QUEM
NÃO É CONTRA NÓS É A NOSSO FAVOR
Pe. Mário
Fernando Glaab
“Quem não é contra nós é a nosso favor”. Sábias palavras
do Divino Mestre. Todos as conhecemos bem. Porém, talvez não as levamos muito a
sério, principalmente quando estão em jogo nossos interesses particulares.
Jesus as pronunciou quando os discípulos queriam proibir alguém de fazer o bem
pelo fato de não andar com eles. Eles pretendiam ser os “donos” do bem. E quem
não estivesse com eles não deveria fazê-lo. O Mestre, no entanto, ensina que o
bem é infinitamente maior que nossas pobres qualidades, tantas vezes misturadas
com fortes pitadas de orgulho e egoísmo. Onde Jesus encontra alguém que
sinceramente procura o bem, ele o valoriza e o apoia. Para os discípulos isso
foi difícil acatar.
A tentação de excluir alguém porque ele também procura
fazer o bem que nós não realizamos como poderia ser, e, ainda mais, porque pode
ofuscar o nosso bem, não é coisa do passado. Hoje, como em todos os tempos,
quem busca verdadeiramente o bem pelo bem, incomoda e provoca muita gente.
Geralmente são os que se acham os bons, os que mais se perturbam. Querem
proibir, impor regras e, em casos mais extremos, excluir totalmente aqueles que
não são do seu grupo seleto. Essa atitude é sempre muito prejudicial, tanto
para o alvejado quanto para o alvejante. E, até para a harmonia geral das
coisas. O bem, que está em constante luta contra o mal, é penalizado.
Padre Libânio, influente teólogo da Teologia da
Libertação, falecido em janeiro passado, sempre dizia que “Nada faz o ser
humano ser tão feliz como colaborar no crescimento interior e espiritual das
pessoas”; poderia se completar, usando as palavras de Libânio mais amplamente:
“Quanto mais as pessoas colaboram entre si, tanto mais se realizam”. E, pelo
contrário: “Nada frustra mais o ser humano do que saber que ele não pode
colaborar no crescimento e na evolução das pessoas, enfim, na busca do bem
comum”. É muito bom saber somar com outras pessoas que, apesar de pensarem ou
agirem diferente, buscam igualmente o bem, a paz e a harmonia. Porém, é muito
mal se opor a quem quer colaborar, pelo fato de pensar diferente ou agir
diferente. Isso não constrói, somente destrói e faz perder.
O sofrimento, no entanto, é muito grande para aquele que
se sente rejeitado. Ele se sente só. Os “bons” se opõem a ele, isso é terrível!
Se colaborar no crescimento das pessoas traz felicidade; não poder colaborar
com o crescimento das pessoas, das instituições, das igrejas, traz tristeza, e
profunda! Uns têm mais força interior para resistir e perseverar teimosamente
na busca do ideal do bem, outros, todavia, sentem-se fracos e derrotados.
É tão bonito quando os seres humanos reconhecem
humildemente que não podem melhorar o mundo sozinhos, mas reconhecem que na
mútua colaboração podem transportar montanhas. Quando se unem e somam forças
para cada vez mais estabelecer justiça, paz e amor. Nunca se deve proibir
alguém de fazer o bem. O bem é bom, e não faz mal a ninguém.
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