sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Een Weinachtsgeschichtje - Hunsrik.

 

WEIHNACHTE IN DE KOLONIE WIE ES FRIA WO.

Wenn die Weihnachte nochmol dicht iss, dann komme eem imme so viel errinerunge von unsere Kindazeit. Mea sem jo schun so alt, awa das Kind iss jo imma noch in uns, un das gebt em, ach heit noch Verlange um Freid. So will ich bisje was mit eich vorteilen von dem was mea fria gemach hon un wie mea uns so gefreit hon wen die Weinachte dicht woa.

Mea honn jo ganz in de Kolonie gewohnt, un wohre oach so ormche. Mea wohre viel Kinna im Haus, awa es woa doch imma scheen; hauptsechlich wenn so grosse Toche wohre wie Weihnachte odda Oschtre.

Mea kunde net grosse Sache mache, awa, honn uns doch so gefreit wenn ma en kleen Geschenkche griet honn. Vielmos woa es blos bische Schokolode odde en Ostreei. Das woa schun en Grund fa sich so se freie dass ma gesun hat. Di Mamma um de Pappa hatte net viel fa fein Esse mache, awa manichmol homma doch em Schweinche geschlacht un Woscht gemach. Dass schun poo Toche voahea. Zwei Toche voa de Weihnachte hat die Mamma Toss gepackt; mea muste das Holz bei schaffe un de Packhofe scheen heis mache. Alsmol hat es net richtich gebrennt, dann honn ma mit samme gegrintz un dischkutiat, awa ma honn es doch hin griet. De letschte Toach voam Heiligeohmt dann hat die Mamma noch Kuche gepackt. Barbaridade! Dea hat so gut geschmeckt. Ma must awa watte bissa richtich kalt woa fa se esse. Die Mamma socht dess heisse Kuche tet Leibweh gewe. Um mea hatte ach vielmols son Panzweh. Das hat alles dezu geheat. Un so voa Ohmt, dan is de Krissboam gemach woa: so em Pinhebemche is uffgeschtellt woa, scheen beschmickt mit Kugelcha, Kette um Ketzcha. Dan woa die Freide gross.

Was oach imma dezu geheat hat woa in die Kerich gehen. Die meascht mol sin die Buwe in die Kristmette gan. Die woa in Mittenacht, und die Kerich woa net dicht. Das hat alles Nicks gemach. De Pappa iss im Toach in die Kerich gang. Die Mamma kund net imma mit, weil sie musst doch die ganz Arweit mache. Wenn awa Mess in de Kapell woa – dichta bei uns – dann is sie oach gang.

Um die Zeit hat keine Televissão un Radio – naja, mea hatte son Radioding wo vielmos blos gerauscht hat – wo mea net so viel geheat hat. De Pappa un di Mamma honn Geschichtcha votseelt vun fria un wie sie die Weihnachte in ihre Familie gefeiat hette. Alsmos honse Weihnachtslieda gesunn. Das woa so scheen! Heit is das jo alles vorbei. Die Junge wisse gonet me wie das Lewe fria woa, un wie die Familie in Friede das Kristkind gewat hot. Sicha is das Jesuskind bessa oangenomm gang in de Einfachkeit wie heit in alle Schmuck un reiche Geschenke.

Frohe Weihnachte, mit dem Gottessege.

Glaabsmário

sábado, 9 de novembro de 2024

Domingo: Dia de festa e de paz.

TRABALHO E REPOUSO

 

            Vivemos em um mundo agitado. Estamos constantemente preocupados em fazer, em produzir e corremos atrás de melhores salários, de lucros e, em possuir mais e mais. Certo. Todos necessitamos trabalhar, colaborando assim com a obra da criação. Sabemos que o trabalho enobrece o trabalhador. Não deve ser visto como castigo, porém como oportunidade de ser útil e digno do sustento de si e dos seus. Claro que existem várias maneiras de trabalhar, e muitas vezes o trabalho se torna algo negativo, isto é, quando se trona um meio de exploração, ou de injustiça.

O Sábado e o Domingo

            A nossa reflexão, no entanto, não pretende focar o trabalho em si, mas o repouso. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura encontramos a afirmação: “No sétimo dia, Deus concluiu toda obra que fizera; no sétimo dia, repousou de toda obra que fizera. E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, por ser o dia e que Deus repousou de toda a obra da criação que fizera” (Gn 2,2-3). Desenvolveu-se então a celebração do sábado como dia de repouso e dia santificado. Na tradição do Antigo Testamento dá-se grande importância ao sábado. Na do Novo Testamento (tradição cristã), apesar de se celebrar a “nova criação” a partir da Ressurreição de Cristo, o domingo, existe conexão com a “primeira criação”. Se o repouso de Deus no sétimo dia é a conclusão e o coroamento da obra criadora, pode-se ver nisso que a criação está em função do sábado. E, se Cristo Ressuscitado volta para o Pai no Primeiro Dia da semana, pode-se olhar para esse evento e ver nele o repouso definitivo que todo caminhante da fé almeja. Jesus morreu na sexta-feira e ressuscitou no primeiro dia da semana, estabelecendo assim o domingo que não termina.

            O que podemos aprender com isto? O teólogo alemão, J. Moltmann (falecido há pouco tempo), diz que “O mundo não é apenas natureza, mas criação de Deus”. Ele nos sugere que todo trabalho, todo esforço humano neste mundo tem um sentido que vai muito além do simples possuir. Na criação de Deus está inscrita a necessidade do repouso. Também o ser humano, em qualquer trabalho que faz, vê, através da natureza, o Deus que o espera no repouso, ou mais ainda, na vida nova em Cristo que ultrapassa tudo o que se possa adquirir pelo esforço do trabalho. Se Deus abençoou este dia, e se Cristo derramou o seu Espírito sobre a Igreja nascente, o humano tem direito, e mais, precisa do descanso dominical, do repouso. Santificar este dia, significa para nós celebrar, fazer festa, estabelecer a paz. É neste dia que se santifica toda atividade realizada, dando-lhe significado que ultrapassa o tempo e entra para a eternidade. Não deixa de ter sua relação com o trabalho realizado, porém leva a uma outra dimensão. Tanto que o domingo, para os cristãos, é justamente chamado “O dia do Senhor”; Senhor do Mundo, da Criação e da História.

Sentido que ultrapassa...

            É extremamente necessário que se recupere o verdadeiro sentido do sábado e do domingo. Há uma conexão profunda entre os dois: repouso do trabalho feito e antecipação da festa definitiva na casa do Pai em união com Jesus Cristo – o Ressuscitado -, na força e no amor do Espírito Santo.

            Que o nosso trabalho não fique apenas como obrigação para ter bens, e que o nosso domingo não seja somente o dia em que não trabalhamos, mas que ambos sejam feitos e celebrados numa dimensão que vai além; e que todos possam participar da santificação que o repouso possui e que a celebração festiva proporciona.

Pe. Mário Fernando Glaab


quinta-feira, 30 de maio de 2024

Fé transformadora


CRER NO CRUCIFICADO

 

            Crer verdadeiramente em Deus exige fé. A Igreja nos ensina que fé é uma virtude teologal que nos vem por graça infusa pelo batismo. Porém, justamente por ser virtude, ela necessita ser cultivada, isto é, precisa da dedicação e esforço do crente. Crer em Deus, portanto, é algo sério, e não é tão fácil. Talvez muitos dizem ser crentes, mas na verdade, o que professam é mera tradição descompromissada.

            Os cristãos, no entanto, não ficam somente na fé em um Deus distante e abstrato; eles creem que este Deus se revelou uno em três pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. Continuam: este Filho é enviado pelo Pai, na força do Espírito Santo, para ser humano, nascendo entre nós, Jesus Cristo. É o mistério da Encarnação do Verbo. Porém não fica nisto somente. Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, viveu, morreu e ressuscitou, para então voltar ao Pai e nos enviar o Espírito Santo. Quero chamar a atenção sobre a morte dele, a sua crucificação.

Crucificado

            Se, como afirmamos acima, crer em Deus já é desafiante e exige correspondência à graça infusa pelo batismo, muito mais desafiante é crer que Jesus, Filho de Deus, aceitou ser crucificado como ímpio, rejeitado como o pior dos humanos. Tudo isso por amor à humanidade perdida no mal. Crer neste mistério é se desfazer de todas as lógicas humanas, é dar um salto no escuro, confiança total no amor de Deus que é infinito e vai além de tudo o que nós podemos imaginar. Um dos grandes teólogos de nossos tempos, no fim de sua obra gigantesca sobre esta verdade de fé, assim diz: “Conhecer Deus significa suportar Deus. Conhecer Deus na cruz de Cristo é um conhecimento crucificante” (J. Moltmann, na obra O Deus Crucificado).

            Provavelmente não estamos em condições de assimilar o que este teólogo afirma, no entanto, vamos refletir um pouco sobre o que podemos entender desta afirmação. Crer é sempre consequente. Pois crer é bem mais do que uma ideia. Penetra todo o ser de quem crê. Quando Moltmann diz que o crente suporta Deus, penso que está ensinando que não é possível professar Deus sem se deixar envolver por Ele. Se Deus existe, quem sou eu? Qual é a ideia de Deus que eu tenho? E assim por diante. Exige uma relação verdadeira que Moltmann expressa com “suportar”; uma vez que é um processo transformador. Quem será o ser humano diante dele? Pobre criatura limitada por sua insignificância. Não dá para se esquivar deste questionamento.

            Porém, muito mais escandaloso ainda será crer que este Deus está na cruz daquele homem condenado pelas autoridades políticas e religiosas como um blasfemo, um fora da lei. O teólogo chama isso de “conhecimento crucificante”. Crer isso, é deixar-se crucificar com ele, por todos os líderes políticos e religiosos, pela mentalidade e lógica do mundo, pela lei também em nossos dias. Não é difícil dizer eu sou cristão e carregar um crucifixo no peito, porém assumir esta condição e tornar verdadeiro o símbolo da cruz, é assaz desafiante. Bem mais tentador será colocar o crucifixo nos altares entre velas e flores, prostrar-se diante dela, do que a ver em nossa vida, a ver na vida dos “ímpios, dos fora da lei, dos desamparados e dos pobres de todas as carências”. Moltmann também chama a atenção sobre isso ao escrever: “O símbolo da cruz remete a Deus, não àquele que está entre dois castiçais sobre um altar, mas ao que foi crucificado entre dois ladrões no Calvário dos perdidos, diante dos portões da cidade”.

            Facilmente nos refugiamos na “desculpa da ressurreição”, justificando que não cremos em um morto, mas em um vivo. Sem dúvida, a nossa fé está baseada na Ressurreição de Jesus, Ele é o Vivente. Todavia, não se pode com isso esquecer que é o Crucificado que ressuscitou. Tanto que o Ressuscitado pede para que os discípulos toquem nele para “experienciar” o mistério e assim serem crentes.

            Portanto, esta certeza de fé, quando cultivada e sempre renovada na prática da vida cristã, transforma profundamente a atitude do fiel diante do Crucificado-Ressuscitado. Ajuda-o a tomar consciência de que, mesmo ao se sentir pecador, pobre criatura, é amado por este Deus que não hesita em estar com ele e lhe oferecer sua misericórdia. Dá ao pecador a confiança de que é agraciado porque é amado e não é amado porque é agraciado.

Que nós saibamos nos sentir amados e perdoados para amar e perdoar a todos, pois Jesus Cristo morreu em uma cruz entre os malfeitores, porém ressuscitou para que todos os “malfeitores” possam experimentar a comunhão com ele.

Pe. Mário Fernando Glaab.