TEOLOGIA:
O QUE É E PARA QUE SE FAZ?
Ultimamente está em voga falar de teologia; teologia
fundamental, teologia bíblica, teologia moral, teologia europeia, teologia
moderna, teologia da libertação, teologia feminista etc.; porém pode-se perguntar:
mas o que é teologia? Para que serve a teologia?
Claro que se trata de uma questão ampla e complexa, e não
é possível responder adequadamente em poucas linhas. Mas, vamos resumidamente
apresentar o que entendemos por teologia e também a sua utilidade. Já é bom
esclarecer que aqui se trata apenas de teologia cristã, católica.
E devemos antecipar dizendo que, por ser cristã,
necessariamente ela é feita por quem tem fé, e para quem tem fé; ou melhor
ainda, para viver sua fé. Sem fé não se pode fazer teologia.
Tentando uma definição, podemos dizer: teologia é uma
reflexão (estudo) sobre Deus e sobre tudo o que se relaciona com ele. Os
teólogos discutem se é a fé que está em busca de entendimento ou se é o
entendimento que está em busca da fé. Porém nos basta acentuar que teologia é
ciência, no entanto uma ciência diferente das demais. Ela transcende a simples
racionalidade e se fundamenta na fé. A teologia recebe sua autoridade da fé e das
suas qualificações científicas. Como ciência da fé, nesta disciplina não se
pode separar este seu caráter próprio. O trabalho teológico, portanto, não pode
existir sem uma experiência de fé praticada.
É então um aproximar-se sério, usando dos meios
científicos disponíveis, de Deus e daquilo que dele segue. O conteúdo para se
“chegar” a Deus vem de sua própria revelação ao ser humano. Deus se revela de
muitas formas e modos, a começar com sua entrada na história humana por meio de
sua Palavra. Esta Palavra que se faz um de nós, Jesus Cristo, o Filho de Deus
encarnado. Depois, pela Igreja, pelo Magistério, pela natureza, pelos
acontecimentos, pela família, pelo próximo, principalmente pelo necessitado,
etc.
Trabalho do teólogo
O teólogo é alguém formado no estudo e na vivência da fé
em uma comunidade, também marcada pela vivência da fé. Esta comunidade não é
outra coisa a não ser a presença da Igreja em seus membros. Ninguém pode (no
catolicismo) se atribuir o título de teólogo se não for preparado e reconhecido
pela autoridade competente.
O teólogo, usando os meios disponíveis, aprofunda com
rigor científico, os diversos temas que a fé cristã propõe. Como material de
trabalho se vale do que é revelado pela Sagrada Escritura, dos dogmas da Igreja,
das tradições teológicas, das interrogações de quem não crê; mas igualmente do
que existe de concreto na comunidade onde ele vive e atua. A cultura e os
costumes da sociedade onde ele faz teologia são considerados como chão para o
fazer teológico.
Hoje, quem quer ser teólogo, muito mais do que estudar
teologia, aprender teologia; deve aprender a “fazer” teologia. Que quer dizer
isto? Deve-se envolver com o que pesquisa, e mais, deve ter os pés no chão do povo
com quem convive e para quem se dirige. Não basta produzir altas teorias
teológicas, escrever livros ou artigos em revistas teológicas; é preciso levar o
fruto do seu trabalho para a comunidade cristã. Contribuir para que esta possa
viver cada vez com mais segurança sua fé lá onde ela se encontra. Que saiba dar
os motivos de sua fé.
A teologia não é uma coisa fixa, morta, que se pode pegar
ou simplesmente transmitir. Ela é uma coisa viva; uma coisa que escapa, que se
movimenta, que avança. Isto quer dizer que se faz teologia na comunidade e para
a comunidade. Cada verdadeiro teólogo deve ter esta preocupação: Pensar a fé de
seu povo, elaborar à luz das verdades reveladas e das tradições teológicas esta
mesma fé, para então, devolvê-la ao povo que dela tem necessidade. Deve
fornecer-lhe algo de relevante; algo que de fato seja para o bem da comunidade
cristã, com o que ela pode viver melhor sua realidade concreta, iluminada pela fé
aprofundada pelo trabalho teológico. A teologia e os teólogos são necessários!
Pe. Mário Fernando Glaab.