sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Igreja "em saída" e Igreja "em entrada"

O PERIGO DE SER “RELIGIOSO”

            Existem religiosos e “religiosos”. Não quero falar dos religiosos, daqueles que pertencem a ordens ou congregações religiosas e que o são por vocação. Quero, no entanto refletir sobre uma outra concepção de religioso, que em si não tem nada de extraordinário, mas que, pelo fato mesmo de ser religioso, está em contínuo risco de se desviar do que lhe é próprio.

Religiões e religiosos
            As religiões têm como finalidade específica religar a Deus; ou estabelecer uma via entre o Transcendente e o Imanente, entre Deus, o ser humano e as criaturas. Aqueles que optam por uma religião tornam-se religiosos, por “utilizarem” este caminho que os une a Deus, com os demais humanos e com toda a criação. No seguimento religioso os indivíduos se tornam presença no mundo da realidade que vai além do que é somente do mundo. Em outras palavras, mostram e realizam concretamente a atuação de Deus no emaranhado das coisas e acontecimentos da história deste mundo.
            As religiões e os religiosos, como se pode ver, são de extrema necessidade para que a realidade onde se encontram as criaturas possa ter respostas que vão além do imediato. Dar sentido para questões que não encontram significado somente nas explicações científicas, técnicas, econômicas; muito menos na sede do poder, do prazer e do ter. As religiões e os religiosos convidam e levam para valores que ultrapassam estes falsos valores, que na verdade, não libertam, mas prendem e escravizam. Tornam a vida e os relacionamentos humanos insuportáveis. Assim, um mundo sem religião é um mundo sem significado; mas, o mundo religioso é estabelecido em relações novas e valores que dão sentido para opções que não são percebidos sem a presença da religião.
            Até aqui não estamos falando desta ou daquela religião específica, sabendo que no passado e no presente existiram e existem inúmeras religiões, cada uma com suas qualidades boas e com suas dificuldades e limites; todas, no entanto, procurando estabelecer o contato entre o divino e o humano. Pretendemos agora nos referir à nossa religião cristã, mais diretamente à Igreja, da qual também nós somos membros e que faz de nós religiosos.

Igreja “em saída” e Igreja “em entrada”
            O Papa Francisco insiste, e volta a insistir, numa Igreja “em saída”. Se ele insiste nessa questão, podemos nos perguntar sobre o contrário: Igreja “em entrada”, o que é isso? Certamente esta Igreja está por aí, e está camuflada ao ponto de muitos não a verem. Estejamos atentos.
            Mas, o que o Papa entende com Igreja “em saída”? Ele mesmo explica: uma Igreja que se envolve com todas as realidades humanas; uma Igreja que, por causa de Jesus Cristo – seu Mestre e Senhor – não tem medo de se machucar no encontro com os machucados da vida. Uma Igreja que busca levar a todos a Boa Notícia de que Deus é um Deus misericordioso e libertador. Deus quer levantar todos, sem discriminar ninguém. E por isso se faz um com todos, principalmente com os mais esquecidos e necessitados. Igreja “em saída” é a Igreja que anuncia e realiza a salvação do mundo, pois leva a todos o próprio Salvador, Jesus Cristo.
            A Igreja “em entrada”, por outro lado, deve ser o contrário. Isto é, uma comunidade que se fecha sobre si mesma. Ela está preocupada em se autodefender, cuidar-se para não se contaminar com os males que afligem a humanidade. Mais do que isso, ela se acha boa. Ela possui saúde, pois Cristo, o Divino Médico é posse sua. Todos os que aderem a ela estarão protegidos, contanto que se “abriguem” à sua sombra e não se exponham aos ventos frios das ruas do mundo. Triste constatação: Era assim que Jesus quis a sua Igreja?
            Aliás, sabe-se que há uma tentação muito forte entre os fiéis da Igreja no sentido de buscar refúgio contra os ataques do mundo infestado pelo mal. È bem mais fácil se fechar num templo e lá, junto com irmãos seletos, louvar o Senhor, do que estar nas ruas e vielas das cidades ou dos campos onde estão os caídos à beira dos caminhos, vítimas da violência, dos vícios, das incompreensões, dos preconceitos e das expulsões, até mesmo das comunidades de fé. Esta Igreja, porém, se atrofia, fica doente, pois o Espírito de Cristo impele os discípulos de Jesus a saírem para os confins do mundo. As portas e janelas fechadas são sinais de medo, de falta de fé no Ressuscitado. Uma vez que o Ressuscitado derramou seu Espírito sobre os discípulos medrosos, eles não podem mais ficar fechados; necessitam sair e pregar a todos, sem medo e sem vergonha. Testemunhar que Ele vive e que quer curar todos os males da humanidade. Ele o faz pela Igreja, concretamente pelos seus fiéis, discípulos verdadeiros de Jesus de Nazaré.

Religiosos perversos
            Por incrível que pareça, as religiões podem perverter seus religiosos. Isto acontece quando as religiões domesticam as consciências dos fiéis. No nosso caso, o cristão, que deve ser sempre chamado, convocado e seduzido por Jesus Cristo a sair, como discípulo dele pelo mundo ao encalço dos pobres e pecadores para “ressuscitá-los”, mas que encontra na Igreja somente consolo e paz de consciência e se sente protegido, é um típico “religioso em perigo”. Este, na verdade, está buscando “seu ninho” na Igreja onde pode viver tranquilo e não ser infectado pelos vírus que estão “lá fora”. A pureza em excesso se torna psicose maníaca!
            Deve-se desconfiar dos religiosos que se julgam melhores que a grande maioria das pessoas. São tantos os religiosos que por causa de sua condição e status conquistados, esquecem ou até desprezam os demais. Gostam de ser lembrados como ministros, catequistas, diáconos, padres, bispos...; fazem questão dos títulos de destaque – excelência, reverência, ilustre senhor(a) -, usam vestes distintivas para serem diferentes e procuram os primeiros lugares. O termo “irmão” perde seu significado verdadeiro entre eles. Pior, quando na comunidade existem rixas e ciúmes, um competindo com o outro pelos postos melhores e mais importantes.
            Um exemplo típico da perversão dos religiosos são os símbolos do cristianismo transformados em símbolos de poder e de dominação. A cruz, que lembra Jesus de Nazaré humilhado até o extremo, abandonado por todos (até pelo Pai!), condenado pelos líderes religiosos e políticos de seu tempo, chega ao absurdo de ser desfigurada em objeto de poder e de dignidade, que se coloca sobre o peito de imperadores, militares, homens ilustres; é colocada em tribunais, locais públicos e mesmo nas casas. Cruzes de ouro e de pedras preciosas. Cruzes que são uma zombaria da dor e do fracasso de todos os seres humanos nos quais Jesus continua sofrendo e fracassando nesse exato momento. Mas para os religiosos ela é sinal de dignidade e proteção.
            Que tal, se soubéssemos ver nas cruzes que “enfeitam” nossos peitos e nossas salas os irmãos sofredores de hoje? Ou até substituir o crucifixo da parede por uma foto de crianças assustadoramente magras e famintas, por refugiados de todos os tipos, por sem-terra e sem-teto, por homens e mulheres de rua mal cheirosos e maltrapilhos? Talvez afastaria da tentação da “religião de proteção”, do “perigo de ser religioso”.
            Ter religião e ser religioso é preciso; mas bem entendido, para que o mundo possa ser um pouco melhor. Nunca para que o homem e a mulher “religiosos” possam se sentir melhores que os outros.
Pe. Mário Fernando Glaab

www.marioglaab.blogspot.com

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Novos tempos na pastoral

PASTORAL ATUALIZADA

            A Igreja, em todos os tempos de sua existência pelos séculos afora, sempre teve consciência de que, a partir do ordem de Jesus de levar a Boa Nova a todas as criaturas, sua missão é pastorear, isto é, trabalhar pastoralmente, ou fazer pastoral. Sem dúvida, conforme as épocas e as diversas circunstâncias, esta tarefa teve mais ou menos importância; mais ou menos intensidade, contudo, nunca deixou de estar presente nas atividades evangelizadoras da Igreja. Dito isso, voltemo-nos para a questão que se coloca diante de nós hoje: como a Igreja deve atuar em nossos dias para que a sua atividade pastoral responda aos anseios e necessidades do mundo hodierno? Ela responde às perguntas que o nosso povo faz hoje? Responde a esta gente que vive em situações cada vez mais desafiadoras e complexas; ou pretende responder às questões que ninguém mais coloca, sempre do mesmo jeito como respondia no passado?
            Muito se discutiu sobre isso. Muitas contribuições de especialistas estão ao dispor de quem busca por análises, aliás, o Magistério da Igreja continuamente produz orientações a nível mundial, nacional, regional e até nas dioceses e nas paróquias. Porém, isso não dispensa a preocupação de cada um no sentido de se atualizar e colaborar na busca dos melhores instrumentos para uma pastoral eficiente e adaptada à realidade das pessoas de nossas comunidades concretas, aos seus anseios e desafios. Assim, não pretendemos apontar para soluções acabadas – seria muita pretensão! -, mas apenas contribuir com algumas reflexões e sugestões.

Mundo agitado
            Usemos a imaginação: se um pároco que viveu há cem anos atrás em uma paróquia do interior de nosso vasto país chegasse hoje para continuar o seu trabalho no mesmo lugar, como seria? Pobre coitado! Independentemente das suas qualidades intelectuais e morais; até mesmo se tivesse sido um santo, ele não se adaptaria mais, de forma alguma, à sua paróquia que, por força das muitas mudanças na sociedade, já há bastante tempo não é a mesma. Ou ele precisaria passar por uma longa transformação – com certeza impossível -, ou não faria mais nada; e provavelmente impediria qualquer avanço da paróquia.
            A paróquia pacata e centrada no padre já não existe mais. A situação está toda mudada. A porcentagem de fiéis que são totalmente alheios à Igreja aumentou assustadoramente; os que “fiéis oportunos” – que aparecem lá de vez em vez quando têm uma criança para batizar, um casamento ou exéquias -, são um desafio constante; e, os que podem ser considerados paroquianos verdadeiros subdividem-se em muitos grupos. Alguns superativos, envolvidos nas diversas pastorais e movimentos; outros com estilo mais tranquilo, no entanto, bastante críticos. O padre necessita estar presente em toda a paróquia e junto a todas as atividades. Questões morais, das mais estranhas, fazem parte do cotidiano; e os problemas administrativos não são esporádicos. Além de tudo isso, existem os planos pastorais da Igreja a nível nacional, diretrizes e urgências. Roma não deixa por menos: documentos pontifícios aparecem continuamente.
            Isto é apenas um pouco do mundo agitado onde se encontram as paróquias; mais nos grandes centros, talvez pouco menos nas pequenas comunidades do interior; contudo, em toda parte os desafios são enormes. Aí o pároco, com uma boa equipe, deve se lançar de corpo e alma à pastoral. Pastoral atualizada e sempre em atualização.

Boa pastoral não é sinônimo de sucesso
            A mentalidade atual quer fazer crer que sucesso é o mesmo que bom trabalho. Não é verdade. A longa experiência da Igreja convida a ir mais a fundo na questão. Em se tratando do anúncio do Evangelho, o fiel há de saber que a dedicação é importantíssima, mas não é tudo. Algumas vezes os frutos não surgem onde se planta com grande esforço, mas aparecem onde menos se espera, ou mesmo onde pouco se investiu. Depara-se aí na questão do mistério da graça. Jesus falou sobre isso quando comparou o crescimento do Reino à semente que é lançada na terra e que germina e cresce sem o agricultor saber como isto acontece (cf. Mc 4,27).
            Contudo, nem hoje nem no passado pode se dispensar a dedicação dos pastores e agentes de pastoral. Até mesmo na parábola que Jesus contou ele não esquece do semeador. O trabalho dedicado de quem semeia, prega ou organiza as pastorais na comunidade é indispensável. Além de exigir muito esforço, precisa ser feito de tal maneira que sempre esteja lá onde está o interesse das pessoas, isto é, estar no lugar onde as pessoas procuram chegar. Se nem toda boa pastoral leva a sucessos imediatos e visíveis; com certeza, os sucessos pastorais que aparecem nas comunidades têm atrás de si muito trabalho e pastorais bem planejadas e criativas.

Novos meios de comunicação
            A mensagem evangélica é sempre a mesma: Deus Salvador entre nós. Mas o jeito de levar esta mensagem às pessoas de hoje não pode continuar como era nos tempos passados. Já não se busca conhecer o Evangelho somente em “sermões” ou em “aulas de catecismo”, mas os olhos e ouvidos das pessoas estão nos modernos meios de comunicação. É difícil encontrar um jovem, um adolescente e, mesmo uma pessoa adulta que nãos esteja conectada às redes sociais, que não esteja com seu celular ao toque de sua mão. A televisão e a internet estão em toda parte. E, em tom de brincadeira, podemos dizer que se não quisermos que Deus seja expulso do lugar que lhe é próprio (em toda parte), precisamos garantir-lhe seu posto em todos esses novos meios de comunicação, caso contrário, eles o dispensam! A pastoral, para ser válida também hoje, necessita inserir seu conteúdo evangélico em toda parte, aproveitando qualquer brecha que encontrar nos meios de comunicação que todos usam.
            Neste sentido é que se deve falar dos planos para a ação pastoral. Estes planos nunca podem partir de especialistas somente. Devem, sim, contar com profissionais pensantes que sabem olhar para a realidade; contar com a experiência de líderes que caminham com as comunidades; que sentem as alegrias e as tristezas, as angústias e os sucessos dos homens e das mulheres nos desafios do dia-a-dia. A partir de tudo isso, iluminados pela fé que se professa expressamente, mas igualmente pela fé que o povo muitas vezes não consegue expressar, elaborar planos, projetos a formas novas de evangelizar. Mais com o intento de ser Igreja-Sacramento-da-Misericórdia-de-Deus do que Mestra que ensina; mais como serva que vai aprendendo e se moldando ao novos desafios da vida e das comunidades que “Senhora Sábia” e que está acima de qualquer problema.
            Neste sentido, tanto gestores como agentes de pastoral estão na mesma luta. Cada um no seu devido lugar, mas unidos pela mesma vontade de ajudar na construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna; lugar onde todos podem viver com dignidade, viver sua fé, sua esperança e sua caridade; dando oportunidade para que Deus ocupe o seu lugar em toda parte. Este será um projeto que passa do teórico para o prático, e que colabora verdadeiramente com a implantação progressiva do Reino de Deus neste mundo, mesmo que o nosso mundo não seja mais como ele era a cem anos atrás. O nosso mundo agitado também precisa de Deus. Nós, como Igreja, temos nossa parte de responsabilidade neste processo.
Pe. Mário Fernando Glaab


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Dízimo é gratuito

DÍZIMO E GRATUIDADE DE DEUS

            Apesar de todas as explicações e reflexões que se fizeram nos últimos tempos, pode parecer que os dois conceitos – dízimo e gratuidade de Deus - não se harmonizam totalmente. Mesmo que a Pastoral do Dízimo, nas últimas décadas, tenha insistido enormemente para mostrar que o dízimo não é “pagamento”, mas oferta de amor, ainda permanece certa dúvida e até convicção, talvez escondida no profundo de nossa religiosidade, de que o dizimista fiel recebe mais bênçãos que o não-dizimista. Aliás, se Deus é justo, justiça se faz. O Deus da Gratuidade sem limites para com todos é outro assunto, que não convém abordar quando se fala de dízimo. Mas, vejamos.

Jesus e a generosidade
            Na verdade, a ideia de que Deus dá a suas bênçãos aos bons dizimistas é veterotestamentária. Jesus nunca ensinou isso. Jesus, em toda sua pregação e nos seus feitos, anunciou uma ilimitada confiança no Pai que não faz distinção entre seus filhos. Conforme Jesus, o Pai do Céu faz o sol nascer sobre os bons e os maus, chover sobre justos e injustos (cf. Mt 5,45), pois todos estão incluídos no seu amor paterno. O que Jesus anuncia e instaura é uma nova realidade, onde todos têm acesso à misericórdia de Deus. Onde a vida é valorizada naquilo que é: dom de Deus. É, em outras palavras, o Reino de Deus na terra. Neste Reino há abundância para todos, pois será vida em plenitude.
            A tarefa da Igreja, mãe generosa, é ser sinal eficaz do Reino de Deus no mundo, para que todos possam ter acesso à vida plena. Quem a experimenta, ou melhor, a vivencia a vida em plenitude, não pode mais se fechar no egoísmo que quer tudo para si. Abre-se para compartilhar com todos o que encontra no Reino. Abandona qualquer iniciativa de comércio ou barganha com relação a Deus ou ao próximo. Seu partilhar é pura generosidade. Acolhe o Reino com simplicidade; compartilha os bens na visão do Reino generosamente sem esperar nada em troca. Toda doação é fruto da pertença ao Reino, ou melhor, o Reino do Pai é a base de qualquer gesto cristão que assim se torna gratuito, como é gratuito o Reino.
            Deus não se deixa vender e nem ser comprado. Não aceita oferendas manipuladoras, mas se dá com alegria aos pequenos e aos pobres. Aliás, Jesus o louva por isso, ao exclamar: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado” (Mt 11,25). O louvor de Jesus é a revelação da alegria do Pai. À medida em que o ser humano começa a entrar na ótica de Jesus, ele igualmente sente alegria ao se poder doar. Estas são coisas que o mundo não consegue entender, pois são escondidas aos sábios; não porque Deus as escondeu, mas porque ele tem outros interesses. O que procura não confere com o que os pobres e pequenos buscam. Ele corre sofregamente atrás de bens materiais, do dinheiro, do poder, da fama e do prazer. Os filhos do mundo estão anestesiados diante dos valores do Reino.

Dízimo é sinal do Reino
            Tendo como base a gratuidade com Deus nos oferece a participação em seu Reino, podemos apresentar o dízimo na visão cristã. Ele não é recomendação, ou mandamento de Jesus. É bem mais do que isso. É fruto autêntico do único mandamento de Jesus, o amor. Aquele que ama é do Reino. No Reino a vida é partilhada.
            Dar o dízimo na comunidade de fé e de vida, nada mais é que compartilhar o Reino que buscamos e que recebemos gratuitamente de Deus e dos irmãos. Dar o dízimo para que a comunidade tenha condições de existir é aprender sempre de novo a realidade nova do Reino de Deus. Não se mede a generosidade pelo valor pecuniário do dízimo, porém pela consciência da pertença do fiel ao Reino de Deus. Uma vez que no Reino de Deus há vida para todos, o dizimista colabora com sua generosidade na construção da vida do Reino em sua comunidade.
            Portanto, o dízimo cristão não é uma forma sábia que a Igreja encontrou no decorrer dos séculos para sobreviver e para adquirir as bênçãos e graças de Deus em favor dos seus fiéis, mas é partilha generosa com os irmãos da comunidade, resposta generosa de quem experimenta e vive a gratuidade de Deus na construção do Reino em meio os desafios do mundo. Mesmo que a sociedade em geral prega o egoísmo, o consumo desenfreado, a falcatrua, e tudo o mais que divide as pessoas, o dizimista continua testemunhando as coisas “escondidas aos sábios e entendidos” mas reveladas aos pequenos, os benditos do Pai, o amor generoso que sabe se doar como Deus se doou em Jesus.

Pe. Mário Fernando Glaab