PENSAR
COMO JESUS PENSOU
Provavelmente todos já escutamos a linda cantiga do Pe.
Zezinho “Pensar como Jesus pensou”, e gostamos, tanto da música quanto da
letra. Ela já serviu para muitas mensagens, cheias de vida e de exemplos. O
Padre, quando a compôs, certamente estava bem inspirado. Por isso, quero dizer
mais algumas coisas sobre isso:
Como
imaginamos Jesus pensando
O Jesus que nos é anunciado, que nos é ensinado, e, que
normalmente encontramos ao ler os evangelhos, é um homem que sabe muita coisa;
ensina com palavras e com gestos. No final de sua vida terrestre coroa tudo o
que fez e o que disse, dando a sua vida por esta causa, com amor.
A partir disso, nós certamente o imaginamos como uma
pessoa muito sábia, muito atenciosa para com seus semelhantes – principalmente
os mais pobres – e, que sabia contemplar as maravilhas de Deus na natureza e
nos gestos de bondade das pessoas. Fazia o bem a todos; era um verdadeiro
mestre, que levava seus discípulos para o mistério de Deus e de seu Reino. Talvez,
um ou outro o imagina como um pregador exigente ou até ameaçador. Mas a
imaginação não foge muito disso.
Será que não podemos ir um pouco adiante com a nossa
imaginação? Vamos ver. Quando almejamos pensar como Jesus pensou precisamos nos
perguntar, mas afinal, como ele pensou? Qual foi a sua imaginação de Deus e de
sua própria missão? Ele alimentava sua missão de mestre com que conteúdo? Na
verdade, queremos saber qual era sua experiência íntima e pessoal de Deus.
O
Deus de Jesus
Não queremos nos atrever em entrar no mistério de Jesus
com relação a Deus, seu Pai. Procuramos, no entanto, encontrar algum fundamento
nas palavras e nos gestos dele para nos aproximar de suas motivações profundas.
Através de suas parábolas, suas orações e seus gestos,
podemos ter algum acesso à imaginação do próprio Jesus. É possível entrever um
pouco de sua experiência pessoal com Deus. Este material é ensinamento para os
discípulos, mas é também revelação de quem é Jesus, do seu relacionamento com o
Pai. Ele fala e age com autoridade. O que ele experimenta e vive, isso ele
mostra para quem dele se aproxima. “Dei-vos a conhecer tudo o que ouvi de meu
Pai” (Jo 15,15). Jesus pensa o Reino a partir do Pai; pensa o Pai; se pensa no
Pai.
Mais: a linguagem de Jesus é perturbadora e inquietante
para aqueles que se julgavam bons, que levavam vida confortável; porém, a mesma
linguagem trazia conforto para os aflitos e desfavorecidos de seu tempo. Isto,
sem dúvida, é fruto de seu profundo conhecimento de Deus Criador, daquele que
quer que todos tenham vida em abundância, e que não admite que alguns se
acomodem em seu bem-estar. Jesus pensa e vai ao encontro do pobre como Deus
pensa no pobre e vai ao seu encalço.
Então, pensar como Jesus pensou, podemos concluir, é
pensar como o próprio Deus pensa. Não é uma ideia bonita, mas é compromisso.
Compromisso com a vida e, principalmente, com a vida dos mais necessitados.
Quero terminar com uma afirmação de um grande teólogo,
chamado o “Teólogo da Esperança”, que diz: “Deus não é mais compreendido como o
‘Deus acima de nós’ ou ‘nas profundezas do ser’, mas, como ‘Deus antes de nós’,
indo à nossa frente na história, como o ‘Deus da esperança’” (Jürgen Moltmann,
em seu livro O Deus Crucificado, p.
322). Este pode ser o pensamento que Jesus tem se si mesmo, do ‘Deus que vai à
nossa frente’, e que nós devemos descobrir e fazer nosso também.
Pe. Mário Fernando Glaab.
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