SERVIDORES
DA EUCARISTIA E DO POVO DE DEUS
Pe. Mário
Fernando Glaab
Não resta a menor dúvida de que a partir das reformas
sugeridas pelo Concílio Vaticano II as comunidades tiveram um enorme
crescimento, tanto na conscientização quanto na distribuição das tarefas entre
os cristãos batizados. Por ocasião dos 50 anos do Concílio, merece atenção a
valiosa contribuição que as inúmeras comunidades de nossas paróquias receberam
com a implantação e o desenvolvimento do ministério da comunhão eucarística.
Hoje é normal que cada comunidade tenha alguns ministros extraordinários da
comunhão eucarística. É deles e para eles que queremos falar um pouco.
Nas comunidades são os presbíteros (padres) os responsáveis
de cuidar para que não falte a ninguém a possibilidade de se alimentar do Pão
Eucarístico; ou então, quando está impossibilitado de buscá-lo na igreja, que
este lhe seja levado em sua casa ou no hospital. Isso é próprio de seu ofício. São
eles também os que devem organizar de tal forma as atividades paroquiais para
que todas as comunidades tenham a celebração da Eucaristia aos domingos e dias
santos. Isso, no entanto, não quer dizer que os padres tenham que se “dobrar em
dois” para atender a todos quando o trabalho é demais para eles. Justamente aí
entra o valioso ministério de homens e mulheres que, são convidados, se
preparam e se dispõem para ajudar os seus pastores no ministério eucarístico.
São e continuam sendo “extraordinários”. Isso quer dizer que prestam ajuda
àqueles que devem exercer o ministério a partir de sua condição de ordenados.
Mas como leigos e leigas, batizados e crismados, colocam generosamente seus
dons e serviços à Eucaristia e ao Povo de Deus.
Aproveitando o espírito de renovação que a Igreja vive
pela passagem do jubileu dos 50 anos do Concílio vaticano II e pela expectativa
criada pelo Papa Francisco, queremos contribuir com algumas sugestões para o
valioso trabalho que os ministros extraordinários da comunhão eucarística
realizam em nossas comunidades. Nunca é demais insistir para que ninguém caia
na tentação de ver o ministério como uma honra ou um reconhecimento pelas suas
qualidades. Ministério é serviço. Aquele que é convidado a prestar um serviço
na comunidade deve aceitá-lo como tal. Jamais fazer dele um trampolim a fim de
se colocar acima ou além dos demais. Ele não é melhor do que os outros, nem
imune dos problemas que acontecem nas famílias e nas comunidades. Deve então:
Em primeiro lugar, estar disponível para ir aos mais necessitados, isto é aos
doentes, idosos, pobres ou excluídos. A Eucaristia é dom total de Cristo, para
que o mundo tenha vida, assim o ministro deve ter a coragem de se doar para que
a vida seja defendida onde ela é mais vulnerável. Bom seria se os ministros
tivessem uma “rede de comunicação” para que imediatamente, quando surge um
necessitado na comunidade, o pároco fosse avisado e, que os ministros fossem ao
seu encontro. Em segundo lugar, por estarem ao serviço dos irmãos que creem na
Eucaristia, também estão ao lado do padre que distribui o Pão da Vida aos fiéis
nas missas. Não são eles que disputam um lugar de destaque junto ao altar, mas
estão aí para ajudar – ir para o meio do povo e lhes oferecer o Alimento
Sagrado. Em terceiro lugar, nas comunidades onde não se tem a missa dominical,
os ministros organizam o culto, conforme o costume de cada diocese. Nesta
importante função os ministros, além de dirigir orações distribuir a
Eucaristia, também podem compartilhar a Palavra de Deus com mensagens adaptadas
à realidade da comunidade. Devem, no entanto, ter o máximo de cuidado para
nunca fazer sermão moralizante. Os fiéis não aceitam sermões desse tipo, nem do
padre; e, muito menos, do ministro. A Palavra fala por si. A tarefa dos
ministros e de outros membros da comunidade consiste em atualizar sua mensagem,
isto é, compartilhar sua riqueza para que todos possam entendê-la. Os
ministros, na intenção de bem exercer seu serviço, devem dar exemplo de fé,
piedade e humildade. Não podem ser altivos ou ciumentos. Os ministros precisam
ter espírito de colaboração entre eles. Quando um ministro quer abraçar tudo,
ter o maior número de doentes assistidos por ele, ser sempre ele que ocupa o
primeiro lugar nos cultos, ou não ajuda quando é outro que preside a
celebração, já perdeu sua identidade de ministro extraordinário, perdeu a
doação no serviço à Eucaristia e ao Povo de Deus.
Resumindo:
1) Os
ministros extraordinários da Eucaristia estão a serviço de Eucaristia e do Povo
de Deus. Por isso devem ser convidados para a doação, como Cristo se doa na
Eucaristia. Para desempenhar bem o seu ministério não podem dispensar a
formação contínua. Essa deve ser buscada na comunidade e também
individualmente.
2) Os
ministros extraordinários da Eucaristia vão à cata dos doentes, de todos os
necessitados; cuidam para que ninguém fique esquecido pela comunidade. Não
dispensam esforços para visitá-los e, se for o caso, lhes levar a Eucaristia em
suas casas ou nos hospitais.
3) Estão
sempre dispostos para ajudar nas missas. Não buscam destaques, mas estão
disponíveis para distribuir o Pão Eucarístico conforme as necessidades e onde
forem designados.
4) Nos
lugares onde não há missa aos domingos, os ministros organizem as celebrações
do culto, onde se compartilha a Palavra e o Sacramento da Eucaristia. Devem ter
o máximo de cuidado para não dar “sermões”, mas somente uma mensagem breve e
bem atual, a partir das leituras do dia.
5) Os
ministros devem ter consciência de que foram chamados para servir na
comunidade, nunca para serem melhores do que ninguém. Por isso, o ministro não
pode ser ciumento para com os demais. Não deve querer abraçar tudo; deve saber
colaborar com todos os demais colegas. A comunhão com o pároco é de extrema
importância.
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