COMUNIDADE:
PARTILHAR PARA EVANGELIZAR
A comunidade cristã tem consciência que a alma que a une e
os membros entre si é sempre o Espírito do Amor. Ela sabe que foi convocada por
Cristo para constituir o Povo de Deus no mundo onde se encontra, e para tal
conta com a presença sempre renovadora desse Espírito que a consolida.
A partir da consciência de ter origem e fim próprios –
Deus mesmo -, a comunidade cristã experiencia e leva adiante esta convicção de
fé. Em outras palavras: é evangelizada e evangeliza. Sente cada vez mais
alegria em viver da presença de Deus que a sustém e, como não consegue guardar
este tesouro somente para si, faz tudo para compartilhá-lo com o mundo que a
circunda. Dentro dessa visão é que se coloca a partilha na comunidade cristã,
seja ela oferta, dízimo ou qualquer outra forma de colaboração. Não pode
existir entre comunidade e membros relação comercial. Numa comunidade cristã
não tem venda e compra; não existem preços, descontos e promoções que possam
ser aproveitados! Isso vai contra o espírito de gratuidade, pois na comunidade
cristã, o mais pobre vale tanto quanto o mais rico, pois não são os bens que
determinam a importância e a pertença.
Uma comunidade cristã somente existe quando a vida é
compartilhada entre todos. Os bens materiais são necessários, mas eles
partilhados, para que todos tenham vida, e vida em abundância. Partilhar os
bens materiais é sempre um meio para adquirir algo maior, nunca um fim em si.
É
preciso ensinar
Nenhuma comunidade pode subsistir se não busca sua
auto-instrução. Necessita sempre levar aos seus membros possibilidades de se
atualizarem no conhecimento teórico e prático. Verdadeiros mecanismos de
ensino, conforme o tamanho da comunidade, seja ela uma paróquia, somente uma
capela ou comunidade de bairro, devem ser constituídos. Mas para que isso
aconteça, a instituição precisa de sustentação. Donde lhe vem ela? Da
colaboração de seus membros, que livres e generosos doam, ou melhor,
compartilham daquilo que sabem ter recebido de Deus; e que agora colocam como
suporte para que a comunidade possa ser catequizadora.
Os catequistas precisam das mínimas condições para bem
desenvolver seu trabalho. Isso nas comunidades cristãs de nossos dias implica
em ter salas equipadas, material – livros, cartazes, computadores etc. -,
cursos de formação e de atualização, e muito mais. É a dimensão religiosa das
ofertas e dos dízimos dos fiéis para que a comunidade, por meio dos catequistas
possa atender às palavras de Jesus: “Ide e anunciai o Evangelho a todas as
pessoas”.
É
preciso servir
A comunidade cristã, como toda a Igreja, a partir da
experiência do Evangelho, sabe que é preciso servir, não somente aos seus
membros, mas a toda a sociedade. Isso implica em se dispor a trabalhar para que
os valores cristãos sejam sempre apresentados e respeitados entre as pessoas. A
comunidade, no entanto, não pode prestar um verdadeiro serviço à sociedade se
nem ela tem o necessário para seu sustento. Sendo assim, ela necessita ter,
além da boa vontade de seus membros, bens que possam ser usados para socorrer
os mais necessitados, os pobres da sociedade.
A dimensão social do dízimo e das ofertas é justamente
para isso. Não se justifica a comunidade dizer que seus membros também são
pobres e por isso deixar ou excluir as dores e carências dos demais. O dízimo e
as ofertas impulsionarão o trabalho da comunidade. Dão a ela o sabor para ser
sal da terra, não apenas com palavras, mas com ações que aliviem os sofrimentos
das pessoas.
Participação
comunitária no trabalho missionário
Como toda a Igreja, também as comunidades cristãs são
missionárias. Ser responsável por esta dimensão não quer dizer que cada membro
tenha que sair de sua família e de sua comunidade para levar o Evangelho a
outros cantos da terra, mas ajudar no que for preciso para que a Boa Nova de
Cristo seja compartilhada sempre mais. Alguns têm mais jeito para isso, outros
para aquilo. A grande maioria não pode deixar suas atividades para ser
missionária, no sentido estrito, mas pode ajudar com suas orações, seu exemplo
de vida, e ainda, compartilhando seus bens. Aí entra em cheio a oferta na
comunidade e o dízimo. Pois, além de cada cristão se sentir inserido no
trabalho próprio da Igreja de testemunhar e anunciar Cristo e seu Evangelho,
ele dá do que tem para que ações concretas se desenvolvam entre os humanos dos
mais diversos lugares e situações.
Trabalhar pelas missões individualmente pode ser bom, mas
comunitariamente é muito melhor. É na comunidade que o Espírito se deixa
experimentar e se difunde com mais leveza.
Formação
contínua
Como cada indivíduo precisa de formação contínua, também
a comunidade o necessita. O tema sobre as ofertas e o dízimo precisa sempre de
novas abordagens. Quando se acha que está tudo bem, começa-se a regredir.
Partilhar exige esforço contra a tendência inata de guardar egoisticamente. Os
vícios da ganância e do apego só podem ser vencidos com muita reflexão, oração
e exercícios de caridade. Quem não sabe parar para refletir sobre o sentido das
coisas, para agradecer o que tem, e para compartilhar, nunca saberá ofertar
generosamente, nem menos dar o seu dízimo na comunidade.
Basicamente:
1. Qualquer
iniciativa em paróquias, capelas ou comunidades pequenas que tem como
finalidade conscientizar sobre a importância e necessidade das ofertas e
dízimos dos fiéis, deve partir da vivência profunda da fé e da comunhão que une
os membros da mesma. Caso isso ainda não exista, deve-se primeiramente investir
nesta questão; somente num segundo momento se passa para o tema em questão.
2. Parte
dos recursos adquiridos por uma comunidade cristã deve ser revertida para sua
própria formação, assim como dar condições aos novos catequistas e aos
veteranos, para se aprofundar nos conhecimentos de sua fé e de sua missão.
3. A
comunidade deve se sentir desafiada a servir sempre e em todas as
circunstâncias, mas concretamente lá onde se situa. Para que isso seja
possível, os contribuintes devem estar cientes sobre o que será feito com sua oferta
e com o seu dízimo.
4. A
comunidade cristã é missionária, mas isso somente acontece quando todos, cada
um dentro de suas reais possibilidades, sabem disso e se dispõem a colaborar;
uns indo ao “corpo a corpo”, outros contribuindo com seus dons na evangelização.
5. A
formação contínua de uma comunidade depende de avaliações, de reflexões, de
oração, mas principalmente do exercício da caridade, levado a sério, sempre de
novo.
Pe. Mário
Fernando Glaab
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