. É muito difícil captar a profundidade dessa oração do Homem de Nazaré. Ela vai além de qualquer explicação lógica, ou de qualquer compreensão humana.

            A resposta a esta oração vem somente no domingo da Ressurreição que, no entanto, só pode ser aceita na fé. Ele vive e é o Senhor. Ele bebeu o cálice dos condenados até as últimas consequências, sofreu com todos os condenados, e agora é o Vencedor.

 

Ele me entende

            Mesmo que se quer abafar o grito de tantos condenados, seus gritos continuam a perturbar nossos ouvidos. São os gritos dos famintos, dos doentes, dos viciados, das crianças abandonadas, dos idosos desamparados, dos injustiçados; enfim, de todos os pobres e sofredores. Existe também hoje todo um movimento condenatório: jogar a culpa sobre as vítimas. Elas são culpadas; pois são todos vagabundos, comunistas, ladrões, pior ainda, são diferentes! Os juízes são os bons (!).

            Não é possível entender o que se passa quando se usa somente a lógica humana. As vítimas sabem muito bem que os seus algozes nunca os entenderão. Eles têm as suas justificativas. Os que assistem suas tragédias, na maioria, ficam alheios. Mas, alguém os entende. Olhando para o Crucificado, todos os condenados de todos os tempos e lugares, vítimas de qualquer sentença, podem dizer, sem medo de errar: “Ele me entende!”.  Que seja assim, para que a esperança não morra no coração de ninguém, mesmo que seja o pior condenado.

            Porém, fica igualmente um forte apelo para que nós, como espectadores e membros da comunidade humana, tenhamos o olhar compreensivo. Não cedamos às campanhas de ódio disseminadas em nossa sociedade, mas saibamos ouvir o grito dos condenados, vendo neles o grito do Homem de Nazaré hoje e aqui. Não esqueçamos nunca que para o cristão, Jesus é o Senhor, e mais ninguém. Seu ensinamento é “amai-vos”, não “armai-vos”. Em consequência disso, a cruz (sofrimento, condenação) e a tragédia humana estão entrelaçados para sempre. Sejamos coerentes.

Pe. Mário Fernando Glaab.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Pandemia e liberdade cristã.

 

LIBERDADE E COMUNIDADE

 

            É interessante observar como as pessoas veem e se comportam diante de acontecimentos que atingem a todos, ou ao menos a muitos. Há as reações mais diversas possíveis. É o que podemos ver concretamente quanto à pandemia que mexe com todos nós. São inúmeras as reações das pessoas.

 

Diante da crise da pandemia

            Encontram-se muitas pessoas preocupadas que buscam uma saída para se defender a si e aos seus. Alguns buscam refúgio na ciência, aceitam as orientações de prevenção, esperam a solução pela vacina e pelo tratamento médico; outros tentam encontrar na fé a proteção; outros ainda, minimizam a coisa; dizem que não é bem assim, que dificuldades sempre têm, e que não é dessa vez que as coisas irão ser diferente. Por último existem também os negacionistas. São os que negam, não somente a gravidade, mas até a existência do problema. Na verdade, estes últimos, procuram desviar o olhar; esconder a cabeça na areia.

            Estas são algumas maneiras de as pessoas enfrentar a crise da pandemia que atinge o mundo todo, e que já vitimou muita gente pelo mundo afora, que está desafiando terrivelmente o nosso País. Qual será a melhor resposta que podemos e devemos dar diante destes acontecimentos que tanto sofrimento trazem consigo?

            Ciência e fé não se excluem. Nem uma nem outra sozinha têm a totalidade da resposta. Não há dúvida, que a ciência é fruto do desenvolvimento das capacidades que o ser humano recebeu de Deus. E, quando ele a usa para o bem, ela está conforme o plano deste mesmo Deus. As conquistas científicas devem ser para todos; nunca, para um pequeno grupo apenas, que por acaso pretende delas se apossar.

            A fé, quando verdadeira, confia no poder e na proteção de Deus. Isto não quer dizer que deixa de lado o esforço humano. Pelo contrário, quanto mais fé, tanto mais compromisso. O homem de fé sabe muito bem que Deus conta com o seu trabalho, e que deve ver no desenvolvimento e nas conquistas científicas a bênção do Senhor. Os trabalhos científicos respondem ao mandato de Deus de dominar a Terra. Portanto, não é verdadeira fé a daquele que se “esconde” em seu egoísmo, a atitude da pessoa que não vai à luta, mas diz que Deus deverá protegê-lo. Pode ser uma forma de tomar o nome de Deus em vão.

            Minimizar pode ser um grande perigo, fruto de imprudência e da irresponsabilidade. A crise está aí, ninguém a pode ignorar. Porém, à medida que se minimiza, não se dá a devida atenção e os cuidados para se precaver e cuidar dos outros. Isto pode ser muito perigoso.

            Negar é o pior que alguém pode fazer! Além de eliminar todo cuidado, ainda engana aos outros. Quem faz isto está fazendo um desserviço; está prejudicando a si e ao próximo. Não só mente, mas faz o mal ao outro, favorecendo a disseminação da doença. É ódio mesmo!

 

Que fazer? Ser livre em comunidade

            A crise mostra muito egoísmo disseminado. Em todas as atitudes ele pode estar presente e seduzir as pessoas. Nas soluções científicas o egoísmo pode se manifestar lá onde alguém, com mentalidade capitalista, quer se beneficiar egoisticamente, tirando lucros de algo que deve ser para todos. Infelizmente existem os que estão interessados em explorar também este campo.

            Nos que deixam toda responsabilidade apenas a Deus – ou até iludem aos outros a fazê-lo também -, o egoísmo é mais visível ainda. Além de não fazerem nada, levam outros ao engano. Às vezes, chegam até a roubar o próximo, aproveitando-se maldosamente da boa-fé das pessoas.

            Os que minimizam e os que negam a realidade crítica, não contribuem com nada. E, também eles são embusteiros. O egoísmo é a sua norma. Não pensam no outro, contudo, eles acham que sabem tudo e não ligam para o sofrimento do próximo.

            Alguém vai perguntar onde fica a liberdade de cada um? Sim. Somos livres, mas nunca para fazer o mal. E, mais ainda, prejudicar o outro que conosco forma comunidade. Todos somos livres para fazer o bem. E nossa liberdade vai até à liberdade do outro. Não somos ilhas, mas estamos em comunidade. A comunidade é um valor imenso, contudo, ela exige renúncia e sacrifício de cada membro para que tudo funcione bem.

            Para que exista verdadeiramente comunidade é preciso que o bem de todos ocupe o primeiro lugar. Cada um deve colaborar para que o bem comum seja atingido. Isto é exigência em qualquer comunidade, porém muito mais, na comunidade cristã, uma vez que ela, a partir de Jesus Cristo se fundamenta no amor mútuo, “amai-vos como eu vos amei”.

            Concretamente, quem diante de crise tão séria, como é a pandemia da Covid 19, age egoisticamente pensando somente em si, é um malfeitor. Alguém que diz “eu não vou tomar a vacina porque sou livre e faço o que bem entendo”, está prejudicando não somente a si, mas está fazendo o mal a numerosos outros. Ele não tem liberdade para tal. Afirma o grande historiador da Igreja, Pe. Beozzo, “Não somos livres, quando estamos em comunidade, para fazer o mal aos outros”. E quem não leva a sério as recomendações das autoridades sanitárias, não quer cuidar de si, está fazendo o mal ao próximo; e assim, destruindo a comunidade.

            É bom lembrar que além de pertencermos à comunidade cristã, pertencemos à comunidade humana que está no mundo todo. Somos responsáveis por toda a humanidade. Que o Espírito de Deus seja nossa luz para este grande desafio.

Pe. Mário Fernando Glaab.