ALEGRA-TE,
CHEIA DE GRAÇA
A oração que nós mais dirigimos à Mãe de Deus se inicia
com as palavras: “Alegra-te, cheia de graça; o Senhor é convosco”. Esta oração
nós repetimos muitas vezes em nosso costume de rezar. Ela está baseada nas
palavras do anjo Gabriel quando traz o anúncio a Maria, segundo o evangelista
Lucas (Lc 1,28). Sobre Maria, o texto diz que ficou perturbada, pensando no
significado daquela saudação. Nós queremos com ela refletir sobre o que podemos
entender quando pronunciamos estas palavras.
Alegra-te
Quando se trata dos preparativos e da vinda de Jesus, os
mensageiros sempre falam de alegria. Assim disseram a Zacarias “ficarás alegre
e feliz“ (Lc 1,14), e aos pastores “eu vos anuncio uma grande alegria” (Lc
2,10). É importante notar que desde o princípio o Mensageiro deixa claro para
Maria que se trata de uma “alegria”. Mais tarde, ela canta o seu hino que
mostra a felicidade do seu sim a Deus (Lc 1,46-47). Nós somos convidados a nos
alegrar com Maria, agora no Advento, e sempre quando fazemos esta prece. Sempre
de novo, ao rezar e ao expressar nossa devoção à Mãe de Jesus, nós nos
colocamos diante do Senhor que vem. Ele é o motivo da alegria de Maria, e o há
de sê-lo igualmente para nós.
Cheia
de graça
O Anjo não saúda Maria com o seu nome, mas dirige-se a
ela usando o termo “Agraciada”, ou cheia de graça. A ninguém é dado este título
na Sagrada Escritura, a não ser somente a Maria, “a Serva do Senhor” (Lc 1,38).
Só ela merece ser chamada assim. Eis a razão da alegria que somente ela experimenta.
Mas de onde vem o “agraciada”, e que sentido tem? Deus te agraciou. Este é o
sentido último.
Também Isabel deixa transparecer este sentido ao dizer
que Maria é “Bendita” (Lc 1,42). Deus a abençoou. Pelo Anjo e por Isabel
podemos ver que Deus agraciou e abençoou Maria e, a graça e a bênção são a
identidade dela. Maria agradece e atribui tudo ao Senhor, mas este agiu de
maneira muito particular nela.
Serviço
amoroso por e para Deus
O Novo Testamento fala somente mais uma vez em outra
passagem sobre “agraciados”. Na carta aos Efésios encontra-se: “... para o
louvor de sua graça gloriosa, com que nos agraciou no seu bem-amado” (Ef 1,6).
São João Crisóstomo explica que Deus não nos libertou somente de nossos
pecados, porém também nos tornou capazes para o amor. Deus capacitou e ornou
nossas vidas para o amor serviçal. Nós podemos conformar nossa vontade com a de
Deus.
O que a carta aos Efésios diz se aplica a todos os que em
seu Filho Jesus Cristo Deus escolheu como filhos seus. Todos eles foram, por
pura graça, assim eleitos. Podem viver na graça. Maria é, no entanto, simples e
diretamente saudada pelo Mensageiro de Deus como “a Cheia de Graça”. Ela toma
consciência de que antes de todos os demais, foi ela a assim enriquecida por
Deus para a sua vocação que é única também. Ela é sempre a serva do Senhor e
isto atrai sobre si o olhar amoroso de Deus. Maria atribui tudo a Deus, seu
Salvador.
Nosso louvor a Deus se presta ao reconhecer as maravilhas
realizadas em Maria. A Igreja, em sua longa tradição teológica, nos ensina que
Maria é a Imaculada Conceição; aquela que sempre está sem pecado e totalmente à
disposição do amor de Deus, por ser a Serva.
O
Senhor é convosco
Essa afirmação não é única de Maria, mas é dita a outros
que têm uma missão a desempenhar. Assim a Moisés (Ex 3,12), a Jeremias (Jr
1,8.19), e outros. Mas a saudação do Anjo a Maria é pessoal – diretamente a ela
e em vista dela -, para estabelecer uma relação entre Deus e Maria em vista da
alegria de seu coração.
Ao rezar tantas vezes “cheia de graça”, queremos, nós,
maravilhados e alegres estar conscientes de estar falando desta relação toda
singular entre Deus e sua Serva. Que esta oração e reflexão nos façam um pouco
mais servos, graciosos e alegres. Maria, cheia de graça, rogai por nós!
Pe. Mário Fernando Glaab
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