CATEQUISTAS
RENOVADOS
Formar catequistas, segundo o espírito da catequese
renovada, para uma ação transformadora de educação na caminhada da fé é bem
mais do que ensinar elementos do conteúdo catequético ou teológico cristão. Muito
menos é impor um conjunto de leis morais para serem observadas. No processo
formativo, tanto dos catequistas quanto dos catequizandos, não se pode deixar
de levar em conta a consciência de que é a Palavra de Deus que tem poder
transformador e renovador, não a palavra do pároco ou do catequista. Isso
implica em deixar que a Palavra transforme e forme a ambos: o formador e o
formando.
Palavra
e ação de Deus se identificam
Partindo do princípio de que a Palavra de Deus e a sua
ação se identificam – Deus fala e o que ele fala acontece -, deve-se saber que
é necessário experienciar a força desta Palavra no acolhimento e na ação
concreta onde ela é vivida. Os pastores e os catequistas, antes de tudo, hão de
renovar sempre de novo esse processo em suas vidas; não apenas revisar as
doutrinas que aprenderam, ou pior, esquematizá-las para um encontro. Precisam
continuamente se colocar na atitude do discípulo que é a de ouvir e seguir,
acolher e se converter. Como segundo passo, estes que se colocam constantemente
no discipulado, como tal, lançam a semente da Palavra em todos os terrenos. Não
pode haver preconceito ou discriminação. O catequista precisa ter total
liberdade para semear sem ser direcionado a estes ou aqueles, mas a todos.
Todos os terrenos são objeto da semeadura, pois não é a palavra do catequista
que será anunciada; ela não tem força em si, mas a Palavra de Deus que é
lançada sobre todos, ela é força de Deus, uma vez que Deus quer que todos sejam
salvos. O catequista necessita evitar a tentação de achar que em alguns terrenos
não vale a pena semear, uma vez que são áridos, pedregosos, ou infestados de
ervas daninhas. Quem sabe, é lá que mais semente precisa ser semeada! Deve
acreditar na qualidade da semente.
A preparação do terreno no processo de semear, ou de catequizar,
não deixa de ter importância, é grande. Porém, ao arar o campo, o catequista
não pode se furtar da tarefa de se arar a si também. Arar-se e arar a terra
onde a Palavra será lançada. Preparar o seu próprio terreno pode ser entendido
como acolher sempre de novo a mensagem cristã de Deus que está conosco e que
quer todos unidos. No ato de acolhida já está latente a conversão para a união.
Deixar que a força da Palavra de Deus frutifique em atitudes concretas que levem
ao outro; para assim jogar a boa Semente sobre ele sem reservas. Arar o terreno
do outro consiste, a partir dessa visão renovada, ajudá-lo a entender que ele é
alvo do amor ilimitado de Deus, e que Deus o quer junto dele, não porque o
mereça, ou porque tem alguém que o está pedindo, mas somente por amor gratuito.
Anunciar essa boa notícia transforma e converte, pois ela é a própria Palavra
de Deus que é ao mesmo tempo ação de Deus.
Conhecer
e compreender
Na formação dos catequistas é muito importante o
conhecimento da doutrina, da tradição da Igreja, dos métodos pedagógicos sempre
em evolução. Também é importante levar em conta a psicologia e a situação
concreta, a sociedade atual em que estão as crianças, os adolescentes e os
adultos que são catequizados. Nada, no entanto, é tão importante que substitua
o conhecimento vivo – a busca constante de viver – do amor de Deus revelado em
Jesus Cristo, e que se experimenta na comunhão com todos que estão no mundo,
cheio de coisas boas e também de coisas ruins. Esse conhecimento somente se
adquire num processo contínuo. Adquire-se adquirindo. Vive-se buscando viver. É
o compromisso livre em favor da vida. Vida para si e vida para os outros. E,
quando se fala do compromisso livre quer-se igualmente respeitar a liberdade do
outro. O catequizando nunca pode ser dominado! Ele precisa ser respeitado na
sua liberdade. O catequista bem formado, que conhece e sempre busca mais vida,
saberá respeitar a livre abertura de seu catequizando. Apenas lança a semente,
sabendo que ela é boa por ser a semente da Palavra de Deus; valoriza cada
resposta que esse dá, sem impor nada.
Talvez um grande erro no trabalho pastoral de nossos dias
seja que quando o assunto é catequese, ainda se quer “preparar para” os
sacramentos, ou mesmo, como ultimamente se diz, “para a vida”. Escondido por de
trás desse “preparar para” pode estar uma falsa convicção: o catequista está
preparado, o catequizando não! Dando a devida importância para Palavra de Deus,
como foi anunciada e vivida por Jesus de Nazaré, esse processo se transformará
e se renovará e, quem sabe, poderá produzir frutos de conversão, não somente
dos catequizandos, mas também dos catequistas, incluídos aqui também os párocos.
O catequista estará mais consciente do valor da Palavra, diminuindo a sua
palavra; e o catequizando saberá acolher e valorizar uma experiência mais
genuína da Palavra e da ação de Deus-amor em seu processo de vida, como
resposta de fé livre.
Portanto:
A prioridade em todo trabalho
formativo, tanto do catequista quanto do catequizando, está sempre na
consciência da força da Palavra de Deus; não da palavra e da humanas.
A Palavra e a ação de Deus se
identificam. Sua Palavra é eficaz. O catequista não pode classificar as pessoas
para catequizá-las. Precisa se dirigir, ou direcionar a todas.
No processo da “preparação do
terreno”, o catequista tenha consciência de que sempre de novo precisa se
preparar. Isso se faz na conversão contínua que a Palavra nele provoca. Tenha
também a preocupação de ajudar o catequizando a preparar seu terreno em vista
da Semente que nele será semeada.
Toda a formação está baseada na
vivência concreta da Palavra que se traduz em busca contínua de comunhão.
Experimentar Deus-amor no compromisso com a vida de todos.
“Preparar para” consiste em “preparar-se”;
“preparar-se” consiste, por sua vez, em ajudar o outro a “estar preparado”.
Pe. Mário
Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com
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