sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Hunsrikisch Spessje

DER KLUGE PODDA UM DAT FROMME LISJE

            In unsa alte Kolonie hot doch fria dat Lisje gewoht. Dat Fraache wo doch iwerol bekandt weil sie so ohrich fromm gebet hot. In die Kolonie is awa doch imme de Podda Franziskus kum; dea wo en gute Podda; hot awa gen Spessja gemach. Wie ea das se wisse griet hot das dat Lisje so fromm bete kint is er sie mol besuche gan. “Gumoin, Lisje”, sorra. “Wie geht es mit dem Bete? Tut dea fa uns all bete, odde nore fa sich selbst?” Dat Lisje woa gans iwarumpelt mit dem Besuch, un aach mit de Froge, hot en bisje gedenkt, un geantwot: “Gumoin, Herr Podda. Mich geht es gut, un ich tun aach fa die ganse Leit bete, aach fa de Podda. Ich wees jo net epp das gilt weil ich kan jo net die scheene Gebeta mache wo die annere Leit mache, weil ich kann jo net leese. Aach so bete wie de Podda, das kann ich iwahaupt net. De Podda kann bete das ma jo konicks versteht, blos de Liewe Gott versteht jo das” (dat Lisje hot am Latein gedenkt). Do wolt de Podda en Spesje mache. Soot zum Lisje: “Ja, awa zum bete brauch ma jo gonet viel ze soon, noore gute Wille han. Dat wo in Gebetbuch steht, dat muss ma enfach sich se denke, de Liewe Gott weiss jo was ma will. Noore mo andlich gebet, Lisje”.
Naja, im nechste Monat woa de Podda nochmal in de Kolonie, is in die Kerich kum un hot das Lisje in de Bank knie gesien. Es hot so fromm gebet das ma gemeent hat des de Himmel uf de Erde wer. Hot mo uffgepast un gesiehn dat das Lisje so gepischpat hat un mit dem Gebetbuch in de Henn geschwitz hat. No en halb Stun horra dan mo zum Lisje gesaat: “Lisje, du hascht doch so scheen un fromm gebet; sog doch mol, wie hast du das gemach, du kannst jo doch net leese?” Do hat das Lisje awa mo fix geantwot: “Awa Podda, du host doch in dem voriche Monat gesaat ma mist blos gute Wille han, de Liewe Gott tet alles verstehn. Ich hon mei Gebetbuch gepletat un fa jede Ploot gesocht: ‘Liewe Herrgott, du weest jo was do steht, ich weiss es net, awa ich meene das selwige’. Meins du dass das net gegilt hat?” Dem Podda is es gans kalt um de Nawel woa, hot werklich konstatiert dass das Lisje fromm woa un das er noch lache must.
Gute Zeite wo die Leit noch unschuldiche woore un aach noch froha!
Gloabsmário
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Surpresa: Jesus não é moderado!

JESUS NÃO É MODERADO – OUTRA SURPRESA! (6)

            Jesus, justamente por ser mestre, tem algo diferente. Ele surpreende sempre de novo a qualquer um que dele se aproxima sem preconceitos. Já vimos que ele não tem boa memória, pois ao perdoar os pecadores, esquece-se de seus pecados; não é um bom administrador, pois ele paga o mesmo salário a quem trabalha uma hora e a quem sua o dia inteiro; ele não sabe atrair discípulos, uma vez que não esconde que o convertido precisa negar-se a si mesmo e carregar a sua cruz; não é justo, já que coloca os primeiros da fila nos últimos bancos e os últimos nos primeiros bancos; também não tem dó das pessoas humilhadas, pois manda o esbofeteado na face direita oferecer a face esquerda ao agressor; agora veremos que também não tem moderação, uma vez que é exagerado no cuidado para com os perdidos, esquecendo dos que estão bem.

Moderação
            A moderação sempre é vista como prudência, e é a virtude do meio termo. Já os antigos filósofos diziam que a virtude está no equilíbrio, no evitar exageros. Não ir para um nem para outro lado é ser sábio. O moderado controla racionalmente seus instintos, canalizando-os para o que é correto, não deixando que eles se extravasem. O moderado vive na segurança.
            Por outro lado, existem pessoas que não conseguem manter o equilíbrio, uma vez que existem nelas forças mais fortes que as levam a enveredar por caminhos de exagerados procedimentos. Quando essas forças são negativas, pode-se falar da concupiscência que leva ao vício; quando, no entanto, elas são positivas, não necessariamente levam à virtude. Existem pessoas entusiastas, mas não entusiasmadas. Uma qualidade boa procurada ou vivida exageradamente pode prejudicar outras qualidades, e assim, se torna igualmente vício.

Jesus, cheio do amor de Deus
            O que então queremos dizer ao afirmar que Jesus não é moderado? Ele deixa 99 ovelhas sozinhas para procurar uma única que se perdera!
            É este um exagero? Sem dúvida. Contudo, a surpresa maior não consiste em perceber que Jesus deixa as 99 nove ovelhas que estão bem, mas em ter coragem e ânimo para ir ao encalço da única perdida. Não se pode, nesse caso, falar de vício ou de apego ganancioso a algum bem ao ponto de se desesperar por perdê-lo, mas é preciso descobrir os sentimentos mais nobres que impulsionam tal procedimento. Ninguém, em sã consciência, mesmo que fosse ganancioso no mais alto grau, correria o risco de se lançar em um empreendimento desses. Jesus o faz. Com toda certeza, não porque é tolo, mas por ter um fogo interno que o leva a cuidar de todos; ele não se tranqüiliza enquanto não estiverem todos abrigados, pois é o verdadeiro Bom Pastor. Este fogo interno se chama entusiasmo, que não é outra coisa, a não ser amor. Amor, por sua vez, é a força ou presença do Espírito Santo de Deus. Ele que abraça todas as criaturas, e que não deixa nenhuma no esquecimento.

Todos são amados
            As 99 ovelhas do aprisco não estão abandonadas, de forma alguma; mas é inconcebível que uma fique excluída do amor de Deus. Deus, em Jesus, que age na força do Espírito Santo, vai procurar a mais pobre, a mais abandonada de suas criaturas. Este é o sinal mais convincente da presença do Reino de Deus neste mundo. E, pode-se dizer, sem medo de errar, que enquanto existir uma única pessoa excluída da comunhão universal, e até mesmo, uma única criatura excluída – seja ela o que for –, o Reino de Justiça e de Paz ainda não se realizou completamente.
            Se Jesus surpreende com a sua falta de moderação, talvez esteja desafiando a nós para que deixemos as nossas seguranças e tenhamos mais coragem para nos lançar livres e confiantes na graça e no amor de Deus, buscando os desvalidos dessa terra. Viver tranquilos, acomodados e seguros enquanto tantos não têm onde se abrigar, onde se alimentar, onde encontrar aconchego, carinho e amor, é no mínimo, anticristão. Sejamos exagerados no amor ao próximo e à natureza e, estaremos no caminho do Mestre de Nazaré.
Pe. Mário Fernando Glaab

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terça-feira, 4 de agosto de 2015

"Jesus não tem dó!"

SURPRESAS EM JESUS – “NÃO TEM DÓ DAS PESSOAS!”
            Parece estranho, até mesmo uma acusação descabida, e, de fato é; mas entre as tantas reações que a pessoa e as atitudes de Jesus causam em nós, surpreende-nos quando ele, “sem dó”, aconselha: “A quem te bater numa face, oferece a outra; a quem te tomar o manto, deixa-lhe também a túnica. Dá a quem te pedir; a quem tomar o que é teu, não o reclames de volta” (Lc 6,29-30). Jesus não tem dó das pessoas humilhadas: ele manda o esbofeteado na face direita oferecer a face esquerda ao agressor! Pode? Onde está a dignidade do humilhado!
Novidade do Reino
            Faz parte da novidade do Reino. Todos sabemos que um mundo sem justiça não pode ser um lugar de paz e de harmonia. Jesus o sabe muito bem e não aceita, de forma alguma, os que praticam o mal e assim prejudicam os pequenos, mas lhes propõem conversão. A surpresa está em ter dó não somente do agredido, mas igualmente do agressor. Talvez mais deste último que do primeiro. Isto porque ele é o que de fato mais necessita, não somente de um sentimento de dó, mas de misericórdia que o liberte do egoísmo que o faz violento e injusto.
             O que Jesus propõe é o que ele próprio faz; aliás, é o mestre ensinando seus discípulos. Ele é o rosto da misericórdia do Pai que faz o seu sol iluminar os bons e os maus sem discriminação. A proposta de Jesus é de que os agressores sejam vencidos pelo bem que perdoa sem restrições. Que eles possam experimentar a misericórdia de Deus que é eterna. Jesus se doa totalmente. Os discípulos de Jesus têm a missão de testemunhar essa mesma misericórdia, pois antes já a encontraram nas palavras e nos atos de Jesus. E, sempre estão renovando a experiência de sua misericórdia.
            Do ponto de vista dos discípulos, a verdadeira surpresa consiste em que Deus em Jesus de Nazaré não somente fala de justiça na lógica humana, mas a supera em muito: ele os prepara para a justiça divina. A justiça do pai que sempre está à espera do filho que saiu de casa.
A misericórdia envolve os discípulos
            Perdoar não é fácil. O perdão, conforme Jesus o propõe, não é um ato de justiça, pois nunca se pode exigi-lo de ninguém como um dever social. O perdão de Jesus supera as leis sociais de justiça. Aliás, juridicamente o perdão não existe. Na verdade, o código penal ignora o verbo “perdoar”. Mas, segundo Jesus, é do amor gratuito que o gesto surpreendente e muitas vezes heróico do perdão nasce.
            Se também com essas palavras Jesus nos surpreende, tenhamos a coragem de nos aproximar do mistério da misericórdia do próprio Deus, pois se não se conhece a experiência de ser perdoado por Deus, nunca saberemos perdoar e fazer o bem aos que nos fazem o mal. Dom Helder Câmara sabiamente lembra aos que desejam se aproximar do mistério da misericórdia de Deus: “Para libertar-te de ti mesmo, lança uma ponte para o outro lado do abismo que teu egoísmo criou. Procura ver para além de ti mesmo. Procura escutar algum outro e, sobretudo, procura esforçar-te para amar a outros em vez de amar somente a ti”. E o Papa Francisco, na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia Misericordiae Vultus, ao falar dos verdadeiros filhos do Pai de misericórdia, lembra que perdoar nos parece difícil! “E, no entanto, o perdão é instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz” (9).
Igreja misericordiosa
            Se Deus em Jesus nos surpreende ao não se limitar em afirmar o seu amor, mas em torná-lo visível e palpável, também nós precisamos ir mais além a fim de alcançar uma meta mais alta e significativa: enchermo-nos da misericórdia de Deus. E, para terminar, mais uma citação do Papa Francisco: “A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos -, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia” (12).

Pe. Mário Fernando Glaab