quinta-feira, 1 de novembro de 2018

São José e a Família


Família Divina e Família Humana
O Pai e São José

            Na piedade popular surgiu ultimamente grande devoção ao Pai Celeste, assim como também, já por pouco mais tempo, a busca pelo Espírito Santo despertou nos movimentos da Igreja, e mesmo fora dela. Deus Filho, na pessoa de Jesus de Nazaré, sempre foi o centro do cristianismo; e não pode deixar de sê-lo. Porém, é bom dar uma olhada nestas outras descobertas.

Deus é Família
            Normalmente, quando dizemos algo sobre a Trindade Santa, usamos a concepção humana de família. Afirmamos que Deus Trindade é Família porque temos experiência do que vem a ser família a partir daquilo que nós vivemos concretamente no relacionamento com nossos pais, irmãos, cônjuges, filhos e parentes. Ao proceder assim, atribuímos à Família divina algo do que é próprio nosso; mas talvez poderíamos ir por outro caminho.
            Na verdade, as nossas famílias são fruto da “personificação” da Família Divina. É a partir da Trindade que podemos sonhar com famílias, da forma como Deus as sonhou e quer. Veremos. Por ser Família a Trindade vem ao encontro da família humana. Tendo preparado tudo, conforme seu plano de amor, Deus Trino escolhe uma família pobre, humilde, do povo, sem importância, trabalhadora e piedosa, que muito ama; para lá se manifestar. É a família humana de Jesus, Maria e José de Nazaré. Nazaré é uma vilazinha desconhecida da geografia e da história. Nesta família de Nazaré, tão humana que, com certeza, é manifestação do divino, e em sequência em cada família que se funda no amor, a família divina se revela.

O Pai e São José
            O Pai do Céu é o Mistério por excelência. É a fonte e o princípio sem princípio. Como falar dele? Ele não fala, mas envia sua Palavra, que é o Filho, que o revela.
            Na família humana encontramos a expressão desse mistério fontal na figura de São José. José é alguém adequado ao mistério do Pai. José é igualmente uma figura misteriosa: ninguém sabe de onde veio nem como viveu e como morreu. Não falou; apenas sonhou e trabalhou. Era o carpinteiro e o camponês de seu lugar e de sua época. O sonho é a linguagem própria do mistério mais profundo. Podemos apenas imaginar um pouco do “sonho” do Pai e do “sonho” de José. Jesus diz que o seu Pai sempre trabalha (Pai criador providente de todas as coisas); José trabalha e serve a seu Filho e sua Esposa. É neste pai terreno que o Pai do Céu quis se personificar.
            Assim como o Pai se revela no Filho, pobre, simples e servo de todos; também São José está a serviço de sua família, a Família de Nazaré; modelo para todas as famílias pobres, simples e a serviço da vida, e revela um pouco do mistério do Pai. Ele é o patrono da Igreja doméstica, da Igreja dos humildes, dos trabalhadores, da grande parte da humanidade e dos cristãos. Diríamos hoje, é o patrono dos excluídos, dos marginalizados, das minorias, dos pobres, dos negros, dos índios, das mulheres abandonadas pelos seus maridos, dos injustiçados, esquecidos e de todos os que clamam por vida e dignidade.
            Jesus de Nazaré “experimentou” o mistério de seu Pai no dia-a-dia com o pai José. José, por ser o escolhido do Pai e ser o “servo fiel”, aponta constantemente ao mistério de Deus. Jesus soube ler e interpretar este mistério em seu pai José, justamente por ele estar pleno do amor do mesmo Deus e Pai. Em São José, mas igualmente em todos os pais que amam, o Pai divino continua a estar no seio de nossas famílias. Quem tem um Pai divino tão próximo como nós temos? Sejamos agradecidos ao Pai celeste e a São José, e sejamos defensores de nossas famílias. Lá experimentaremos um pouco do que é ser membro da família de Deus.
Pe. Mário Fernando Glaab

Nenhum comentário:

Postar um comentário