A
MISSA DOMINICAL
Nestes tempos de pandemia, quando, por questões de
cuidado, as igrejas estão fechadas e muitos fiéis estão angustiados por não
poderem participar das missas dominicais, vem-me à mente o caso da mulher que
disse ao pároco: “Mas padre, o senhor não vai exigir que o meu filho que vai
fazer a primeira Eucaristia venha à missa todos os domingos. O domingo é para
nós o dia do descanso. E não vamos permitir que a Igreja perturbe esse nosso
direito!”. Talvez poucos dizem isto, mas muitos pensam assim.
Dia
do Senhor
Infelizmente são muitos que pensam desta forma. As
crianças estão todos os dias na escola, têm atividades esportivas e, no domingo
querem descansar e sair com os pais ou amigos para passear, para se divertir.
Eles têm esse direito, e não sobra mais tempo para a Igreja.
Lembremos que o domingo, como dia livre dos trabalhos, é
primeiramente um presente do cristianismo. Na tradição judaica, conforme a Lei,
era o sábado que devia ser santificado. Para os cristãos, o primeiro dia da
semana, por ser o dia da ressurreição do Senhor e o dia da vinda do Espírito
Santo, tornou-se um dia de festa. Cada domingo é uma “pequena Páscoa”. Já com o
imperador Constantino, em 313, este dia foi declarado como tal para todo o
império romano. Em seguida se estendeu para as outras nações pelo mundo afora.
Porém, para nós cristãos, não se trata apenas do dia em
que não se trabalha ou do dia livre. Não trabalhar, dormir mais e descansar é
muito pouco para caracterizar o domingo. Temos um jeito de descansar com o qual
somos presenteados de paz; que nos renova interiormente, nos dá força interior
e nos revigora. Aos domingos nos reunimos para celebrar a Morte e a
Ressurreição de Cristo; encontramo-nos com Deus na Santa Missa. Em cada
domingo, na missa e no encontro com os irmãos, acolhemos as graças de Deus que
nos renovam. Acolhemos o amor de Deus e nos orientamos para os verdadeiros
valores da vida; rezamos uns pelos outros, com Cristo Jesus em nosso meio.
Celebramos a Vida em todas as suas dimensões, com grande alegria.
Preceito
que liberta
Participar da missa aos domingos continua sendo preceito;
mas, se não deve visto como um peso, e assim, se tornará uma causa de alegria,
uma libertação. Existem, sim, dificuldades, principalmente para crianças e
adolescentes, em certas celebrações, onde não há envolvimento, onde não se
entende o que está acontecendo. As vezes as equipes de liturgia não atuam bem,
ou se fala demais sobre coisas que não são atualização da Palavra de Deus...
Contudo, tudo isso não há de justificar a
não-participação. Cada um, como fiel, pode e deve se sentir responsável para que
tudo funcione bem. Existem oportunidades para se manifestar: são tantas as
reuniões que as paróquias oferecem onde os paroquianos podem falar.
Preceito pode ser algo bom, pois se fizermos somente o
que gostamos seremos escravos de nossos próprios desejos. Isso não convém para
o nosso caráter. O preceito da missa dominical realiza o cristão, e ele se
sente bem quando pode participar da Eucaristia em sua comunidade. Que tal, se
diante das desculpas dos filhos para não irem à missa os pais dissessem: “Até
pode ser, mas você vai conosco, não primeiramente por obrigação, mas por causa
do amor de Deus e da Igreja”? Talvez as coisas tomariam outro rumo.
Motivação
Nós, os fiéis, temos o dever de participar da missa
dominical, para que Jesus Cristo, cuja Morte e Ressurreição celebramos e que
está vivo entre nós, possa tocar os corações humanos. A missa deve ser
atrativa. Isso nem sempre acontece. Então precisamos lembrar que cada missa é
resposta ao “Fazei isto em memória de mim!”. A missa dominical é nosso encontro
sacramental com Jesus. Ao menos uma vez por semana necessitamos desse encontro
mais íntimo. São muitas as maneiras de estar perto de Deus, mas a missa é
única. Quem entende a missa dominical desta forma e se dispõe para este
encontro com Deus, este encontra um verdadeiro descanso para si. O domingo lhe
traz força, renovação e paz interior. Quem não vai à missa perde algo de grande
importância para sua vida.
Portanto, neste tempo de pandemia, que é todo diferente,
em que as pessoas desejam ir à missa, mas por precauções com a saúde pública
não podem, é oportuno fazer uma reflexão mais profunda sobre os verdadeiros
valores que buscamos. O que de fato orienta a nossa vida de cristãos? É Cristo,
a Igreja, a comunidade, o próximo? Os nossos domingos ainda se caracterizam
como o “dia do Senhor”, ou...? Quando terminar o tempo da pandemia (se ainda
estivermos entre os vivos!), como será o nosso domingo? O que podemos fazer
hoje para não nos sentirmos longe da Igreja, das missas e do Cristo que bate à
nossa porta nos necessitados? Aproveitemos este tempo. Certamente será uma
oportunidade para conversão.
Que Maria, a Mãe de Jesus, nos ajude a guardar estas
coisas em nosso coração, meditando sobre elas.
Pe. Mário Fernando Glaab.