sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Surpresa: Jesus não é moderado!

JESUS NÃO É MODERADO – OUTRA SURPRESA! (6)

            Jesus, justamente por ser mestre, tem algo diferente. Ele surpreende sempre de novo a qualquer um que dele se aproxima sem preconceitos. Já vimos que ele não tem boa memória, pois ao perdoar os pecadores, esquece-se de seus pecados; não é um bom administrador, pois ele paga o mesmo salário a quem trabalha uma hora e a quem sua o dia inteiro; ele não sabe atrair discípulos, uma vez que não esconde que o convertido precisa negar-se a si mesmo e carregar a sua cruz; não é justo, já que coloca os primeiros da fila nos últimos bancos e os últimos nos primeiros bancos; também não tem dó das pessoas humilhadas, pois manda o esbofeteado na face direita oferecer a face esquerda ao agressor; agora veremos que também não tem moderação, uma vez que é exagerado no cuidado para com os perdidos, esquecendo dos que estão bem.

Moderação
            A moderação sempre é vista como prudência, e é a virtude do meio termo. Já os antigos filósofos diziam que a virtude está no equilíbrio, no evitar exageros. Não ir para um nem para outro lado é ser sábio. O moderado controla racionalmente seus instintos, canalizando-os para o que é correto, não deixando que eles se extravasem. O moderado vive na segurança.
            Por outro lado, existem pessoas que não conseguem manter o equilíbrio, uma vez que existem nelas forças mais fortes que as levam a enveredar por caminhos de exagerados procedimentos. Quando essas forças são negativas, pode-se falar da concupiscência que leva ao vício; quando, no entanto, elas são positivas, não necessariamente levam à virtude. Existem pessoas entusiastas, mas não entusiasmadas. Uma qualidade boa procurada ou vivida exageradamente pode prejudicar outras qualidades, e assim, se torna igualmente vício.

Jesus, cheio do amor de Deus
            O que então queremos dizer ao afirmar que Jesus não é moderado? Ele deixa 99 ovelhas sozinhas para procurar uma única que se perdera!
            É este um exagero? Sem dúvida. Contudo, a surpresa maior não consiste em perceber que Jesus deixa as 99 nove ovelhas que estão bem, mas em ter coragem e ânimo para ir ao encalço da única perdida. Não se pode, nesse caso, falar de vício ou de apego ganancioso a algum bem ao ponto de se desesperar por perdê-lo, mas é preciso descobrir os sentimentos mais nobres que impulsionam tal procedimento. Ninguém, em sã consciência, mesmo que fosse ganancioso no mais alto grau, correria o risco de se lançar em um empreendimento desses. Jesus o faz. Com toda certeza, não porque é tolo, mas por ter um fogo interno que o leva a cuidar de todos; ele não se tranqüiliza enquanto não estiverem todos abrigados, pois é o verdadeiro Bom Pastor. Este fogo interno se chama entusiasmo, que não é outra coisa, a não ser amor. Amor, por sua vez, é a força ou presença do Espírito Santo de Deus. Ele que abraça todas as criaturas, e que não deixa nenhuma no esquecimento.

Todos são amados
            As 99 ovelhas do aprisco não estão abandonadas, de forma alguma; mas é inconcebível que uma fique excluída do amor de Deus. Deus, em Jesus, que age na força do Espírito Santo, vai procurar a mais pobre, a mais abandonada de suas criaturas. Este é o sinal mais convincente da presença do Reino de Deus neste mundo. E, pode-se dizer, sem medo de errar, que enquanto existir uma única pessoa excluída da comunhão universal, e até mesmo, uma única criatura excluída – seja ela o que for –, o Reino de Justiça e de Paz ainda não se realizou completamente.
            Se Jesus surpreende com a sua falta de moderação, talvez esteja desafiando a nós para que deixemos as nossas seguranças e tenhamos mais coragem para nos lançar livres e confiantes na graça e no amor de Deus, buscando os desvalidos dessa terra. Viver tranquilos, acomodados e seguros enquanto tantos não têm onde se abrigar, onde se alimentar, onde encontrar aconchego, carinho e amor, é no mínimo, anticristão. Sejamos exagerados no amor ao próximo e à natureza e, estaremos no caminho do Mestre de Nazaré.
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com

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