ESTUDAR
A FÉ E A ESPERANÇA
O que caracteriza o cristão é o que ele crê, o que ele
vive e o que ele espera. Isto é, a fé, a caridade e a esperança. As três
virtudes que são denominadas teologais. Aprendemos, desde criança, a recitar o
Credo, a amar a Deus e ao próximo e a esperar como prêmio, o céu. Contudo, como
se faz isso na prática da vida cotidiana?
Sabemos muito bem que é preciso cultivar uma boa
espiritualidade, rezar, ouvir a Palavra de Deus, ir à Igreja, fazer o bem a
todos, principalmente a quem é mais necessitado. Porém, na Sagrada Escritura
encontramos uma recomendação: “Estai sempre dispostos a justificar vossa
esperança perante aqueles que dela vos pedem conta” (1Pd 3, 15). Como iremos
justificar? Com o exemplo, sem dúvida; mas também com palavras, argumentos,
explicações. E é sobre isto que queremos dizer algo.
É realidade hoje, como também ontem, que muitas pessoas,
inclusive catequistas, MECEs, e líderes de comunidades em geral, têm
dificuldade em compreender para si e explicar a fé aos irmãos. Têm dificuldade
de entender o que professam. Em consequência, a fé deles e das comunidades,
diante de um cenário de pluralismo religioso, entra em crise. Confundem e
misturam as verdades da fé, da esperança e da caridade com folclore, doutrinas
falsas e costumes não sadios. Não é difícil encontrar gente que diz: “já não
sei mais o que é certo e o que é errado”. E, quando alguém chegou a este ponto,
é quase certo que escolherá uma saída que não é a que a Igreja ensina. Por
isso, quem já tem mais conhecimentos, há de ajudar aos que estão mais carentes,
lembrando da louvável intenção do Evangelista Lucas, quando revela no início do
seu Evangelho: “decidi (...) pô-lo por escrito par ti, em boa ordem, para que
conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1,3-4).
Em nossas comunidades não é estranho que pedem mais
formação para as lideranças e para o povo em geral. Porém, como isto exige
esforço, tanto de quem busca quanto de quem deve fornecer a formação, quase
sempre se obtém poucos resultados. Esperamos, contudo, que as dificuldades que
todos enfrentam, não sejam obstáculos insuperáveis. Em nossas paróquias,
comunidades, ou mesmo a nível de diocese, é viável organizar encontros de
formação, não somente para este ou aquele grupo, porém para o povo em geral.
Basta solicitar ao padre ou a alguém com mais condições, adquirir bons livros e
outros meios – que são tantos em nossos dias -, para que se planejem
verdadeiros momentos de estudo. Somente ouvir as homilias das missas dominicais
é insuficiente.
Então, vamos aproveitar o nosso tempo, que é tão
precioso, para nos formar, estudando, refletindo e trocando experiências. Falar
em nossa família e na comunidade não somente sobre assuntos diversos, mas
igualmente sobre a nossa vida cristã. Igualmente vamos ajudar nossos irmãos e
irmãs a viver de forma mais clara, firme e madura a fé, a esperança e a
caridade, e assim poder ser sal da terra e luz do mundo, como nos pede Jesus
(cf. Mt 5,13-14). Sabemos, sim, a missão da Igreja recebe sua força do Espírito
Santo, porém, por outro lado, requer da nossa parte, nosso testemunho e nosso
estudo compartilhado. Todos deverão se esforçar, pois a vida cristã precisa ser
alimentada pela oração, pela participação nas celebrações comunitárias, pelos
sacramentos, mas também pelo estudo da Bíblia e da teologia. Não basta aquele
pouco que aprendemos quando éramos crianças na catequese. Infelizmente
constata-se que para muitos ficou-se nisto, e assim, sua fé é raquítica, pálida
e sem consistência. Conforme o vento, se inclina para um ou para outro lado.
Confiemos na força do alto, mas coloquemos as mãos à
obra, pois sempre temos muito a fazer para que todos os irmãos e irmãs tenham
condições básicas para pôr em prática aquilo que a fé cristã exige, e que
possam, confiando na salvação oferecida por Jesus Cristo, esperar com toda a
certeza, um dia estar com Ele na Casa do Pai.
Pe. Mário Fernando Glaab.