DEUS NÃO É IMPARCIAL (!)
O famoso teólogo (cristólogo) José Antonio Pagola, ao comentar a parábola do “juiz que não temia a Deus” e da “pobre viúva” de Lc 18,1-8, mostra a preferência de Deus para com os fracos, os pobres e os desvalidos. Dessa constatação ele passa a criticar a preocupação central da Igreja que, segundo ele, é a vida moral e religiosa das pessoas e não, como ensina Jesus, estar do lado do mais necessitado. Deus, por ter coração sabe tomar posição em favor do indefeso, não é imparcial como um juiz que não leva em conta o ser humano que sofre, somente a lei pela lei. Vamos ao texto mais sugestivo:
“A ‘parcialidade’ da justiça de Deus a favor dos fracos é um escândalo para nossos ouvidos burgueses, mas convém recordá-la, porque na sociedade moderna funciona outra ‘parcialidade’ de sinal contrário: a justiça favorece mais o poderoso do que o fraco. Como Deus não iria estar do lado dos que não podem defender-se?
Acreditamo-nos progressistas defendendo teoricamente que ‘todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos’, mas todos nós sabemos que isso é falso. Para desfrutar direitos reais e efetivos é mais importante nascer num país poderoso e rico do que ser pessoa num país pobre.
As democracias modernas preocupam-se com os pobres, mas o centro de sua atenção não é o indefeso, e sim o cidadão em geral. Na Igreja fazem-se esforços para aliviar a sorte dos indigentes, mas o centro de nossas preocupações não é o sofrimento dos últimos, e sim a vida moral e religiosa dos cristãos. É bom que Jesus nos lembre que quem ocupa o coração de Deus são os seres mais desvalidos.” (PAGOLA, J. A. O Caminho Aberto por Jesus, Petrópolis, Vozes, 2012, pp. 296-297).
Aliás, sugerimos a leitura, não só de uma parte do livro de Pagola, mas de todo ele. Mais do que um livro de teologia bíblica é um instrumento importantíssimo para a meditação da misericórdia de Deus revelado por Jesus, conforme o evangelista São Lucas.
Pe. Mário Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com.br
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