quinta-feira, 10 de março de 2016

Hunsrickisch Spesje

De Besoffne Schwong un de Giltiche Nochba

            Bei uns in de Kolonie hon doch di Leit sich all gut gekent. Jeda wuscht wie die ganz Geschicht abloofe tut bei de Nachbaschafft. Wen mo was bisje komisches voa komm is dan is es jo gleich in dem ganz Pikot vazehlt gebb. So en ganz Wuch is die Gechichte in alle Ecke gesproch gebb. Emol woa doch mo de Schwong in dea Leit erre Quatsch komm. So wor es:
De Schwong wo doch schun bekant bei dem Volk weil er so ohrich tief in das Gloos geguckt hat – so viel Schnaps gesoff hot. Do is dan mo passiert dass de Schwong owents hem komm is un hat de Kaneca voll! De orem Mann hat do gestan voa de Tea mit dem Schlissel in de Hand, hot awe einfach dat Schlisselloch net getroff. Dat hat so gang wie wenn es imma ausreisse wolt. Hin um hea. Do is dan uff emol de Nochba dezu komm. “Na, was is dann, Schwong?” hot de gefrot. “Sol ich dich mol helfe de Schlissel in das Schlisselloch schiewe?” “Nee!” sot de Schwong, “wen’s du mich helfe willscht, hal dan besse mo das Haus fest. Das tut sich doch imme so beweche!”. De Nochba wollt jo blos giltich sem, awa es hat net pariert. Die Leit hon sich lechlich demit gemach.

Glaabmário

segunda-feira, 7 de março de 2016

Deus nos salva não do sofrimento, mas no sofrimento!

JESUS SOFRE CONOSCO

            Viciada pela mentalidade capitalista, grande parte dos cristãos procura um deus que liberta do sofrimento, da dor e da morte. Como cada vez mais se compra o prazer, o poder e o domínio sobre todas as situações, também se busca, através da barganha pecuniária, a solução para o problema do sofrimento humano.
            Sem dúvida, é bom se preocupar com a eliminação dos sofrimentos que atingem as pessoas, tanto físicos como espirituais, psicológicos e de tantas outras maneiras. Mas que não se pode é negociar com Deus, para que ele resolva o que cabe a nós, seres humanos inteligentes e capazes, resolver. Na verdade, Deus, ou Jesus mesmo, não pode nos ajudar naquilo que é próprio nosso. Parece uma afirmação de alguém que não confia no poder de Cristo. Mas é pura verdade.
            Deus, em Jesus Cristo, está sempre com todos nós. Ele não nos abandona nos momentos felizes, como nos momentos de dor e de desespero. Se assim não fosse, ele não seria o “Deus Conosco”. Porém, também para os mais santos e devotos, o sofrimento é nua e crua realidade. Por quê?
            O sofrimento e a dor sempre serão a grande incógnita da vida dos humanos. Nem mesmo a fé cristã nos dá uma resposta como nós gostaríamos; ainda mais, influenciados pelo mundo que tudo quer explicar científica e tecnicamente. No entanto, esta mesma fé responde de outra maneira. Ela desafia mais nossa capacidade limitada e pede confiança total. Confiança não em alguma teoria ou em explicações racionais. Confiança naquele em quem acreditamos.
            Nós, os cristãos, cremos que Deus veio fazer história conosco. Ele se revelou e continua a se revelar. A revelação de Deus tomou forma humana na pessoa de Jesus de Nazaré. Ele veio, em momento histórico e localização geográfica precisos. Teve a sua história concreta. A fez com o seu povo. Mas não ficou restrito àquele momento histórico e àquela região da Palestina. Ele, o Filho do Pai Eterno encarnado na pessoa de Jesus, veio para ficar com todos os seres humanos de todos os tempos e de todos os lugares. Ele entrou na eternidade de Deus pela ressurreição. A história humana está perpassada pela história de Deus. Tudo o que acontece neste mundo, é afirmação ou negação desta verdade. Os acontecimentos que dão vida, favorecem a vida (não só dos humanos, mas também das demais formas de vida no Planeta) e a defendem, são verdadeiras, e sinalizam para a presença de Deus na história; os acontecimentos que matam, destroem ou dificultam a vida, são mentirosos, e negam a presença de Deus na caminhada histórica do mundo.
            O desafio do cristão está em se posicionar a favor da verdade. Isto pode lhe custar imensos sofrimentos, pois o mundo não quer ver a Deus. O mundo se sente perturbado pela presença de Deus. Ele quer se deliciar com a história longe da verdade. Quer viver na mentira, quer se esconder atrás dos próprios erros. O cristão, porém, sabendo que Deus está presente em Jesus que assumiu sobre si as dores e os sofrimentos da humanidade, não se acovarda. Assume a vida na verdade, assim como Jesus confiou verdadeiramente em Deus, ao ponto de lhe entregar o espírito no momento mais drástico da existência: no momento da morte. Assim também o cristão confia, mesmo que a dor, a incompreensão, a injustiça e o mal o fazem sofrer as mais terríveis angústias, até mesmo a morte.
            Resumindo tudo isso, podemos afirmar com o grande teólogo de nossos tempos, A. Queiruga, que “Deus, na história, não nos salva do sofrimento, mas nos salva no sofrimento”. Deus nos salva para a vida plena, como salvou a Jesus de Nazaré, ressuscitando-o. A ressurreição ninguém pode comprar, mas é gratuidade para os que a acolherem. O sofrimento faz parte da caminhada, mas não tem a última palavra. A última Palavra é Cristo Ressuscitado, vencedor do mal e da morte.
Pe. Mário Fernando Glaab

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Jesus rezou, nós rezamos.

REZAR UNS PELOS OUTROS
            Jesus, antes de morrer, segundo o evangelista João, rezou, com intensidade única, ao Pai por si e por todos os que haviam de ouvi-lo e aceitá-lo. Pede ao Pai para que guarde os seus porque também o são dele. A certa altura Jesus se torna insistente, argumenta dizendo que pede por aqueles que lhe foram dados e aos quais fez conhecer o nome do Pai (cf. Jo 17).
            É, sem dúvida, um modelo de oração para qualquer cristão. Contudo, pode-se colocar algumas questões: Se Jesus tem consciência de que a missão que recebeu do Pai é justamente essa: dar a conhecer aos discípulos quem é o Pai; por que se faz necessário que agora ele pede ao mesmo Pai que os guarde? Sendo o Pai, conforme Jesus o apresenta, a fonte do amor e a origem de toda a história, e mais ainda, a última palavra de todos os acontecimentos, como é que se pode pedir que o amor ame? Não é de sua natureza amar sempre e a todos? Será necessário pedir ao Pai que ame (guarde)?
            Alguém vai dizer que nessa oração se revela a intimidade misteriosa entre o Filho e o Pai Eterno. Não se deve duvidar disso. Porém, quando falamos de Jesus, não podemos esquecer que ele é Deus e Homem. Jesus é humano como todos nós, e por isso mesmo ele se sente limitado como todos nós. A divindade de Jesus não faz desaparecer a sua humanidade. Jesus reza como pessoa: é o Deus Humanado. Os sentimentos humanos de Jesus entram no mistério de sua oração e, são aproveitados nos desígnios do Pai.
            A partir da oração de Jesus podemos nos perguntar sobre o verdadeiro conteúdo da oração cristã. O que Jesus faz e pede ao Pai? Analisando bem, podemos perceber que ele traduz em oração o que em outro lugar disse: “o meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar completamente a sua obra” (Jo 4,34). A oração e a ação de Jesus se identificam com a vontade de Deus. E assim pode-se dizer que o único conteúdo de todas as orações que pretendem ser cristãs, isto é, como as de Jesus, é sempre o mesmo: pedir ao Pai que faça exatamente o que ele faz. O conteúdo torna-se resposta comprometedora. Pois o Pai não precisa das nossas orações para atuar, mas nós é que precisamos da oração para podermos aceitar o amor do Pai e fazer sua vontade. Quanto mais Jesus reza, tanto mais está em condições para se doar completamente em sua missão.
            A essa altura cabe a pergunta, mas por que Jesus rezou pelos seus discípulos? Como já afirmamos acima, é a humanidade de Jesus que se dispõe sempre de novo com o Pai em favor dos que lhe foram dados. Ele sempre de novo se coloca em sintonia com o desejo de Deus para que todos sejam salvos. Sua oração é a melhor manifestação de sua disponibilidade para fazer o que o Pai quer dele. Mesmo tendo consciência da incapacidade de atingir muitas pessoas, pois precisa dos amigos para levar adiante sua missão, ele se deixa envolver pelo amor do Pai. Esse amor envolve tudo. Assim, Jesus comprometido, vai até as últimas consequências.
            Rezar uns pelos outros, eis a questão. Tem sentido para nós pobres criaturas, cheios de pecados e ambiguidades, pedir em favor dos outros? Estamos nós em condições para dizer a Deus o que é bom para o nosso semelhante? Quando as perguntas são colocadas dessa forma, com certeza não receberão respostas satisfatórias. Melhor seria formulá-las de outra forma. O amor de Deus acolhido por nós pode-nos transformar a tal ponto de nos comprometer com o bem do outro? Podemos descobrir, pela oração, o que convém, o que é bom, para o próximo? Aí sim, será possível uma resposta afirmativa. O sim que se dá para essa questão automaticamente compromete. Rezar uns pelos outros não se restringe a dizer a Deus o que ele deve fazer para o destinatário de nossa prece; mas, pelo contrário, ao constatarmos as necessidades dos outros, falamos delas para Deus, nosso Pai, e, deixando-nos envolver pelo amor que dele procede, comprometemo-nos em fazer o que está ao nosso alcance para que esse irmão não passe por necessidades, e, a partir da força da oração, o amor nos une em comunhão com a pessoa pela qual rezamos. Mesmo que geograficamente alguém esteja longe da pessoa pela qual quer rezar, a oração une todos em Cristo, pois para o amor não existem barreiras. Viemos e existimos todos da mesma fonte de amor que é próprio coração de Deus, rico em misericórdia.
            Rezemos uns pelos outros, mas rezemos comprometendo-nos uns com os outros; assim como Jesus rezou ao Pai pelos seus discípulos (por todos nós), comprometendo-se com cada um até as últimas consequências, dando a vida por todos nós.
Pe. Mário Fernando Glaab

www.marioglaab.blogspot.com

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Hunsrickische Witztja

ASCHEMITTWOCHSERKLEERUN

            Fria, wie die Lehra um aach di Kinna noch unschulldicha wohre, do hon die Lehra imma sich voagenomm de Kinna Alles richtich se erkleere. Net blos dat was voagesrip woa vun de Schuhlgemeinde, awa aach dat wo ma so wie en gute Krist wisse musst.
Do woa doch dann groat mo Aschemittwoch, un de Lehra wollt mol de Kinna de richtiche Sinn vun dem Staub klar mache; dat woa man so soat: “Gedenke, dass du aus Staub bist, und…” un hot dann mo dodriwa parlamentiat. Uff emol hot er dann mo gefrot: “Lukasje, wann kann ma sich denke dass mea all aus dem Staub vun de Erde komme?” Dat Lukasje hot net lang do driwa noogedenkt, hot mol gleich geantwort: “Ei wenn ma so aus dea Geprentmillieross komme wo ma de ganze Toach geputz hann. Dann wenn ma sich an die Been guckt, dann kann ma das jo verstehen, do is de Stoob so dickt dat die Been ganz schwatz sin – un so bleiwe se noch Toche lang!”
So wor es in annere Zeite. Die Lei hon vielmea mittgemach, awa wohre doch noch viel unschuldicha un aach lusticha. Gute Zeite!
Gloabsmário


RELICHIONSUNNARICHT

            Dea Pastoa in de Relichionsunnaricht hat dem kleine Lisje die Froche gestellt: “Warom hat dea liewe Aufastendeneheiland zu de Maria Madalena geschreit: ‘Rühre mich nicht an’?”. Dat kleine Lisje, wo groat aus dem Bet gekomm is, un noch tormlich woa, hot geantwort: “Ach, weil er doch blos uffgestann woa, un noch getormelt hat”.
Jeder tut vun seine Stelle dei Religiesichesache sien.

Glabsmário

sábado, 5 de dezembro de 2015

O cristão e o mal no mundo.

O SILÊNCIO DE DEUS

            Notícias de violência, injustiça, fome, calúnia, mentira, atentados, corrupções, guerras e mil e uma barbaridades são diariamente veiculadas pelos meios de comunicação. Há quem não liga porque ficou anestesiado. Diz que é assim mesmo. Outro se preocupa, mas também não sabe o que dizer ou fazer. Tem, no entanto, também aquele que se escandaliza e, coloca a culpa até mesmo em Deus! Por que Deus se silencia, por que não intervém? É matéria para uma boa reflexão.
            O Papa Bento XVI ao visitar o campo de concentração também fez a inquietante pergunta: “Onde estava Deus?” Ele deixou a pergunta no ar. Não a respondeu, como que dizendo, “responda cada um, conforme a sua fé e sua convicção religiosa”. Será que o Papa estava com dúvida sobre onde Deus estava quando essas terríveis atrocidades aconteceram? Certamente não.
            Por estes dias, alguém, impressionado com os atentados em Paris, mais uma vez perguntou: “Por que Deus não diz nada? Teria Deus se esquecido da humanidade?” É! Quando a dor, a injustiça e a morte violenta tocam diretamente as pessoas, não é de estranhar que tais interrogações surjam. Mas, a fé cristã, quando é verdadeira e profunda, vai além de tudo isso, e encontra a resposta que não é teórica, porém prática e comprometedora.
            Será que não está mais do que na hora de reavivar a fé e a confiança no Deus presente em nossa história e, no mistério da Encarnação do Verbo? O cristão não se cansa de professar que Deus é Pai Criador, Filho Redentor e Espírito de Amor. No entanto, esta profissão de fé não pode ficar no ar, deve, no entanto, ajudar cada um, e também às comunidades cristãs, a se colocarem na atitude de escuta e de resposta comprometedora. Deus, em Jesus Cristo, não está surdo! Ele fala e age a tal ponto de se fazer carne – carne como a nossa, em nossa carne. Deus fala e age onde fala e age o cristão; ou mesmo onde fala e age qualquer ser humano de boa vontade. Deus coloca tudo ao dispor do ser humano: sua força criadora, sua Palavra, sua graça e sua bênção. Basta acolhê-la e assumi-la.
            Ele, Deus, está sempre onde estão as pessoas, preferencialmente os mais necessitados. Ele está, primeiramente nas vítimas, sofrendo com elas as conseqüências das maldades, apoiando, sustentando e perdoando; porém, fala e age igualmente em todos os que consolam, que ajudam e que lutam contra toda forma de violência, de opressão, de injustiça e de morte. Portanto, afirmar que Deus se cala, ou que Deus não está presente em certas situações limites da vida é, em última instância, negar o Deus anunciado e revelado por Jesus de Nazaré e por tantos homens que não se deixaram vencer pelo mal, mas que, apesar de serem crucificados como ele, confiaram e se tornaram testemunhas verdadeiras.
            Deus, onde estás? Lá onde está o pobre, o necessitado, o injustiçado. Também onde estão as pessoas de bem, aqueles que como Jesus de Nazaré sabem abraçar, abençoar, curar e sofrer juntos. Não sejamos covardes, não joguemos a culpa em Deus; mas tenhamos fé e, façamos a nossa parte. Se no mundo existe muita maldade, o compromisso do cristão, e das pessoas de bem, é maior ainda. Ajudemos a tornar a realidade um pouco melhor, mais parecida com o Reino imaginado e inaugurado por Jesus de Nazaré.

Pe. Mário F. Glaab

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Palavras de um sábio ancião.

Um eticamente desqualificado manda a julgamento uma mulher íntegra e ética

03/12/2015

O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é acusado de graves atos delituosos: de beneficiário do Lava-Jato, de contas não declaradas na Suiça, de mentiras deslavadas como a última numa entrevista coletiva ao declarar que o Deputado André Moura fora levado pelo Chefe da Casa Civil Jacques Wagner a falar com a Presidenta Dilma Rousseff para barganhar a aprovação da CPMF em troca da rejeição da admissibilidade de um processo contra ele no Conselho de Ética. Repetidamente afirmou que a Presidenta em seu pronunciamento mentiu à nação ao afirmar que jamais se submeteria à alguma barganha política.

Quem mentiu não foi a Presidenta, mas o deputado Eduardo Cunha. Seu incondicional aliado, o deputado André Moura, não esteve barganhando com a Presidenta Dilma, como o testemunhou o ministro Jacques Wagner. Vale enfatizar: quem mentiu ao público brasileiro foi Euclides Cunha. Imitando Fernando Pessoa diria: Ele, mentiroso, mente tão perfeitamente que não parece mentira as mentiras que repete sempre.

É mentira que seu julgamento foi estritamente técnico. Pode ser técnico em seu texto, mas é mentiroso em seu contexto. O técnico nunca existe isolado, sem estar ligado a um tempo e a um interesse. É o que nos ensinam os filósofos críticos. Ele deslanchou o processo de impeachment contra a Presidenta exatamente no momento em que, apesar de todas as pressões e chantagens sobre o Conselho de Ética,soube que na votação perderia pois os três representantes do PT acolheriam a aceitação de um processo contra ele, o que poderia, depois, significar a sua condenação.

O que fez, foi um ato de vindita reles de quem perdeu a noção da gravidade e das consequências de seu ato rancoroso.

É vergonhoso que a Câmara seja presidida por uma pessoa sem qualquer vinculação com a verdade e com o que é reto e decente. Manipula, pressiona deputados, cria obstáculos para o Conselho de Ética. Mais vergonhoso ainda é ele, cinicamente, presidir uma sessão na qual se decide a aceitação do impedimento de uma pessoa corretíssima e irreprochável como é a Presidenta Dilma Rousseff.

Se Kant ensinava que a boa vontade é o único valor sem nenhum defeito, porque se tivesse um defeito, a boa vontade não seria boa, então Eduardo Cunha encarna o contrário, a má vontade, como o pior dos vícios porque contamina todos os demais atos, arquitetados para tirar vantagens pessoais ou prejudicar os outros.

Seu ato irresponsável pode lançar a nação em um grave retrocesso, abalando a jovem democracia, que, com vítimas e sangue, foi duramente conquistada. Não podemos aceitar que um delinquente político, destituído de sentido democrático e de apreço ao povo brasileiro, nos imponha mais este sacrifício.

Faço um apelo explícito ao Procurador Geral da República, ao Dr. Rodrigo Janot e a todo o Supremo Tribunal Federal: pesem, sotopesem e considerem as muitas acusações pendentes contra Eduardo Cunha nas áreas da Justiça. Estimo que há suficientes razões para afastá-lo da Presidência da Câmara e que venha a responder judicialmente por seus atos.

A missão desta mais alta instância da República, assim estimo, não se restringe à salvaguarda da constituição e à correta interpretação de seus artigos, mas junto a isso, zelar pela moralidade pública, quando esta, gravemente ferida, pode constituir uma ameaça à ordem democrática e, eventualmente, levar o país a um golpe contra a democracia.

Mais que outros cidadãos, são suas excelências, os principais cuidadores da sanidade da política e da salvaguarda da ordem democrática num Estado de direito, sem a qual mergulharíamos num caos com consequências políticas imprevisíveis. O Brasil clama pela atuação corajosa e decidida de vossas excelências, como ultimamente, tem demostrando exemplarmente.
Leonardo Boff, ex-professor de ética da UERJ

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Importância da formação teológica nas paróquias.

FORMAÇÃO TEOLÓGICO-PASTORAL PARA GESTORES PAROQUIAIS

            Os gestores paroquiais sabem muito bem que na sociedade onde pululam ofertas religiosas por toda parte, num ambiente plural como o nosso, a visibilidade e beleza das igrejas, seus cultos e atendimentos paroquiais simpáticos não podem faltar, pois para competir com tudo isso, eles são essenciais. Isso está claro. Templos, celebrações, equipes litúrgicas, padres e funcionários paroquiais que não atraem pela beleza, pela simpatia pela leveza, não conseguem seu lugar em meio à esfomeada concorrência da oferta do mercado religioso no mundo plural em que vivemos.

Pastoral de conversão
            Porém, só isso é pouco. A preocupação do gestor não pode ficar somente neste aspecto. Ela necessita estar atenta, pois o gestor deve estar em comunhão com todo o andamento pastoral e teológico da Igreja, no mundo, e, principalmente no Brasil. Assim, sua ação estará carregada de conteúdo sólido e, de fato, poderá responder às questões das pessoas de hoje, em seus anseios e incertezas, próprias da turbulência que agita a sociedade hodierna, e também à Igreja nas suas mais diferentes comunidades.
            Para tal, o gestor precisa conhecer os modelos teológico-pastorais que norteiam a ação evangelizadora da Igreja. É de extrema importância, a partir do Documento de Aparecida e, ultimamente, da Encíclica Evangelii Gaudium, para citar apenas dois, que se conceba a Igreja como “Igreja de Igrejas”, ou ainda, a paróquia como “comunidade de comunidades”; pois, o Papa Francisco não se cansa de convocar todos para uma “pastoral de conversão missionária”. Francisco desafia a Igreja, no nosso caso as paróquias com seus primeiros responsáveis, para sair da sacristia e ir para as periferias onde estão as pessoas.
            A pastoral de conversão missionária é um processo – não está terminado. O gestor precisa saber que não possui um “pacote” de verdades a oferecer a quem o procurar. Ele, necessariamente, deve entrar na dinâmica do encontro direto, tanto com Jesus Cristo quanto com o povo, também com aquele que não vem à sacristia ou à missa dominical. Nesse duplo encontro é que se efetua a conversão do agente, e consequentemente, das pessoas que são tocadas “corpo a corpo”, não como massa. Para isso, no entanto, o gestor, além de se utilizar dos meios modernos de comunicação, e além de conhecer suas técnicas; não pode deixar de se aprofundar nos conhecimentos teológicos; assim ter mais teologia que doutrina, mais princípios que dogmas, e ser mais pastor que administrador ou organizador.

Paróquia missionária
            A metodologia que orienta a conversão missionária é a de Jesus e das comunidades cristãs primitivas. Convidam-se as pessoas concretas – os indivíduos – para o discipulado. À medida que o processo mestre-discípulo se concretiza, acontece a organização, a estruturação e a instituição da entidade. Contudo, também o mestre aprende com os discípulos. Conforme as necessidades e questionamentos deles, ele se adapta e se forma. Nas igrejas embrionárias foi assim, e, pelos séculos afora não foi diferente. O perigo está em se fechar no passado, pensando que já se sabe tudo e, que não é preciso crescer e se renovar continuamente.
            Para não se deixar levar pela onda do momento, é igualmente importante salientar que conhecimentos teológicos básicos, fundamentados nos modelos eclesiológicos e pastorais elaborados por mestres experimentados, protegem os valores evangélicos de interpretações ou de doutrinas falsas. O gestor é antes de tudo profeta. Isso por ter formação teológico-pastoral sólida; e por estar inserido na vida, na atividade e na dinâmica transformadora dos paroquianos.
            Administrar com competência uma paróquia e torná-la visível e bela é, sem dúvida, necessário; contudo, colocá-la ao dispor das pessoas para ser instrumento de salvação, de libertação, de misericórdia, de vida plena é mais necessário ainda. Qualquer que seja o gestor paroquial, não deve nunca se furtar de aprofundamentos teológico-pastorais. Além de participar dos encontros de formação em sua comunidade, deve estudar e refletir por conta própria, e fazer a experiência com o povo com o qual convive.

Sugestões:
1-      Deve-se investir para que o conjunto que forma uma paróquia - templo, liturgia, equipes de celebração, cantos, desenvolvimento dos ritos, funcionários, secretários... – seja belo e visível para que os fiéis possam ver e se sintam bem;

2-      Deve-se, no entanto, não ficar somente nesse primeiro aspecto. Os gestores precisam conhecer os fundamentos teológicos e eclesiológicos da Igreja, especialmente da Igreja no Brasil nos tempos atuais;


3-      Os últimos documentos da Igreja convidam à “pastoral de conversão missionária”, isto é, desafiam a todos, mas diretamente os gestores, a fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo e com as pessoas concretas. A partir de Jesus colocar-se no caminho do discipulado com os irmãos, e com eles procurar na Igreja respostas para as perguntas e saída para as angústias que os atormentam;

4-      Os gestores devem ter mais teologia que doutrinas; mais espírito de pastoreio que de administração;


5-      Os gestores, baseados em fundamentos sólidos, nunca “negociam” os valores evangélicos, mas como profetas os apresentam, com novas roupagens ou novas interpretações para a defesa do homem todo e de todos os homens. Esta é a presença da Igreja – da paróquia – no mundo, junto às pessoas – também nas periferias da humanidade.

Pe. Mário Fernando Glaab