sexta-feira, 7 de abril de 2017

Páscoa - Esperança

PÁSCOA – ESPERANÇA RENOVADA E COMPARTILHADA

            Os tempos litúrgicos possuem características próprias para envolver os fiéis em experiências espirituais sempre novas. Neste sentido, o tempo pascal proporciona, para quem o vive intensamente, forte renovação da esperança.

A Ressurreição do Crucificado
            Páscoa é, para os cristãos, a comemoração da ressurreição de Jesus de Nazaré que foi crucificado. Jesus de Nazaré foi aquele homem que passou toda a sua vida fazendo o bem a todos, pois tinha consciência de que recebera esta missão de Deus, seu Pai. Ele se alimentava espiritualmente na intimidade com o Pai. Passava horas e horas em oração. Na oração encontrava as forças necessárias para não esmorecer diante dos desafios e das incompreensões. Onde havia algum pobre, doente, pecador ou excluído, lá o Homem de Nazaré agia, sempre com a maior caridade possível. Curou a muitos e a todos anunciou que Deus é Pai cheio de amor e compaixão. Sua misericórdia não tem limites.
            Estas palavras e gestos de Jesus perturbaram os ricos, os poderosos e os que se julgavam os bons. Tramaram a sua morte com a pior de todas as condenações. A crucifixão era para os criminosos e rebelados, considerados malditos, tanto que eram executados fora da cidade. Aquele que fez tudo por amor mereceu esta morte ignominiosa. Foi o preço que Jesus pagou por levar até o fim sua missão de instaurar o Reino do Amor, da Justiça e da Fraternidade, o Reino de Deus neste mundo.
            Páscoa é, portanto, a vitória do bem sobre o mal: a ressurreição do Crucificado, daquele que foi condenado por revelar o amor incondicional de Deus para todas as suas criaturas. A Ressurreição, muito mais do que voltar à vida passageira, é vida plena; vida definitiva em Deus, que é só amor. Aquele que só amou, agora está no amor definitivo de Deus. Na ressurreição de Jesus – o Crucificado – Deus pronunciou a última palavra sobre a missão dele e sobre o mundo. Deus decretou a vitória do bem e a derrota do mal. O Crucificado vive definitivamente por ter dado a vida pela causa do bem. Deu a sua vida para que o ser humano pudesse ter vida, esta é a vontade de Deus. Portanto, no Ressuscitado Deus já disse o que quer para a humanidade: que todos vivam no amor para também terem vida em plenitude.

Nossa Páscoa
            Para os cristãos a Páscoa é deixar-se envolver no mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. É bem mais do que algumas celebrações nas igrejas. A preparação, os ritos da semana santa e a celebração da vigília pascal estão aí para atualizar na vida do cristão o mistério de Jesus Cristo que continua a sua missão de salvar a toda a humanidade. Em outras palavras, é a renovação da fé, da esperança e da caridade cristãs.
            Assim como Jesus de Nazaré foi conscientemente até à cruz por causa da sua missão, também a cristã e o cristão vão com Ele no caminho da cruz, vivendo no amor misericordioso, cheio de esperança e de fé. O mundo coloca muitas cruzes no caminho das pessoas, especialmente das que, como Cristo Jesus, estão do lado dos mais fracos, dos pobres, dos injustiçados, dos espoliados e dos pecadores.
            A Páscoa, para nós hoje, tem sentido somente se de fato une à missão de Jesus que continua a salvar o que “está perdido”. O cristão que não se dispõe a isso, está negando sua identidade – é cristão falso. Mas, por outro lado, todo aquele que, apesar das fragilidades e pecados, confia em Deus, se lança na obra do bem, da justiça e do perdão, espera confiantemente na bondade de Deus que há de pronunciar um dia também sua Palavra definitiva sobre toda a criação, este se renova na fé, no amor, mas principalmente na esperança.
            Assim como o amor assumido por Jesus até as últimas consequências o levou à morte, também o amor assumido pelo discípulo de Jesus pode levá-lo à morte; todavia, como Jesus ressuscitou, ressuscitarão com Ele os que sabem amar. Aliás, o amor tem algo parecido com a morte, pois na morte o ser humano se entrega totalmente e nada mais pode segurar para si; assim, no amor a pessoa não reserva nada para si mesma, doa-se confiantemente para o outro, no qual está o Outro que dirá a sua Palavra Definitiva.

Esperança compartilhada
            Jesus, como dissemos, compartilhou com a humanidade sua intimidade com Deus, seu Pai. Esta era a sua missão: anunciar a todos que o Reino de Deus está no meio de nós.
            A missão da cristã e do cristão não pode ser diferente. Isto exige uma profunda convicção de que existe esperança para todo ser humano: que Deus criou todos para a realização plena em sua comunhão. Que tal, se neste tempo pascal compartilhássemos esta verdadeira convicção de fé: Deus que nos cria para a felicidade em comunhão com ele, chama a todos desde sempre, e não houve desde o começo do mundo um só homem ou uma só mulher que não tenham nascido amparados, habitados e promovidos por sua ação reveladora e por seu amor incondicional. Que, portanto, não tenham direito à esperança.
            Uma vez que o Crucificado é o Ressuscitado, todos têm direito à esperança. Isto queremos compartilhar neste tempo pascal. Feliz Páscoa com a esperança renovada.
Pe. Mário Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com


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