Família
Divina e Família Humana
O
Pai e São José
Na piedade popular surgiu ultimamente grande devoção ao
Pai Celeste, assim como também, já por pouco mais tempo, a busca pelo Espírito
Santo despertou nos movimentos da Igreja, e mesmo fora dela. Deus Filho, na
pessoa de Jesus de Nazaré, sempre foi o centro do cristianismo; e não pode
deixar de sê-lo. Porém, é bom dar uma olhada nestas outras descobertas.
Deus
é Família
Normalmente, quando dizemos algo sobre a Trindade Santa,
usamos a concepção humana de família. Afirmamos que Deus Trindade é Família
porque temos experiência do que vem a ser família a partir daquilo que nós
vivemos concretamente no relacionamento com nossos pais, irmãos, cônjuges,
filhos e parentes. Ao proceder assim, atribuímos à Família divina algo do que é
próprio nosso; mas talvez poderíamos ir por outro caminho.
Na verdade, as nossas famílias são fruto da
“personificação” da Família Divina. É a partir da Trindade que podemos sonhar
com famílias, da forma como Deus as sonhou e quer. Veremos. Por ser Família a
Trindade vem ao encontro da família humana. Tendo preparado tudo, conforme seu
plano de amor, Deus Trino escolhe uma família pobre, humilde, do povo, sem
importância, trabalhadora e piedosa, que muito ama; para lá se manifestar. É a
família humana de Jesus, Maria e José de Nazaré. Nazaré é uma vilazinha
desconhecida da geografia e da história. Nesta família de Nazaré, tão humana
que, com certeza, é manifestação do divino, e em sequência em cada família que
se funda no amor, a família divina se revela.
O
Pai e São José
O Pai do Céu é o Mistério por excelência. É a fonte e o
princípio sem princípio. Como falar dele? Ele não fala, mas envia sua Palavra,
que é o Filho, que o revela.
Na família humana encontramos a expressão desse mistério
fontal na figura de São José. José é alguém adequado ao mistério do Pai. José é
igualmente uma figura misteriosa: ninguém sabe de onde veio nem como viveu e
como morreu. Não falou; apenas sonhou e trabalhou. Era o carpinteiro e o
camponês de seu lugar e de sua época. O sonho é a linguagem própria do mistério
mais profundo. Podemos apenas imaginar um pouco do “sonho” do Pai e do “sonho”
de José. Jesus diz que o seu Pai sempre trabalha (Pai criador providente de
todas as coisas); José trabalha e serve a seu Filho e sua Esposa. É neste pai
terreno que o Pai do Céu quis se personificar.
Assim como o Pai se revela no Filho, pobre, simples e
servo de todos; também São José está a serviço de sua família, a Família de
Nazaré; modelo para todas as famílias pobres, simples e a serviço da vida, e
revela um pouco do mistério do Pai. Ele é o patrono da Igreja doméstica, da
Igreja dos humildes, dos trabalhadores, da grande parte da humanidade e dos
cristãos. Diríamos hoje, é o patrono dos excluídos, dos marginalizados, das
minorias, dos pobres, dos negros, dos índios, das mulheres abandonadas pelos
seus maridos, dos injustiçados, esquecidos e de todos os que clamam por vida e
dignidade.
Jesus de Nazaré “experimentou” o mistério de seu Pai no
dia-a-dia com o pai José. José, por ser o escolhido do Pai e ser o “servo fiel”,
aponta constantemente ao mistério de Deus. Jesus soube ler e interpretar este
mistério em seu pai José, justamente por ele estar pleno do amor do mesmo Deus
e Pai. Em São José, mas igualmente em todos os pais que amam, o Pai divino
continua a estar no seio de nossas famílias. Quem tem um Pai divino tão próximo
como nós temos? Sejamos agradecidos ao Pai celeste e a São José, e sejamos
defensores de nossas famílias. Lá experimentaremos um pouco do que é ser membro
da família de Deus.
Pe. Mário Fernando Glaab