JESUS
SURPREENDE (4)
Muito interessante: sempre de novo se escuta a Igreja
proclamar o evangelho de Jesus Cristo. Talvez já tão acostumados em ouvir
repetidamente a palavra “evangelho”, ela nem nos chama mais a atenção. Porém,
evangelho quer dizer “boa-nova”, uma notícia boa. Portanto, quando na liturgia,
a Igreja assim se pronuncia ela está anunciando mais uma vez uma boa notícia de
Jesus de Nazaré, que acreditamos ser o Cristo – Filho do Deus Vivo -, como
professou Simão Pedro. Essa é a surpresa que sempre se renova. Contudo, na
grande Surpresa, que é o próprio Jesus, encontramos inúmeras surpresas, que
como graças momentâneas, nos enriquecem grandemente.
Jesus
não é justo!
Quem se deixou surpreender pela pessoa e pela ação de
Jesus vai formando aos poucos um conceito amplo dele. Vai descobrindo sempre
mais qualidades nos feitos e nas atitudes do Pregador da Palestina. Todavia,
algumas palavras ou feitos podem surpreender diferentemente, até confundir.
Quem está atento, de repente pode se deparar com parábolas que mostram Jesus
ensinando coisas não justas! Será possível?
Sim. Conforme as justiças dos homens têm direitos aqueles
que são os primeiros, os que mais trabalham, os que são melhores, enfim... Jesus,
porém, nas suas parábolas, coloca os últimos como primeiros; os primeiros como
os últimos; os maus como os reconciliados; os bons como os não justificados.
Chama as multidões de miseráveis de toda sorte de “benditos de meu Pai”. Isso
não pode ser justo! O nosso mundo, com suas leis e seus julgamentos já deu a
sentença a esses miseráveis: são os “marginais”, os “vagabundos”, os
“viciados”, os “bandidos”, os “ignorantes”, os “sem lei quem tiram o brilho das
cidades maravilhosas”.
Não dá para não se surpreender, pois Jesus revela que a
Justiça de Deus é diversa da justiça dos homens. E, que seus discípulos
necessitam descobrir esta Justiça; conhecê-la, vivê-la e, assim ir
transformando o mundo para que o reino de Deus se torne realidade em todos e
para todos.
As
leis são boas
Na verdade Jesus não ensina a desobedecer às leis, ele
vai além das leis. As leis existem para ajudar no discernimento do que é bom e
no que é mau. As leis devem ser observadas por todos, ainda mais por quem
descobriu em Jesus o “Servo Obediente” em tudo. Todavia, não adianta observar
as leis por observá-las. É necessário que se descubra o espírito da lei. Jesus
que sempre estava sob a ação do Espírito de Deus, observava a lei no seu
sentido mais profundo. Toda e qualquer lei é para garantir o bem das pessoas.
Quando estão em jogo as pessoas, verdadeiros sujeitos de relação, tudo deve
concorrer para que sejam protegidas, que sejam perdoadas e que possam viver; a
começar por aqueles que mais precisam. Aí o critério não é o de quem mais fez,
mas o de quem é mais carente. O que interessa não é o que o indivíduo tem, mas
o que ele é.
Certamente, desta surpresa de Jesus temos muito que
aprender. Não é fácil dar o lugar para o outro, e é bem mais difícil
recompensar ao que não nos fez nada de bom. Mas é por aí que anda Jesus e a sua
Boa Notícia. Seus amigos são convidados a se deixarem surpreender e, por sua
vez, surpreenderem o mundo que possui tantas leis justas, mesmo que assim se
torne “sinal de contradição”.
Quais são os critérios de justiça que nos orientam? Como
nos sentimos diante da Justiça de Deus, ensinada por Jesus de Nazaré? Pensemos.
Pe. Mário Fernando Glaab
WWW.marioglaab.blogspot.com
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