JESUS
NÃO É MODERADO – OUTRA SURPRESA! (6)
Jesus, justamente por ser mestre, tem algo diferente. Ele
surpreende sempre de novo a qualquer um que dele se aproxima sem preconceitos.
Já vimos que ele não tem boa memória, pois ao perdoar os pecadores, esquece-se
de seus pecados; não é um bom administrador, pois ele paga o mesmo salário a
quem trabalha uma hora e a quem sua o dia inteiro; ele não sabe atrair
discípulos, uma vez que não esconde que o convertido precisa negar-se a si
mesmo e carregar a sua cruz; não é justo, já que coloca os primeiros da fila
nos últimos bancos e os últimos nos primeiros bancos; também não tem dó das pessoas
humilhadas, pois manda o esbofeteado na face direita oferecer a face esquerda
ao agressor; agora veremos que também não tem moderação, uma vez que é
exagerado no cuidado para com os perdidos, esquecendo dos que estão bem.
Moderação
A moderação sempre é vista como prudência, e é a virtude
do meio termo. Já os antigos filósofos diziam que a virtude está no equilíbrio,
no evitar exageros. Não ir para um nem para outro lado é ser sábio. O moderado
controla racionalmente seus instintos, canalizando-os para o que é correto, não
deixando que eles se extravasem. O moderado vive na segurança.
Por outro lado, existem pessoas que não conseguem manter
o equilíbrio, uma vez que existem nelas forças mais fortes que as levam a
enveredar por caminhos de exagerados procedimentos. Quando essas forças são
negativas, pode-se falar da concupiscência que leva ao vício; quando, no
entanto, elas são positivas, não necessariamente levam à virtude. Existem
pessoas entusiastas, mas não entusiasmadas. Uma qualidade boa procurada ou
vivida exageradamente pode prejudicar outras qualidades, e assim, se torna
igualmente vício.
Jesus,
cheio do amor de Deus
O que então queremos dizer ao afirmar que Jesus não é
moderado? Ele deixa 99 ovelhas sozinhas para procurar uma única que se perdera!
É este um exagero? Sem dúvida. Contudo, a surpresa maior
não consiste em perceber que Jesus deixa as 99 nove ovelhas que estão bem, mas
em ter coragem e ânimo para ir ao encalço da única perdida. Não se pode, nesse
caso, falar de vício ou de apego ganancioso a algum bem ao ponto de se
desesperar por perdê-lo, mas é preciso descobrir os sentimentos mais nobres que
impulsionam tal procedimento. Ninguém, em sã consciência, mesmo que fosse ganancioso
no mais alto grau, correria o risco de se lançar em um empreendimento desses.
Jesus o faz. Com toda certeza, não porque é tolo, mas por ter um fogo interno
que o leva a cuidar de todos; ele não se tranqüiliza enquanto não estiverem
todos abrigados, pois é o verdadeiro Bom Pastor. Este fogo interno se chama entusiasmo,
que não é outra coisa, a não ser amor. Amor, por sua vez, é a força ou presença
do Espírito Santo de Deus. Ele que abraça todas as criaturas, e que não deixa
nenhuma no esquecimento.
Todos
são amados
As 99 ovelhas do aprisco não estão abandonadas, de forma
alguma; mas é inconcebível que uma fique excluída do amor de Deus. Deus, em
Jesus, que age na força do Espírito Santo, vai procurar a mais pobre, a mais
abandonada de suas criaturas. Este é o sinal mais convincente da presença do
Reino de Deus neste mundo. E, pode-se dizer, sem medo de errar, que enquanto
existir uma única pessoa excluída da comunhão universal, e até mesmo, uma única
criatura excluída – seja ela o que for –, o Reino de Justiça e de Paz ainda não
se realizou completamente.
Se Jesus surpreende com a sua falta de moderação, talvez
esteja desafiando a nós para que deixemos as nossas seguranças e tenhamos mais
coragem para nos lançar livres e confiantes na graça e no amor de Deus, buscando
os desvalidos dessa terra. Viver tranquilos, acomodados e seguros enquanto
tantos não têm onde se abrigar, onde se alimentar, onde encontrar aconchego,
carinho e amor, é no mínimo, anticristão. Sejamos exagerados no amor ao próximo
e à natureza e, estaremos no caminho do Mestre de Nazaré.
Pe. Mário Fernando Glaab
WWW.marioglaab.blogspot.com
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