PÁSCOA
– ESPERANÇA RENOVADA E COMPARTILHADA
Os tempos litúrgicos possuem características próprias
para envolver os fiéis em experiências espirituais sempre novas. Neste sentido,
o tempo pascal proporciona, para quem o vive intensamente, forte renovação da
esperança.
A
Ressurreição do Crucificado
Páscoa é, para os cristãos, a comemoração da ressurreição
de Jesus de Nazaré que foi crucificado. Jesus de Nazaré foi aquele homem que
passou toda a sua vida fazendo o bem a todos, pois tinha consciência de que
recebera esta missão de Deus, seu Pai. Ele se alimentava espiritualmente na
intimidade com o Pai. Passava horas e horas em oração. Na oração encontrava as forças
necessárias para não esmorecer diante dos desafios e das incompreensões. Onde
havia algum pobre, doente, pecador ou excluído, lá o Homem de Nazaré agia,
sempre com a maior caridade possível. Curou a muitos e a todos anunciou que
Deus é Pai cheio de amor e compaixão. Sua misericórdia não tem limites.
Estas palavras e gestos de Jesus perturbaram os ricos, os
poderosos e os que se julgavam os bons. Tramaram a sua morte com a pior de
todas as condenações. A crucifixão era para os criminosos e rebelados,
considerados malditos, tanto que eram executados fora da cidade. Aquele que fez
tudo por amor mereceu esta morte ignominiosa. Foi o preço que Jesus pagou por
levar até o fim sua missão de instaurar o Reino do Amor, da Justiça e da
Fraternidade, o Reino de Deus neste mundo.
Páscoa é, portanto, a vitória do bem sobre o mal: a ressurreição
do Crucificado, daquele que foi condenado por revelar o amor incondicional de
Deus para todas as suas criaturas. A Ressurreição, muito mais do que voltar à
vida passageira, é vida plena; vida definitiva em Deus, que é só amor. Aquele
que só amou, agora está no amor definitivo de Deus. Na ressurreição de Jesus –
o Crucificado – Deus pronunciou a última palavra sobre a missão dele e sobre o
mundo. Deus decretou a vitória do bem e a derrota do mal. O Crucificado vive
definitivamente por ter dado a vida pela causa do bem. Deu a sua vida para que
o ser humano pudesse ter vida, esta é a vontade de Deus. Portanto, no
Ressuscitado Deus já disse o que quer para a humanidade: que todos vivam no
amor para também terem vida em plenitude.
Nossa
Páscoa
Para os cristãos a Páscoa é deixar-se envolver no
mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. É bem mais do que algumas
celebrações nas igrejas. A preparação, os ritos da semana santa e a celebração
da vigília pascal estão aí para atualizar na vida do cristão o mistério de Jesus
Cristo que continua a sua missão de salvar a toda a humanidade. Em outras
palavras, é a renovação da fé, da esperança e da caridade cristãs.
Assim como Jesus de Nazaré foi conscientemente até à cruz
por causa da sua missão, também a cristã e o cristão vão com Ele no caminho da
cruz, vivendo no amor misericordioso, cheio de esperança e de fé. O mundo
coloca muitas cruzes no caminho das pessoas, especialmente das que, como Cristo
Jesus, estão do lado dos mais fracos, dos pobres, dos injustiçados, dos espoliados
e dos pecadores.
A Páscoa, para nós hoje, tem sentido somente se de fato
une à missão de Jesus que continua a salvar o que “está perdido”. O cristão que
não se dispõe a isso, está negando sua identidade – é cristão falso. Mas, por
outro lado, todo aquele que, apesar das fragilidades e pecados, confia em Deus,
se lança na obra do bem, da justiça e do perdão, espera confiantemente na bondade
de Deus que há de pronunciar um dia também sua Palavra definitiva sobre toda a
criação, este se renova na fé, no amor, mas principalmente na esperança.
Assim como o amor assumido por Jesus até as últimas
consequências o levou à morte, também o amor assumido pelo discípulo de Jesus
pode levá-lo à morte; todavia, como Jesus ressuscitou, ressuscitarão com Ele os
que sabem amar. Aliás, o amor tem algo parecido com a morte, pois na morte o
ser humano se entrega totalmente e nada mais pode segurar para si; assim, no
amor a pessoa não reserva nada para si mesma, doa-se confiantemente para o
outro, no qual está o Outro que dirá a sua Palavra Definitiva.
Esperança
compartilhada
Jesus, como dissemos, compartilhou com a humanidade sua
intimidade com Deus, seu Pai. Esta era a sua missão: anunciar a todos que o
Reino de Deus está no meio de nós.
A missão da cristã e do cristão não pode ser diferente.
Isto exige uma profunda convicção de que existe esperança para todo ser humano:
que Deus criou todos para a realização plena em sua comunhão. Que tal, se neste
tempo pascal compartilhássemos esta verdadeira convicção de fé: Deus que nos
cria para a felicidade em comunhão com ele, chama a todos desde sempre, e não
houve desde o começo do mundo um só homem ou uma só mulher que não tenham
nascido amparados, habitados e promovidos por sua ação reveladora e por seu
amor incondicional. Que, portanto, não tenham direito à esperança.
Uma vez que o Crucificado é o Ressuscitado, todos têm
direito à esperança. Isto queremos compartilhar neste tempo pascal. Feliz
Páscoa com a esperança renovada.
Pe. Mário Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com
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