sábado, 17 de maio de 2025

Teologia - Em palavras simples.

 

TEOLOGIA: O QUE É E PARA QUE SE FAZ?

 

            Ultimamente está em voga falar de teologia; teologia fundamental, teologia bíblica, teologia moral, teologia europeia, teologia moderna, teologia da libertação, teologia feminista etc.; porém pode-se perguntar: mas o que é teologia? Para que serve a teologia?

            Claro que se trata de uma questão ampla e complexa, e não é possível responder adequadamente em poucas linhas. Mas, vamos resumidamente apresentar o que entendemos por teologia e também a sua utilidade. Já é bom esclarecer que aqui se trata apenas de teologia cristã, católica.

            E devemos antecipar dizendo que, por ser cristã, necessariamente ela é feita por quem tem fé, e para quem tem fé; ou melhor ainda, para viver sua fé. Sem fé não se pode fazer teologia.

            Tentando uma definição, podemos dizer: teologia é uma reflexão (estudo) sobre Deus e sobre tudo o que se relaciona com ele. Os teólogos discutem se é a fé que está em busca de entendimento ou se é o entendimento que está em busca da fé. Porém nos basta acentuar que teologia é ciência, no entanto uma ciência diferente das demais. Ela transcende a simples racionalidade e se fundamenta na fé. A teologia recebe sua autoridade da fé e das suas qualificações científicas. Como ciência da fé, nesta disciplina não se pode separar este seu caráter próprio. O trabalho teológico, portanto, não pode existir sem uma experiência de fé praticada.

            É então um aproximar-se sério, usando dos meios científicos disponíveis, de Deus e daquilo que dele segue. O conteúdo para se “chegar” a Deus vem de sua própria revelação ao ser humano. Deus se revela de muitas formas e modos, a começar com sua entrada na história humana por meio de sua Palavra. Esta Palavra que se faz um de nós, Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Depois, pela Igreja, pelo Magistério, pela natureza, pelos acontecimentos, pela família, pelo próximo, principalmente pelo necessitado, etc.

Trabalho do teólogo

            O teólogo é alguém formado no estudo e na vivência da fé em uma comunidade, também marcada pela vivência da fé. Esta comunidade não é outra coisa a não ser a presença da Igreja em seus membros. Ninguém pode (no catolicismo) se atribuir o título de teólogo se não for preparado e reconhecido pela autoridade competente.

            O teólogo, usando os meios disponíveis, aprofunda com rigor científico, os diversos temas que a fé cristã propõe. Como material de trabalho se vale do que é revelado pela Sagrada Escritura, dos dogmas da Igreja, das tradições teológicas, das interrogações de quem não crê; mas igualmente do que existe de concreto na comunidade onde ele vive e atua. A cultura e os costumes da sociedade onde ele faz teologia são considerados como chão para o fazer teológico.

            Hoje, quem quer ser teólogo, muito mais do que estudar teologia, aprender teologia; deve aprender a “fazer” teologia. Que quer dizer isto? Deve-se envolver com o que pesquisa, e mais, deve ter os pés no chão do povo com quem convive e para quem se dirige. Não basta produzir altas teorias teológicas, escrever livros ou artigos em revistas teológicas; é preciso levar o fruto do seu trabalho para a comunidade cristã. Contribuir para que esta possa viver cada vez com mais segurança sua fé lá onde ela se encontra. Que saiba dar os motivos de sua fé.

            A teologia não é uma coisa fixa, morta, que se pode pegar ou simplesmente transmitir. Ela é uma coisa viva; uma coisa que escapa, que se movimenta, que avança. Isto quer dizer que se faz teologia na comunidade e para a comunidade. Cada verdadeiro teólogo deve ter esta preocupação: Pensar a fé de seu povo, elaborar à luz das verdades reveladas e das tradições teológicas esta mesma fé, para então, devolvê-la ao povo que dela tem necessidade. Deve fornecer-lhe algo de relevante; algo que de fato seja para o bem da comunidade cristã, com o que ela pode viver melhor sua realidade concreta, iluminada pela fé aprofundada pelo trabalho teológico. A teologia e os teólogos são necessários!

Pe. Mário Fernando Glaab.

sábado, 5 de abril de 2025

O arder do coração antes de Celebração da Eucaristia.

 

A missa começa em casa

 

            A nossa missa não começa somente quando o presidente da celebração entra na assembleia reunida do templo. Ela já começa em casa com o desejo ou a “saudade de Deus”, que nos põe a caminho, nos desinstala dos desejos fúteis da vida. Um sugestivo sinal disso encontramos no relato dos discípulos de Emaús. O Evangelista Lucas, já no dia da Ressurreição, nos apresenta uma experiência embrionária do que seria a nossa Eucaristia dominical. No caminhar, quando o Ressuscitado os encontra, vemos a liturgia da Palavra e no partir do pão, a liturgia eucarística. O texto de Lucas introduz a questão sobre os discípulos assim: “Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido” (Lc 24,14).

            Antes de Jesus – o Ressuscitado – os abordar no caminho, eles falavam sobre tudo que tinham experienciado nos últimos dias. Isto era o início do que haveria de acontecer: a “missa” já estava em andamento. O que levo eu, o que levamos nós para a nossa celebração? Como foi a minha vida durante a semana em casa, no trabalho? O que me preocupa? Do que necessito pedir perdão? No que (olhando para a semana vindoura) espero ser fortalecido? O que preciso para mim e para os meus?

            Mesmo que pensamentos bons ou maus sobre nossa vida, a vida de nossos familiares, nos acompanham no caminhar para a missa, não os necessitamos violentamente afastar. Talvez seria melhor se os apresentássemos ao Senhor ou colocássemos em seu colo, iluminássemos com sua Palavra, juntássemos em nossas intenções; uníssemos com as oferendas sobre o altar para que fossem abençoados, transformados. Naturalmente é “digno e justo” juntar tudo o que somos e temos e nos concentrar para a liturgia que celebramos. É muito útil tomar consciência de que iremos nos encontrar com o Deus de nossa vida, porém de toda a vida, assim como somos, também com o que não vai bem.

            Na liturgia entramos no sagrado, porém isso não quer dizer que estabelecemos uma linha divisória entre o mundo e Deus. Aliás, na encarnação o Filho de Deus transpôs justamente esta mesma linha divisória, pelo caminho inverso, para trazer a salvação ao ser humano. Eucaristia (missa) e vida se relacionam em toda a profundidade: da vida para a Eucaristia e da Eucaristia para a vida, assim que possamos viver “eucaristicamente”.

Pe. Mário Fernando Glaab.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Devoção Mariana


DEVOÇÃO A MARIA, A MÃE DE JESUS.

            Os católicos têm devoção e amor para com Maria, a Mãe de Jesus. Ela é uma figura singular que merece consideração especial. Depois de Deus, ninguém é tão amado como ela. Desde os primórdios Maria faz parte da piedade do povo cristão. Já nos anos 80 Lucas, o Evangelista, descreve Maria como a Bem-aventurada. Durante os séculos da história da Igreja, Ela recebeu muitos títulos, porém é sempre aquela mulher que deu o seu “sim” a Deus para que a Encarnação do Filho de Deus acontecesse: Jesus em nossa história.

            Alguns acusam os católicos de adorarem Maria, porém isto não tem nenhum sentido. O católico consciente sabe muito bem quem é o Salvador, mas também sabe, a partir da Revelação, que Deus, ao entrar em nossa história pelo seu Filho, contou com a colaboração de muitos homens e mulheres, já no Antigo Testamento com Abraão e Sara, Moisés e Miriam, Isaías, Jeremias, e outros; no Novo Testamento com os Apóstolos, os Evangelistas e, igualmente muitos outros. Sem a colaboração e participação destas pessoas Jesus seria um salvador desconhecido. Entre todos estes colaboradores, Maria ocupa um lugar todo especial. Ela foi a chamada para ser a Mãe do Filho Encarnado. Seu sim é a resposta a este chamado: “E a Palavra se fez carne e veio habitar entre nós” (Jo 1,14).

            Vejamos o que Lucas diz quando relata o anúncio do Anjo e o encontro de Maria com Isabel (Lc 1,28-48): O Anjo a chama de “agraciada/favorecida (cheia de graça), o Senhor é contigo” (Lc 1,28); e Isabel a saúda, movida pelo Espírito Santo, com “Bendita és tu entre as mulheres e Bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). São saudações feitas a Maria, mas que estão em vista da graça que Deus colocou nela para trazer o Bendito fruto do seu ventre, Jesus.

            Com o seu sim Maria se colocou a serviço de Deus – Deus a fez Mãe -; e Isabel vê esta maravilha quando diz “Bem-aventurada a que acreditou” (Lc 1,45). Maria, como Mãe de Jesus, participa singularmente com o plano salvífico de Deus, e é isto que a devoção e o amor a Maria reconhecem. Os católicos não receiam saudar Maria (Ave-Maria) como cheia de Graça, a bendita entre todas as mulheres, a bem-aventurada. Não a veem como divina, porém veem nela a Graça de Deus, veem nela a humilde serva do Senhor que tornou possível para todos, a vinda de Jesus, o Salvador da Humanidade. A devoção e o amor consistem nisto.

Pe. Mário Fernando Glaab.