sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Necessidade de estudar a fé,

 

ESTUDAR A FÉ E A ESPERANÇA

 

            O que caracteriza o cristão é o que ele crê, o que ele vive e o que ele espera. Isto é, a fé, a caridade e a esperança. As três virtudes que são denominadas teologais. Aprendemos, desde criança, a recitar o Credo, a amar a Deus e ao próximo e a esperar como prêmio, o céu. Contudo, como se faz isso na prática da vida cotidiana?

            Sabemos muito bem que é preciso cultivar uma boa espiritualidade, rezar, ouvir a Palavra de Deus, ir à Igreja, fazer o bem a todos, principalmente a quem é mais necessitado. Porém, na Sagrada Escritura encontramos uma recomendação: “Estai sempre dispostos a justificar vossa esperança perante aqueles que dela vos pedem conta” (1Pd 3, 15). Como iremos justificar? Com o exemplo, sem dúvida; mas também com palavras, argumentos, explicações. E é sobre isto que queremos dizer algo.

            É realidade hoje, como também ontem, que muitas pessoas, inclusive catequistas, MECEs, e líderes de comunidades em geral, têm dificuldade em compreender para si e explicar a fé aos irmãos. Têm dificuldade de entender o que professam. Em consequência, a fé deles e das comunidades, diante de um cenário de pluralismo religioso, entra em crise. Confundem e misturam as verdades da fé, da esperança e da caridade com folclore, doutrinas falsas e costumes não sadios. Não é difícil encontrar gente que diz: “já não sei mais o que é certo e o que é errado”. E, quando alguém chegou a este ponto, é quase certo que escolherá uma saída que não é a que a Igreja ensina. Por isso, quem já tem mais conhecimentos, há de ajudar aos que estão mais carentes, lembrando da louvável intenção do Evangelista Lucas, quando revela no início do seu Evangelho: “decidi (...) pô-lo por escrito par ti, em boa ordem, para que conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1,3-4).

            Em nossas comunidades não é estranho que pedem mais formação para as lideranças e para o povo em geral. Porém, como isto exige esforço, tanto de quem busca quanto de quem deve fornecer a formação, quase sempre se obtém poucos resultados. Esperamos, contudo, que as dificuldades que todos enfrentam, não sejam obstáculos insuperáveis. Em nossas paróquias, comunidades, ou mesmo a nível de diocese, é viável organizar encontros de formação, não somente para este ou aquele grupo, porém para o povo em geral. Basta solicitar ao padre ou a alguém com mais condições, adquirir bons livros e outros meios – que são tantos em nossos dias -, para que se planejem verdadeiros momentos de estudo. Somente ouvir as homilias das missas dominicais é insuficiente.

            Então, vamos aproveitar o nosso tempo, que é tão precioso, para nos formar, estudando, refletindo e trocando experiências. Falar em nossa família e na comunidade não somente sobre assuntos diversos, mas igualmente sobre a nossa vida cristã. Igualmente vamos ajudar nossos irmãos e irmãs a viver de forma mais clara, firme e madura a fé, a esperança e a caridade, e assim poder ser sal da terra e luz do mundo, como nos pede Jesus (cf. Mt 5,13-14). Sabemos, sim, a missão da Igreja recebe sua força do Espírito Santo, porém, por outro lado, requer da nossa parte, nosso testemunho e nosso estudo compartilhado. Todos deverão se esforçar, pois a vida cristã precisa ser alimentada pela oração, pela participação nas celebrações comunitárias, pelos sacramentos, mas também pelo estudo da Bíblia e da teologia. Não basta aquele pouco que aprendemos quando éramos crianças na catequese. Infelizmente constata-se que para muitos ficou-se nisto, e assim, sua fé é raquítica, pálida e sem consistência. Conforme o vento, se inclina para um ou para outro lado.

            Confiemos na força do alto, mas coloquemos as mãos à obra, pois sempre temos muito a fazer para que todos os irmãos e irmãs tenham condições básicas para pôr em prática aquilo que a fé cristã exige, e que possam, confiando na salvação oferecida por Jesus Cristo, esperar com toda a certeza, um dia estar com Ele na Casa do Pai.

Pe. Mário Fernando Glaab.