sábado, 21 de dezembro de 2013

Mensagem Natalina

NATAL – A NOITE SE ILUMINOU

            Natal é mais que “noite abençoada”. É voltar-se para a criança que vem. Criança que é o Filho de Deus feito humano. Olhar sobre o seu nascimento. Todo o mais dessa festa vive desse olhar ou acaba em ilusão. Natal nos diz: Ele chegou! Ele iluminou a noite. Iluminou a noite de nossas trevas, a noite de nossas incompreensões, a noite do terror de nossos medos e desesperos. Ele a transformou em noite abençoada, em noite santa.
            Irrompeu no mundo e em nossa vida um acontecimento que transformou nossa noite angustiosa e fria em noite santa e abençoada. Pois o Senhor está aqui. O Senhor da criação e de minha vida está aqui. Ele não está mais na “eternidade do infinito”, mas aqui. O Eterno passou a ser tempo, o Filho passou a ser humano. Toda a imensidão do universo de Deus passou a ser carne. O tempo e a vida humana se transformaram, porque Deus mesmo se fez homem. Agora não necessitamos mais procurar no infinito dos céus, lá onde nosso espírito e nosso coração se perdem, pois ele agora está em nosso mundo. Está no nosso mundo onde nem ele tem privilégio algum, mas, como todo ser humano, está sujeito à fome, ao cansaço, à inimizade, à agonia mortal e à morte mais ignominiosa. Que o Deus Infinito, o Deus infinitamente Santo, o Deus da Vida, aceitou a finitude humana, a tristeza mortal da terra e a própria morte é a mais incerta verdade. Mas somente ela – a duvidosa luz da fé – transforma nossas noites e pleno dia, somente ela abençoa toda noite.
            Deus veio. Ele está aqui. Tudo é diferente do que nós o imaginamos. A eternidade entrou no tempo e lhe deu um sentido novo. Agora nós e o mundo podemos estar diante da face desvelada de Deus.
            Quando dizemos que é natal, dizemos que Deus pronunciou sua última Palavra, sua mais profunda e mais bonita Palavra. Sua Palavra se pronunciou na carne, isto é, no mundo dos homens. Ele a pronunciou para dentro do mundo. Ela não a retorna mais, pois Deus a disse definitivamente, quando Ele mesmo entrou no mundo. E essa Palavra se chama: “eu te amo”, você mundo e você ser humano...
            Tudo, a partir do nascimento dessa criança, se transformou. O tempo está envolto em eternidade, que se fez tempo. Todas as lágrimas secaram desde sua própria fonte, pois Deus mesmo chorou com o ser humano e enxugou as lágrimas. Toda esperança está plenificada porque Deus está no mundo dos homens. A noite do mundo já está clara.
            Quando então o nosso coração pronunciar igualmente a palavra sim para a Palavra amorosa do Menino de Nazaré se realiza a noite abençoada - o natal – de verdade. Essa palavra do coração estará plena da santa graça de Deus. E a Palavra de Deus nascerá também em nosso coração. Deus mesmo estabelecerá sua morada em nosso coração, assim como a estabeleceu em Belém.
            A noite se iluminou! Feliz Natal!

Mário Glaab

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Para o Natal

ACONTECEU NO NATAL
            Foi nos dias que antecedem o Natal. O pároco fez questão de visitar todos os doentes de sua paróquia para lhes levar um pouco de conforto e, ao mesmo tempo, preparar-se para a grande comemoração do nascimento de Jesus. Até então ainda não sentira em profundidade a expectativa do “Senhor que vem”. É verdade que a havia buscado na meditação da Palavra de Deus, nas orações, nas mensagens natalinas, na alegria das crianças; mas tudo isso ainda lhe parecia superficial. Seria mesmo mais um Natal que se aproximava? Seria de fato mais uma oportunidade para experimentar que Deus se havia feito um de nós na figura daquela criança de Nazaré? Tudo parecia tão distante.
            Algo marcante aconteceu quando o sacerdote chegou a uma casa simples do interior onde jazia uma senhora idosa, totalmente impossibilitada de se locomover. Humanamente falando, o estado era lastimável. Como já estava bem acostumado com casos assim, foi logo se colocando à disposição para que a senhora confessasse e, para então, após algumas breves orações, lhe administrar o Sacramento da Eucaristia. A mulher, no entanto, não sabia confessar em Português. Um pouco desapontado, o padre a deixou confessar em sua própria língua, ou melhor, na língua de seus pais e avós que vieram da Polônia. Sem entender uma única palavra, depois de alguns instantes, o padre rezou a fórmula da absolvição, traçando um grande sinal da cruz sobre a pobre penitente. Terminado o rito, o sacerdote, para descontrair um pouco, pediu para que a enferma rezasse por ele, uma vez que sua missão não era nada fácil; ainda mais, atender paroquianos que nem sequer sabiam se confessar em Português. A idosa prometeu que iria orar, mas o faria somente em polonês. Continuando a brincadeira, o sacerdote perguntou: “Mas será que Deus entende esta sua língua tão difícil?”. A boa senhora não deixou esperar, e com grande certeza de fé retrucou ao padre: “Deus entende melhor em polonês; isso porque eu rezo em polonês, e ele sempre me entende, pois ele sempre está comigo!”.
            Este foi o testemunho mais convincente de que de fato Deus se fez um de nós, e que ele estava aí, onde estão as pessoas mais simples, mais humildes e mais confiantes, junto àquelas pessoas que, mesmo não podendo fazer grandes coisas, acreditam piamente em sua presença amorosa. Essa foi a experiência mais marcante do pároco naquele Natal. Fez-lhe muito bem, e ele voltou para casa sentindo grande alegria – aquela que os anjos anunciaram aos pastores na noite de Natal. Não havia visto grandes coisas, mas sentiu o mistério do Menino-Deus bem próximo dele. Todos os enfeites, os papais-noéis e as músicas que se escutavam na cidade não o encantaram mais, ouvia, no entanto, lá no fundo de seu ser “ele sempre me entende, pois ele sempre está comigo”.
Pe. Mário Fernando Glaab

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Hunsrick - zu Weihnachte

UFF DE WEIHNACHTE PASSIAT
Dat woa in de letschte Toache voa de Weihnachte. De Pfarra hat sich Mie oan getun fa alle Kranke vun sein Pfarrei se besuche, un va ihne bisje Mut bringe, un aach um de nemlich Zeit sich selwa bisje bereit mache fa die gross Komemoration vun dem Jesus sei Geboatstoach. Bis dan hat ea selwa noch net richtich die Specktativ  vun “Herr wo kommt” gemerckt. Es is jo woa das ea gesucht hat in de Gotteswortmeditation, in de Gebeta, in de Weihnachtsbotschafte, in de Frohheit vun de Kinnacha; awa das Alles woa fa ihn so entfern, hat kei richtiche Geschmack. Sol das werklich nochmol en Weihnachte sin wo an komme is? Werklich nochmol en Gelechenheit fa Gott, de sich eene vun Uns gemach hot in de Figua vun dem Nazarethskind, se sprementiere? Das alles hat doch so weit ausgesien.
            Etwas iberraschendes is passiert wie de Podda in en einfach Haus komm is wo en alt Weib geleh hot, wo gonet me lofe kont. Menschlich gesproch, das wo en schlimme Stand. Awa de Podda woa jo das schon geweht, hot sich gleich fetich gemach dass dat Fromensch beichte tet; un dan, no weniche kotze gebeta, dem kranke Frauche die Komunion se gewe. Die Fro kunt awa net uff brasilionisch beichte. De Priesta, bische vertapt, hotze in erre eigene Sproch, oder in de sproch vun ihre eltre un Grosseltre wo vun Pole komm sin beichte geloss. Ohne en einsiches Wot se vertehn, no po Sekunde horra die Lossprechun gebet, un en gross Kreitzzeiche iwa die Busfrau gemach. Wie dan de Ritus am En wo, wolt dat Poddache, Spass mache, un verlangt dass dat kranke weib viel fa ihm bete solt, weil sei Iwagewung wea gonet leicht; un noch extra, weil ea mist sei Pfarrleid bediene wo jo noch netmol uff brasilionisch beichte kinne. Die Alt hot es aach versproche, awa sie tet es blos uff polakisch bete. De Podda hot weita gespielt, un gefroht: “awa mecht dan de liewe Gott dei schwere Sproch verstehn?” Die gut frau hot net lang watte geloss, un mit grosse Sicherheit un starke Glowe geantwot: “Gott versteht bessa in polakisch weil ich polakisch bete, un er tut mich imme verstehn, weil er imme bei mich is!”
            Das wo awa doch de beste Zeiche dass Gott werklich sich ene von Uns gemach hot, un dass er do wor, wo die einfache Leid sin, die demitische un die wo meh getrau sin, bei derre die, wense aach kei grosse Dinge mache, glowe fest an sei liewe Beisei. Dat wor dat beste Iwalebung fa de Pfarra an dene Weihnachte. Hat ihm gut getun, un er is hem gang mit grosse Freit, die selwiche wo die Engel de Hirte in de Weihnachtsnacht geprung han. De Podda hat net viel Grosses gesihn, hat awa das Geheimniss vun Kindegottes ganz dicht bei sich gespiert. Alle Schmuck, alle Weihnachtsmenna un aach die Musick in de stat honnen net me viel oangekriff; er hert imma noch, in tiefe seine Seele: “er versteht mich imma, weil er is imma bei mich”.
Glaabmário

marioglaab.blogspot.com.br