quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Reflexão

QUEM NÃO É CONTRA NÓS É A NOSSO FAVOR

Pe. Mário Fernando Glaab
            “Quem não é contra nós é a nosso favor”. Sábias palavras do Divino Mestre. Todos as conhecemos bem. Porém, talvez não as levamos muito a sério, principalmente quando estão em jogo nossos interesses particulares. Jesus as pronunciou quando os discípulos queriam proibir alguém de fazer o bem pelo fato de não andar com eles. Eles pretendiam ser os “donos” do bem. E quem não estivesse com eles não deveria fazê-lo. O Mestre, no entanto, ensina que o bem é infinitamente maior que nossas pobres qualidades, tantas vezes misturadas com fortes pitadas de orgulho e egoísmo. Onde Jesus encontra alguém que sinceramente procura o bem, ele o valoriza e o apoia. Para os discípulos isso foi difícil acatar.
            A tentação de excluir alguém porque ele também procura fazer o bem que nós não realizamos como poderia ser, e, ainda mais, porque pode ofuscar o nosso bem, não é coisa do passado. Hoje, como em todos os tempos, quem busca verdadeiramente o bem pelo bem, incomoda e provoca muita gente. Geralmente são os que se acham os bons, os que mais se perturbam. Querem proibir, impor regras e, em casos mais extremos, excluir totalmente aqueles que não são do seu grupo seleto. Essa atitude é sempre muito prejudicial, tanto para o alvejado quanto para o alvejante. E, até para a harmonia geral das coisas. O bem, que está em constante luta contra o mal, é penalizado.
            Padre Libânio, influente teólogo da Teologia da Libertação, falecido em janeiro passado, sempre dizia que “Nada faz o ser humano ser tão feliz como colaborar no crescimento interior e espiritual das pessoas”; poderia se completar, usando as palavras de Libânio mais amplamente: “Quanto mais as pessoas colaboram entre si, tanto mais se realizam”. E, pelo contrário: “Nada frustra mais o ser humano do que saber que ele não pode colaborar no crescimento e na evolução das pessoas, enfim, na busca do bem comum”. É muito bom saber somar com outras pessoas que, apesar de pensarem ou agirem diferente, buscam igualmente o bem, a paz e a harmonia. Porém, é muito mal se opor a quem quer colaborar, pelo fato de pensar diferente ou agir diferente. Isso não constrói, somente destrói e faz perder.
            O sofrimento, no entanto, é muito grande para aquele que se sente rejeitado. Ele se sente só. Os “bons” se opõem a ele, isso é terrível! Se colaborar no crescimento das pessoas traz felicidade; não poder colaborar com o crescimento das pessoas, das instituições, das igrejas, traz tristeza, e profunda! Uns têm mais força interior para resistir e perseverar teimosamente na busca do ideal do bem, outros, todavia, sentem-se fracos e derrotados.

            É tão bonito quando os seres humanos reconhecem humildemente que não podem melhorar o mundo sozinhos, mas reconhecem que na mútua colaboração podem transportar montanhas. Quando se unem e somam forças para cada vez mais estabelecer justiça, paz e amor. Nunca se deve proibir alguém de fazer o bem. O bem é bom, e não faz mal a ninguém.

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