sábado, 24 de novembro de 2012

Reflexão natalina

NATAL: JESUS ENTRE OS ÚLTIMOS

Pe. Mário Fernando Glaab

            Cada ano se repete o dia do Natal. Para alguns ele é aguardado, para outros nem tanto. Para os cristãos o Natal tem significado todo especial. É a comemoração na qual fazem memória da presença humana de Deus no mundo e com o mundo, desde que Jesus nasceu até hoje e pelos séculos futuros. Cada cristão, além de reavivar a fé na presença de Deus no mundo, sente-se desafiado a levar essa notícia para todos os que ainda não creem nela. Deve compartilhar o Natal.
            Pergunta-se, no entanto, se o homem de hoje ainda se deixa impressionar pelo discurso tradicional que partia das verdades dogmáticas ensinadas durante muitos séculos, quando a visão do mundo era muito diferente de como é agora. Para o mundo hodierno, onde as pessoas estão envoltas em intermináveis questões de ordem social, moral, religiosa, política, econômica etc., ainda tem sentido dizer que o Deus eterno e todo-poderoso deixou o céu para, em Cristo Jesus, trazer a salvação ao ser humano? Falar isso para quem não conhece Deus, para quem só conhece dor, decepção, vícios, drogas; para quem não experimenta o calor da família, para quem não sente apoio e carinho de uma comunidade; para quem só sabe que no mundo existe roubalheira, exploração, corrupção, traição, injustiça, ou que vê as igrejas se digladiando entre si tentando atrair mais fiéis, prometendo resolver todos os problemas em troca de pesados dízimos, tem algum sentido? Anunciar para meninos de rua, para jovens drogados, para famílias separadas, para idosos abandonados, para pobres sem esperança, que esse Cristo nascido em Belém há dois mil anos expulsou demônios e que ele pode milagrosamente solucionar tudo isso, tem sentido? Mesmo que as igrejas estejam cheias de fiéis, estejam iluminadas e bastante enfeitadas, mesmo que nas casas se destaquem papais-noéis, as músicas soem por todos os lados, a mensagem natalina não será entendida e menos ainda, acolhida por esse mundo que tanto precisa dela. Que fazer?
            A verdade a ser celebrada e anunciada é sempre a mesma: Deus está conosco, está em nosso mundo, junto a todo ser humano. Ele veio para ficar. Ele é o Deus-Conosco: Jesus Cristo, o Salvador e, ele quer atrair todos a si. Tem palavras de salvação para todos, a começar pelos mais necessitados, os pobres de todos os rostos. A questão toda está em atualizar esta verdade para o tempo e o espaço que é o nosso. Levar a mensagem para fora dos templos, para as casas, para as ruas, para as cidades e para os campos, lá onde a maioria das pessoas está. Pouco resolve dizer para quem se encontra em situação de extrema necessidade que Deus o ama e que ele deve ser procurado na igreja no dia do Natal. Isso vira afronta desrespeitosa do miserável!
            A proposta mais viável talvez seja a de seguir os mesmos passos que os evangelhos de Mateus e de Lucas dão ao falar do nascimento e da vida pública de Jesus de Nazaré. Eles não usam altas teologias para falar do mistério, mas, na simplicidade falam do nascimento de um menino que não teve onde nascer; apresentam seus pais na mais na mais conflituosa situação, diante de Deus, da religião e das pessoas; falam da vida desse homem que, quando crescido, soube se colocar em favor da vida dos mais miseráveis, daqueles nos quais ninguém mais confiava, dos rejeitados por Deus e pelos observadores das leis religiosas. E o fez a tal ponto de enfrentar todos os obstáculos que encontrou até as últimas consequências: deu literalmente a sua vida por essa causa. Foi condenado à cruz em meio a esses miseráveis. O fez para que todos tenham vida; entendendo vida em dignidade e em plenitude. Os evangelistas chamam esse sonho-realidade de Reino de Deus.

Proposta atual
            Para que esse anúncio natalino seja atual para o homem e mulher de nossos dias e de nossa sociedade ele precisa de inserção na vida de cada um deles. Descer o anúncio das torres das igrejas, dos mercados, das lojas, das árvores enfeitadas. Os evangelistas fizeram-no em seu tempo, a Igreja ao longo dos séculos tentou fazê-lo, hoje os cristãos também precisam encontrar o jeito. Em paralelo aos relatos bíblicos, hoje se pode chamar a atenção sobre o casal, José e Maria, que em situação irregular não abandona a missão de pai e de mãe, mesmo que o mundo os emplaca de atrasados. José que não deixa sua noiva quando ela aparece grávida – não dele –, aparece com muita atualidade; Maria que aceita a vida em seu seio, mesmo não sabendo onde isso a iria levar, é mais do que atual! Quantas jovens mães solteiras passam por situações semelhantes? Quantos moços, quando ficam sabendo que a moça com quem “ficaram” está grávida, são tentados a sumir? O desprezo que o casal experimenta por ser pobre, a perseguição, o trabalho duro, tudo pode lembrar casos e mais casos bem atuais. Essa história, por ser tão atual, não deve ser contada como do passado, mas anunciada como a realidade presente hoje. É a vida de cada um e de cada uma, por pior que possa parecer. Nessa realidade, nua e crua, é preciso dizer que “Deus está conosco”. O anúncio se torna presença somente lá onde o cristão o pratica. Assim como Jesus, como José e Maria, o cristão deve se tornar anunciador da boa notícia para os “pastores” de hoje. Deve estar lá onde eles estão, compartilhando de suas vidas, compartilhando os seus problemas; ajudando-os a vencer os demônios que os possuem, anunciando-lhes o perdão dos pecados e prometendo-lhes vida nova com muita esperança no Pai que instaura constantemente o seu Reino neste mundo.

Ao mistério de Deus por outro caminho
            Com essa proposta não se nega em nada o mistério de Deus entre nós que se celebra no Natal. Quer-se apenas chegar a ele por outro caminho, pelo caminho dos que ocupam o primeiro lugar no Reino anunciado e vivido por Jesus: pelo caminho dos pobres e abandonados. Ao experimentar com eles e neles um pouco do verdadeiro amor, chega-se, sem dúvida, ao que é central no mistério do Natal e de Jesus, ao Amor infinito de Deus presente no mundo. Se o mundo já não consegue mais entender discursos dogmáticos e abstratos sobre Deus, sobre o seu poder e sobre a moral cristã, ainda pode entender e aceitar a linguagem do amor vivido e compartilhado na verdade e na pureza do coração. Por esse caminho talvez seja possível chegar e levar ao Deus que é Pai, que é Filho e nosso irmão, que é Espírito porque está presente em todos os lugares. Também os que não estão no mundo do consumismo estão nesse caminho. Podemos até dizer que eles são o caminho mais seguro para se chegar ao mistério do Natal.
            Celebremos Jesus que nasce em nossos templos com cantos, orações e muita festa, mas não deixemos de senti-lo e compartilhá-lo junto aos desvalidos da sociedade. É sem dúvida lá que ele renasce com mais intensidade, pois onde está um necessitado, lá ele está entre nós. Caso não o buscarmos e o encontrarmos lá, entre os “pastores” de hoje, os excluídos e espoliados da sociedade, provavelmente também não o encontraremos em nossos templos.
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domingo, 11 de novembro de 2012

Hunsrickischegeschitje

DAS GESPENZT UFF DEM FRIEDHOF

Drowe in Brunkepikot is das mo passiat, dat wo so’n grosse Friedhof, und die Leit hon imme gesaat dat wea so geferlich owends do dorich se laafe: do were Gespenzte wo die Nachtleifa verschrecke un noch springe mache teere. De Gustavpitt, woo oach in de Nee gewont hat, de hot jo doch imme gesaat dat wea blos Licherei, un er het doch kei bisje Bang von de Todde. Saat imme er het Kurasch fa in der Mittenacht beim Friedhof vobei se geen, un ted noch sei Liedje singe, As mocinje da cidóde… Awe de Reinoldhannes, dat woa son schlimme Mann, wen de Jimand was oanstelle wolt, dan horra es aach gemach das es gelunge sollt. De Reinoldhannes soat iwa de Gustavpitt “Pass dich mo uff: beim Friedhoff deff ma net Nachts rum laafe, do sin schreckliche Gespenzta. Ich wollt mo sien wie das du fertich werre teest wen son Biist dich voa die Naas kemt!”, horra gesaat. Das hat dem Gustavpitt alles kei Bang gep. Hot blos gelacht un poque case demit gemach. Do hot de Reinoldhannes sich mo was geplent.
Er wust jo wan de Gustavpitt owends uff de Stross rum gelaaf is un bei dem Friedhof vobei gan is. Een schene Nacht hat de Reinoldhannes fa sei Fraa gesaat das er noore speete hem kemt. Hot mo sei alt Schwiegermodde ihre alt weis Kleit gesucht un is demit zum Friedhof. Hot sich scheen versteckelt hinna de Krewa. Er selbst hat bisje Bang, un jede Tritt uf dem weiche Land hat ihm in de Bei gezittat. Dat woa alles so ruich, er hat blos die Krickelmeisja geheat. Barabaritode, horra so helich fa sich gedenkt, hat sich awe net gewinne geloss. Sei Plon must zu Ende gehn. Mit eens hat er awe net gerechent: de Gustvpitt wo groat uff dem Toach mit sei Gaul in die Poteke gerit un kemt montode.
Wie das so weit woa do hot uff eemol de Reinoldhannes dem Gaul sei trample geheat; um aach gleich die Stimm, wo er so gut gekent hot. De Gustavpitt wo hat am singe, “Eins gin ich am Uffer des Rheins, da fand ich mein Liebche allein…”, das hat geschalt in der Nachtluft. Gans genau wie die Stimm so voam Friedhof wo do is de Gespenztmann raus gehupst un mit dem weisse Rock in de Luft geschwenkt. Hot aach noch debei gekrumt wie en Stie wen er bees un hunrich is. De gute Reita, wie er iwerrascht wo is, hat sofot uffgeheat se singe: een klene Schreck, awe net so schlimm. Hot mo de Gaul am Zohm veschtgehal un mo bisje gedenkt. Un uff eemol! Uff eemol nemt er jo doch de Rabodetatu, wo noch gans nei woa, un reit zum Gespenzt hin. Hot geschreit: “Jetz will ich awe doch mo siin ob en Gespenzt net se haue is”. Dat hot blos noch me so geflatscht. De orme Reinoldhannes is geschtolpet un das weisse Kleit issem runne gefal. Die Beitsch hat geknalt uff seim Buckel. Wie er mea oanhald das de Gustavpitt nolosse sollt, desto mea hat de sei Spass um druf se haue. “More, deskrassade”, horre geschreit, “ich will doch mo sien wea das do drunne steckt”.
De Reinoldhannes must springe bis heem, un solang wie er net de Tea nin gesprung is hot sei Buckel kei Ruu griet. Das Gespenzt woa mo vorot, un die Leit hon sich lechlich gemach. Dem Gustavpitt sei Kurasch is in alle Ecke verbreit geb. Un die Lei thon gesaat man solt de Friedhof net desrespecktiere, awe do were doch kei Gespenzte. Die orme Seele wolte blos Gebete, un tere de Leit nicks Beses mache.
Mário Glaab
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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

MATRIMÔNIO CRISTÃO

“A IGREJA ESTÁ SENDO INJUSTA COMIGO!”

Pe. Mário Fernando Glaab

Introdução

Como sempre, mas em nossos dias cada vez mais, os casais cristãos se deparam com dificuldades nas relações matrimoniais. Os compromissos relacionados com a indissolubilidade do Matrimônio cristão são de fato um peso para a grande maioria. As leis que decorrem da questão indissolubilidade são pouco, conhecidas ou não levadas a sério. Trazem problemas enormes para os casais e para pastoral. Como explicar às pessoas que se frustraram no seu casamento e que, numa segunda tentativa vivem muito melhor do que na primeira, de estarem irregulares diante das leis da Igreja? E, que em consequência disso, não estão em condições legais para receber outros sacramentos, especialmente a Eucaristia? Dizê-lo até que é fácil, mas convencê-los, isso é quase impossível. Eles, geralmente revoltados contra a própria comunidade que os critica, não querem ouvir. Já estão convencidos de que não são piores do que ninguém; ou melhor, ninguém é melhor do que eles. As explicações não penetram em suas cabeças, pois o coração fala mais alto. E, quando simplesmente se apela para as leis da Igreja, retrucam afirmando que se sentem injustiçados por parte dela. "A Igreja está sendo injusta comigo. Será que eu não posso mais viver feliz?" – dizem – "por que os outros que fazem coisas piores do que eu e podem comungar tranquilamente, enquanto eu estou excluído?".



O Sacramento do Matrimônio


O Catecismo da Igreja Católica afirma claramente, como, aliás, a Igreja sempre ensinou, que "o amor dos esposos exige, por sua própria natureza, a unidade e a indissolubilidade de sua comunidade de pessoas que engloba toda a sua vida: ‘De modo que já não são dois, mas uma só carne’ (Mt 19,6)". E continua, "(a comunhão humana) é aprofundada pela vida da fé comum e pela Eucaristia recebida em comum" (1644).
A questão toda está sobre a consciência de que o verdadeiro amor assumido no Matrimônio é indissolúvel. A Igreja, baseada nos ensinamentos do Novo Testamento, sempre apresenta o Matrimônio como sinal (sacramento) do amor entre Cristo e sua Igreja (cf. Ef 5,31-32). E, pela própria maneira de se entender, também antropologicamente o amor responsável, necessariamente se chega à indissolubilidade. O grande teólogo alemão W. Kasper, escrevendo sobre o tema, lembra G. Marcel, que refletindo sobre a natureza do amor humano, conclui que "amar uma pessoa equivale a dizer: você não morrerá". Assim, já que você não vai morrer, o meu amor por você não vai acabar. Ainda mais, falando do vínculo da fidelidade matrimonial, o teólogo afirma que o amor matrimonial dos esposos cristãos "pela sua própria essência, não é um jugo imposto aos cônjuges, privando-os da liberdade, mas a suprema realização da liberdade, um não-poder-ser-já-de-outra-maneira existencial". Isso nos leva a concluir que a própria constituição humana exige um amor indissolúvel. O homem e a mulher são verdadeiramente homem e mulher, quando e somente quando nesta perspectiva, optarem livremente por um amor irreversível.
Tendo presente este ponto de partida, pode-se dizer que a Igreja, na sua doutrina sobre o Matrimônio e, mais ainda, na sua disciplina decorrente da doutrina, leva em conta a seriedade da questão. O Vaticano II, na Constituição Pastoral da Igreja Gaudium et Spes nos deixou a frase pragmática: "Nada de verdadeiramente humano é alheio à Igreja" (n. 1). Por isso é possível ver quando ela confia a seus filhos o tesouro da bênção matrimonial, uma entrega responsável de um compromisso: o testemunho sensível e eficaz do amor fiel e indissolúvel. Como ninguém é obrigado a se casar, a Igreja oferece este compromisso àqueles que livremente se apresentam para o casamento.
Desta forma, os esposos cristãos recebem da Igreja a missão de mostrar ao mundo que o amor de Deus para a humanidade, manifestado em Jesus Cristo, é para sempre. Ela lhes confia esta tarefa. Uma vez que eles a assumem, é dever de justiça como resposta a ela, desempenhar da melhor maneira possível a missão de ser sinal. E quanto mais sinal forem, tanto mais serão eficazes, isto é, tanto mais transmitem o amor de Deus, porque o amor é transmissível. Ele passa para os circunstantes e vai transformando o ambiente ao seu redor. O amor e a fidelidade de Deus se tornam presentes na história graças ao amor e à fidelidade existentes entre os cristãos. Desse modo, a Igreja é o sacramento global de Cristo, como Cristo é o sacramento de Deus. Isso que se afirma da Igreja em sua totalidade, encontra sua condensação e elaboração mais intensivas nos sacramentos concretos. É na vivência concreta dos sacramentos que a Igreja se apresenta e se realiza no mundo. Os casais cristãos se realizam como tais quando vivem o amor indissolúvel assumido no dia de seu casamento.
Olhando sob este ponto de vista, deve-se admitir que a Igreja deposita muita confiança nos casais por ela abençoados por assumirem o Matrimônio cristão. Pode-se dizer que ela os coloca no mundo em seu nome para que, na vida do dia a dia, anunciem a todos que Deus é amor, através de sua maneira de viver o amor responsável e duradouro. A Igreja por eles se faz presente em todas as camadas da sociedade. Cada casal cristão enriquece grandemente a Igreja. Os casais que têm esta consciência sentem-se pequenos diante da missão. Não se cansam de pedir as graças para bem desempenhá-la. Em todos os momentos agradecem os muitos auxílios que a comunidade lhes dá, seja pela certeza de não estarem sozinhos, seja pela formação e pelas orações.


As dificuldades


O Matrimônio deveria ser uma experiência fantástica. Duas pessoas que se amam deveriam jubilar em ouvir dizer que o seu amor não diminuirá: “Forte como a morte é o amor” (Ct 8,6). Ao invés, às vezes elas recebem esta experiência como uma condenação. E, facilmente, com o passar dos anos, por motivos, os mais diversos possíveis, a linda experiência de viver o amor abençoado por Deus e confiado a eles pela Igreja, termina. Sem querer fazer uma apreciação sobre as muitas causas do desaparecimento desse amor, apenas se quer constatar o fato. Em nossos dias, talvez muito mais rápida do que outrora, vem, nestes casos, a separação. As pessoas não suportam viver continuamente com os sofrimentos que isso acarreta. Tudo os leva a dizer não um ao outro e, procurarem outro caminho.
E agora, como fica a questão com relação à Igreja? Deixemos a culpa moral para os moralistas. A lei, por outro lado, é dura. Também os canonistas devem enfrentar o problema com os olhos voltados para uma pastoral mais enraizada nas experiências do dia a dia. O que logo se constata da parte dos cônjuges, agora frustrados, é uma terrível revolta contra o parceiro, contra Deus e contra a comunidade. Muitos, no início, se isolam. Pouco mais adiante, geralmente já com outro companheiro ou outra companheira, voltam ao convívio da comunidade, como se nada tivesse acontecido. Todavia, quando são interpelados por alguém sobre sua real situação legal diante da Igreja, suas atitudes práticas com relação aos sacramentos (Penitência e Eucaristia), aí então o discurso muda. A culpa quase nunca é assumida. Esquece-se a doutrina e igualmente a beleza do Matrimônio. Vê-se apenas a situação complicada em que a pessoa concreta se encontra. A questão do sinal sensível e eficaz desapareceu nas muitas discussões e brigas. E, como afirma um grande conhecedor dos problemas familiares, professor Muraro, "os cristãos que não vivem o amor de modo fiel dão origem, de fato, a uma situação estranha e contraditória, pois por um lado continuam a se declarar fiéis a Cristo, de outro lado rejeitam ou ao menos não vivem o seu ensinamento sobre o amor, e até chegam a institucionalizar esta rejeição com um novo matrimônio. Assim desmentem abertamente com a vida aquilo que afirmam com os lábios, colocando-se no interior da comunidade como negação do amor fiel, e dando origem a um contra-testemunho nos confrontos do mundo para o qual Cristo veio a fim de salvá-lo com o seu amor fiel, paciente e misericordioso".
O mais triste é a ideia de que a Igreja, com as suas leis está sendo injusta com eles. Quantas vezes pessoas em estado irregular criticam, não tanto a Igreja como um todo, mas os hierarcas responsáveis pela comunidade onde elas vivem! Dizem: "Estão sendo injustos comigo!" E continuam – "eu também tenho direito de ser feliz". É verdade. Cada um tem direito de ser feliz. Mas será também verdade que a hierarquia está sendo injusta com eles? Pode até ser, em certo ponto, mas...
Agora volta a questão da grande confiança que a Igreja colocara no casal quando ele se apresentou para o casamento. Quem não está cumprindo o compromisso assumido de testemunhar o amor de Deus em favor da humanidade, sendo um sinal sensível e eficaz? Será que a Igreja não tem muito mais razão em se sentir injustiçada? Mais uma traição de filhos seus nos quais ela depositava tanta confiança.



Conclusão


Com intenção de aprofundar a questão que cada vez mais atormenta as consciências, não tanto dos diretamente envolvidos (que geralmente não possuem consciências formadas), mas dos pastores das comunidades, queremos nos colocar ao lado de todos os que se sentem angustiados. Impedir que afirmações equivocadas apareçam como verdadeiras. Que situações confusas criadas por pessoas que erraram despertem sentimentos de compaixão falsos. E por isso, defender os princípios certos, assim como incentivar a preparação cada vez mais aprimorada para a vida matrimonial. O acompanhamento dos casais, principalmente jovens, por parte de agentes de pastoral experientes, é de suma importância. Muito deve ser feito para que os sacramentos sejam compreendidos não como ritos mágicos, mas o que de fato são. E como são entendidos pela Igreja: Sinais sensíveis e eficazes da graça de Cristo. E, para terminar, quero citar as palavras do grande moralista, Pe. B. Häring: "É decisiva para a pastoral e para a prática matrimonial da Igreja a justa perspectiva sacramental que se tem da ordenação salvífica. Uma compreensão errada ou unilateral, em sentido ritualístico, dos sacramentos, atrofia muitas energias e muitas vezes torna impossíveis as soluções por si racionais".
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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Efeitos do mal

O MAL É DESTRUIDOR
É muito difícil aceitar que alguém queira ser mau porque optou pelo mal, queira prejudicar o outro, queira destruí-lo. Mas, mesmo assim, também nos ambientes familiares e cristãos, existem coisas que nem deveriam ser mencionadas. Infelizmente ciúmes, invejas, fofocas, ganâncias e até agressões envenenam muitas comunidades. Quem foi vítima desses males é quem o pode dizer. São como ervas daninhas que aparecem, crescem e tomam conta se não forem arrancados em tempo. As pessoas, nas quais se instalam, nem percebem como são envolvidas e contaminadas. São vícios, que aos poucos (às vezes rapidamente), dominam suas vítimas. Mesmo não querendo ser mau, cedendo uma, duas, três vezes... quando vê, se é que chega a ver, o sujeito que poderia fazer o bem para sua comunidade, acaba fazendo muito mal, torna-se um destruidor da paz.
            Não costumo colocar textos de outras pessoas em meu blog, contudo, faço uma exceção. Encontrei uma reflexão sobre Maledicências do Pe. Zezinho, que me fez olhar para experiências que passei e me fizeram sofrer bastante, quando a inveja me atingiu e fui terrivelmente caluniado e arrancado de meu trabalho. Achei por bem compartilhar esta página com quem estiver interessado. O Pe. Zezinho sabe traduzir os sentimentos mais profundos do ser humano em pequenos textos muito bem construídos. Ei-lo:
Maledicências
Pe. Zezinho, scj


É fácil falar contra nossos desafetos.
Se sua fama ou posição nos incomoda,
diminuí-los ajuda a derrubá-los e o espaço passa a ser nosso...

É fácil omitir-nos quando deveríamos falar.
Passamos por legais e o erro continua, graças à nossa covardia.
É fácil falar quando deveríamos ter calado.
É fácil lançar suspeitas, fácil falar sem provas.
É fácil tornar-se cúmplice de uma calunia
e acreditar sem exigir provas.

É fácil esquecer o quanto devemos à pessoa
de quem acabamos ou acabaram de falar mal.
Basta que um pouco a mais de mesquinhez.

Por causa de fofocas e maledicências
muitos grupos se desfizeram,
amigos se calaram e sumiram,
benfeitores se cansaram de ajudar,
vizinhos não mais se visitaram,
relacionamentos se desfizeram
até mortes aconteceram.

Por maledicências
famílias se desintegraram,
igrejas se estranharam,
e quem ajudava perdeu a motivação.
Retirou-se na sua dor.

Estava certo São Tiago quando falou sobre a língua:
é um pequeno órgão que se gloria de grandes coisas,
pequeno fósforo que põe fogo numa floresta. (Tiago 3,5)
Se alguém pretende ser religioso refreie sua língua.
É pavio aceso pelo inferno! (Tiago 3,6)
Aquele que controla a língua tem as rédeas da sua alma.

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Mário F. Glaab
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