sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Jesus diante do bem e do mal

                                             O bem e o mal sob o olhar de Jesus

 

            No tempo de Jesus, como aliás em todos os tempos, o mal estava presente na vida das pessoas, e não era preciso fazer esforço para percebê-lo e senti-lo na própria pele. Como Jesus viu e se comportou diante do mal? Ele, que só fez o bem, conseguiu eliminar toda maldade dentre os seus seguidores?

 

Diante do mal

            Não iremos aqui nos preocupar com conceitos filosóficos de mal, mas queremos refletir sobre o mal concreto, experimentado por nós, e que faz sofrer a qualquer um.

Jesus, com atitudes decididas, com ensinamentos e principalmente com sua entrega total na cruz, lutou contra toda e qualquer forma de mal. Ele não ignora o mal e o sofrimento que atingem as pessoas. Muito pelo contrário, vai ao encontro dos que são suas maiores vítimas. Ele mesmo sofre. Sente a maldade em sua própria carne, ao ponto de morrer gritando. Mas não é somente a dor física que ele experimenta, também a dor da rejeição e do desprezo, do abandono. Ele, portanto, conhece muito bem a situação miserável em que a humanidade se encontra.

Jesus não foge desta dura realidade. Não se fecha no seu relacionamento com o Pai, ou se recolhe em um lugar solitário. Quanto mais intimidade experimenta de seu relacionamento com o Pai na oração, tanto mais se conscientiza que sua missão é estar onde está o homem sofredor. Ele, no entanto, não dá explicações filosóficas ou teológicas sobre a presença da precariedade e da miséria no mundo. Sua atitude é outra. Seu jeito de ser e de agir revelam algo novo, que a mentalidade mundana não sabe nem quer saber.

 

Fazendo o bem

            Na verdade, Jesus não enumera situações ideais, sonhos irreais, onde não há maldades. Ele revela que é possível lutar contra as diversas formas de maldades porque existe um Deus que é Pai e que está próximo do ser humano atingido pela miséria. Jesus ensina e mostra com atitudes concretas este cuidado de Deus. Põe as mãos à obra. Ele mesmo faz tudo para que as pessoas sejam libertadas de toda forma de mal; mas também convida a todos que têm boa vontade, para que se juntem ao mesmo trabalho em favor dos necessitados. Confiança no Pai que é bondoso, e luta contra a precariedade, o sofrimento, a dor, o pecado (corrupção) e a morte.

            Os milagres que Jesus fez não resolveram o problema do mal, pois as pessoas continuavam a sofrer suas consequências. Eram, no entanto, sinais da presença do Reino que se instaura com ele e continua seu crescimento em toda pessoa de boa vontade. Mesmo não rompendo o movimento de degradação da maldade no mundo, os milagres colocam o mal em evidência, mais do que o eliminam. Desta forma, Jesus mostrou quanto é necessário lutar contra o mal colocando-se ao lado do caído sob o peso dele. Não adianta querer justificar porque isto ou aquilo aconteceu ao sofredor; o que interessa é ajudar; é compadecer-se, assim como o fez o samaritano junto ao viajante despojado. Os gestos, palavras e milagres mostram justamente isso: Jesus estende as mãos a todos os caídos à beira do caminho.

            Com isso, ele convida todos para que se unam no mesmo projeto de cuidar, assim como o Pai cuida. Jesus é o Revelador deste cuidado do Pai, porém ele compartilha a missão com os que o aceitam. Todos os que se sentem vítimas do mal que está no mundo são convidados a confiar no amor do Pai que cuida de todos, e, a partir desta experiência, ir lá onde estão os irmãos que também são vítimas. Como vítima o seguidor de Jesus, na confiança, olha para o outro que também é vítima; estende-lhe a mão para caminhar em direção de um mundo melhor. Jesus, na verdade, declara feliz, quando fala a todas as vítimas do mal, aquele que não usa sua situação de sofredor, abandonado ou despossuído para duvidar que alguém se preocupe com ele, mas que tem a coragem de se dirigir a Deus como uma vítima, e lhe coloca sua situação e a de seus semelhantes diante de sua face paterna.

            Em toda esta luta contra o mal, a fé cristã nos diz que nem o mal, nem a adversidade têm a última palavra se Jesus ressuscitou, depois de ter enfrentado todo tipo de maldades até o fim.

Pe. Mário Fernando Glaab.

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