terça-feira, 4 de agosto de 2015

"Jesus não tem dó!"

SURPRESAS EM JESUS – “NÃO TEM DÓ DAS PESSOAS!”
            Parece estranho, até mesmo uma acusação descabida, e, de fato é; mas entre as tantas reações que a pessoa e as atitudes de Jesus causam em nós, surpreende-nos quando ele, “sem dó”, aconselha: “A quem te bater numa face, oferece a outra; a quem te tomar o manto, deixa-lhe também a túnica. Dá a quem te pedir; a quem tomar o que é teu, não o reclames de volta” (Lc 6,29-30). Jesus não tem dó das pessoas humilhadas: ele manda o esbofeteado na face direita oferecer a face esquerda ao agressor! Pode? Onde está a dignidade do humilhado!
Novidade do Reino
            Faz parte da novidade do Reino. Todos sabemos que um mundo sem justiça não pode ser um lugar de paz e de harmonia. Jesus o sabe muito bem e não aceita, de forma alguma, os que praticam o mal e assim prejudicam os pequenos, mas lhes propõem conversão. A surpresa está em ter dó não somente do agredido, mas igualmente do agressor. Talvez mais deste último que do primeiro. Isto porque ele é o que de fato mais necessita, não somente de um sentimento de dó, mas de misericórdia que o liberte do egoísmo que o faz violento e injusto.
             O que Jesus propõe é o que ele próprio faz; aliás, é o mestre ensinando seus discípulos. Ele é o rosto da misericórdia do Pai que faz o seu sol iluminar os bons e os maus sem discriminação. A proposta de Jesus é de que os agressores sejam vencidos pelo bem que perdoa sem restrições. Que eles possam experimentar a misericórdia de Deus que é eterna. Jesus se doa totalmente. Os discípulos de Jesus têm a missão de testemunhar essa mesma misericórdia, pois antes já a encontraram nas palavras e nos atos de Jesus. E, sempre estão renovando a experiência de sua misericórdia.
            Do ponto de vista dos discípulos, a verdadeira surpresa consiste em que Deus em Jesus de Nazaré não somente fala de justiça na lógica humana, mas a supera em muito: ele os prepara para a justiça divina. A justiça do pai que sempre está à espera do filho que saiu de casa.
A misericórdia envolve os discípulos
            Perdoar não é fácil. O perdão, conforme Jesus o propõe, não é um ato de justiça, pois nunca se pode exigi-lo de ninguém como um dever social. O perdão de Jesus supera as leis sociais de justiça. Aliás, juridicamente o perdão não existe. Na verdade, o código penal ignora o verbo “perdoar”. Mas, segundo Jesus, é do amor gratuito que o gesto surpreendente e muitas vezes heróico do perdão nasce.
            Se também com essas palavras Jesus nos surpreende, tenhamos a coragem de nos aproximar do mistério da misericórdia do próprio Deus, pois se não se conhece a experiência de ser perdoado por Deus, nunca saberemos perdoar e fazer o bem aos que nos fazem o mal. Dom Helder Câmara sabiamente lembra aos que desejam se aproximar do mistério da misericórdia de Deus: “Para libertar-te de ti mesmo, lança uma ponte para o outro lado do abismo que teu egoísmo criou. Procura ver para além de ti mesmo. Procura escutar algum outro e, sobretudo, procura esforçar-te para amar a outros em vez de amar somente a ti”. E o Papa Francisco, na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia Misericordiae Vultus, ao falar dos verdadeiros filhos do Pai de misericórdia, lembra que perdoar nos parece difícil! “E, no entanto, o perdão é instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz” (9).
Igreja misericordiosa
            Se Deus em Jesus nos surpreende ao não se limitar em afirmar o seu amor, mas em torná-lo visível e palpável, também nós precisamos ir mais além a fim de alcançar uma meta mais alta e significativa: enchermo-nos da misericórdia de Deus. E, para terminar, mais uma citação do Papa Francisco: “A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos -, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia” (12).

Pe. Mário Fernando Glaab

domingo, 28 de junho de 2015

As surpresas em Jesus, o Cristo.

JESUS SURPREENDE (4)

            Muito interessante: sempre de novo se escuta a Igreja proclamar o evangelho de Jesus Cristo. Talvez já tão acostumados em ouvir repetidamente a palavra “evangelho”, ela nem nos chama mais a atenção. Porém, evangelho quer dizer “boa-nova”, uma notícia boa. Portanto, quando na liturgia, a Igreja assim se pronuncia ela está anunciando mais uma vez uma boa notícia de Jesus de Nazaré, que acreditamos ser o Cristo – Filho do Deus Vivo -, como professou Simão Pedro. Essa é a surpresa que sempre se renova. Contudo, na grande Surpresa, que é o próprio Jesus, encontramos inúmeras surpresas, que como graças momentâneas, nos enriquecem grandemente.

Jesus não é justo!
            Quem se deixou surpreender pela pessoa e pela ação de Jesus vai formando aos poucos um conceito amplo dele. Vai descobrindo sempre mais qualidades nos feitos e nas atitudes do Pregador da Palestina. Todavia, algumas palavras ou feitos podem surpreender diferentemente, até confundir. Quem está atento, de repente pode se deparar com parábolas que mostram Jesus ensinando coisas não justas! Será possível?
            Sim. Conforme as justiças dos homens têm direitos aqueles que são os primeiros, os que mais trabalham, os que são melhores, enfim... Jesus, porém, nas suas parábolas, coloca os últimos como primeiros; os primeiros como os últimos; os maus como os reconciliados; os bons como os não justificados. Chama as multidões de miseráveis de toda sorte de “benditos de meu Pai”. Isso não pode ser justo! O nosso mundo, com suas leis e seus julgamentos já deu a sentença a esses miseráveis: são os “marginais”, os “vagabundos”, os “viciados”, os “bandidos”, os “ignorantes”, os “sem lei quem tiram o brilho das cidades maravilhosas”.
            Não dá para não se surpreender, pois Jesus revela que a Justiça de Deus é diversa da justiça dos homens. E, que seus discípulos necessitam descobrir esta Justiça; conhecê-la, vivê-la e, assim ir transformando o mundo para que o reino de Deus se torne realidade em todos e para todos.

As leis são boas
            Na verdade Jesus não ensina a desobedecer às leis, ele vai além das leis. As leis existem para ajudar no discernimento do que é bom e no que é mau. As leis devem ser observadas por todos, ainda mais por quem descobriu em Jesus o “Servo Obediente” em tudo. Todavia, não adianta observar as leis por observá-las. É necessário que se descubra o espírito da lei. Jesus que sempre estava sob a ação do Espírito de Deus, observava a lei no seu sentido mais profundo. Toda e qualquer lei é para garantir o bem das pessoas. Quando estão em jogo as pessoas, verdadeiros sujeitos de relação, tudo deve concorrer para que sejam protegidas, que sejam perdoadas e que possam viver; a começar por aqueles que mais precisam. Aí o critério não é o de quem mais fez, mas o de quem é mais carente. O que interessa não é o que o indivíduo tem, mas o que ele é.
            Certamente, desta surpresa de Jesus temos muito que aprender. Não é fácil dar o lugar para o outro, e é bem mais difícil recompensar ao que não nos fez nada de bom. Mas é por aí que anda Jesus e a sua Boa Notícia. Seus amigos são convidados a se deixarem surpreender e, por sua vez, surpreenderem o mundo que possui tantas leis justas, mesmo que assim se torne “sinal de contradição”.
            Quais são os critérios de justiça que nos orientam? Como nos sentimos diante da Justiça de Deus, ensinada por Jesus de Nazaré? Pensemos.
Pe. Mário Fernando Glaab

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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Os médicos: sacerdotes do corpo

(Aos nossos amigos médicos: homenagem e gratidão)
                Obs.: Não costumo copiar artigos de outros, mas achei muito oportuno transcrever este, pois nunca teria condições para desenvolver tão magnificamente a o valor e a importância da medicina e dos médicos. Pe. Mário Glaab.

DEUS E OS MÉDICOS
Por Pe. Zezinho, SCJ
            É doutrina católica afirmar que Deus é perfeito. Somos combatidos por isso, mas é isso o que ensinamos. Ele sabe o que faz e porque faz o que faz. Criou tudo o que existe e tem lá suas razões para permitir a doença n mundo e o sofrimento humano. Não sabemos explicar por que, mas Deus, que poderia erradicar qualquer mal, em alguns casos liberta dele ou impede que aconteça; noutros, permite que a doença aconteça e siga seu curso. O Deus que é perfeito, não criou tudo perfeito. Eu gostaria de explicar a dor e a morte, mas estou longe de qualquer explicação nascida de minha inteligência. Simplesmente, não sei explicar a dor nem a cruz. Sei crer, mas não discursar diante de uma mãe que perdeu sua menina de nove anos seqüestrada por um bandido de dezessete anos.
            Deus não criou tudo perfeito, mas deu ao ser humano a capacidade de saber o porquê de muitas coisas e de continuar querendo saber mais. Deu ciências ao ser humano. Uma delas é a ciência do médico. O médico não raciocina sobre o porquê de seu paciente ter contraído uma doença terminal. Ele usa seu raciocínio para buscar soluções lendo as potentes máquinas modernas e tratando de achar os fármacos que poderiam dar certo, se injetados naquele corpo. Médico faz filosofia e teologia, mas primeiro faz medicina. Esta é sua arma. E vai ao corpo enfermo ou ao corpo sarado, mas agora, com uma séria disfunção.
            Dizem que a medicina como ciência nasceu com Hipócrates e que o famoso juramento dos médicos, o juramento de Hipócrates, é nada mais que uma adaptação do texto de amor à vida que seu pai, sacerdote do deus Esculápio lhe teria ensinado. Verdade ou não, a medicina tem muito a ver com a religião e esta com a medicina. O médico ensina a viver, conserta atitudes, melhora a qualidade de vida, devolve esperança, corta e cura, prolonga a vida, intervém e muda um corpo, mostra os riscos e por tudo o que aprendeu tornou-se um doutor, alguém que sabe e ensina. Das ciências, as mais bonitas são as que ensinam a viver. A religião pode ser uma delas, a medicina também.
            Falo isso como padre que aprendeu e aprende com os médicos. Somos irmãos de luta. Corpo e alma necessitam de cuidados. Eles me ensinaram a cuidar de minha voz, de meus ouvidos, de meus dentes, do pulmão, do estômago, da pele, dos rins e dos pés. Fui sentindo dores e eles foram me ensinando a curá-las e a evitá-las. De todos ouvi uma palavra amiga e paciente de quem conhece o corpo humano, mas sabe dos limites e do mistério de cada corpo. Conheço inúmeros médicos por ter ido a eles ou levado pacientes a eles e devo dizer que nunca conheci um que não fosse humilde. Como em toda classe pode haver algum orgulhoso, tolo e interesseiro como em qualquer profissão, mas tive a sorte de conhecer os melhores.
            Deus tem muitos filhos que o ajudam a melhorar sua obra. Os médicos são certamente do grupo de elite. Falo como religioso, alguns médicos são mais sacerdotes que os que deveriam cuidar das coisas da alma. Infelizmente para os sacerdotes agressivos, insensíveis e insensatos. Cuidam melhor do que muitos pregadores que, de tanto fanatismo, chegam a provocar enfermidades. E há os vaidosos que negam que outro ser humano ou outra ciência possa curar alguém. Se eles acham que podem em nome de Deus, por a mão sobre uma cabeça, então, os médicos também podem, prescrevendo um remédio ou pondo um bisturi em uma barriga, abrindo-a e depois, fechando-a. Aquilo também pode ser milagre e, muitas vezes, é.
            Respeitemos os médicos e sua ciência, se nós, religiosos, quisermos que respeitem a nossa. Então, na hora em que a alma lhes doer, eles nos procurarão, e quando nosso corpo ou nossa lama doerem, poderemos procurá-los sem susto. Eles também conseguem com as mãos o que achamos que conseguimos com os joelhos ou com nossos rituais. Erram e acertam como nós. É crer um no outro, porque o dono da vida é Deus e é ele quem dá os dons e faz os convites. Ser médico é coisa séria, difícil, mas extraordinariamente bonita. Reverencio, inclusive, os médicos ateus. Fazem mais pelo povo do que muitos pregadores cheios de unção, mas sem cuidado com os mais frágeis. Deus os ama de um modo assaz especial. Foram chamados a ensinar a viver. E ensinam!

(Revista Paróquias e Casas Religiosas, nº 54, p. 40)

terça-feira, 9 de junho de 2015

Hunsrickisch Schpessje

Dat Weib wo sich de Himmel koafe wollt
Dat fromme Weib wollt doch sicha sin dass es in de Himmel käme tät, wense mo sterwe misst. Hot es awe net gans genau gewust ob das klappe sollt. Do hotze mo en Idäe griet: is bei de Pfarra gang un gesoot: “Herr Pfarra, wenn eich de Pfarrei 10.000,00 Reals opfre, is dann de Himmel garantiert fa mich?” De Pfarra hot mo son bische geluat; dann horra enst aus parlamentiert: “Ich kann das jo oach net so sicha garantiere, awa in de Zweiwlerei is es am beste wenn ihr gute Fraa es gleich opfre tät. So lang dorum mache kann noch schlechte Gedanke in de Kopp brenge”.
Naja, en gutes Root is imma viel Wert, awa manchmol komme ach schlechte Gedanke in dem Pfarra sein Kopp! Wie es aussiet hat es dem Pfarra gefall, un ea wollt net lang dorum bumle.
Gloabsmário

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domingo, 31 de maio de 2015

Jesus surpreende!

QUEM É ESTE JESUS? (3)
            Ao se afirmar que Jesus é o grande mestre da humanidade, muitas vezes se passa a idéia de que é alguém muito esperto. Pode até ser. Mas é bom verificar o que se entende por “esperto”. Se for no sentido de saber levar vantagem, com certeza não pode ser aplicado a ele. Ele, na verdade, como já vimos em outras coisas, surpreende por não ser esperto ou politiqueiro, manipulador ou enrolador. Ele deixa as coisas claras e diz a verdade; doa a quem doer. Mesmo se isso lhe custa a popularidade ou a fama.

Jesus não sabe atrair discípulos!
            Jesus não sabe atrair discípulos. Mas como, se ele é o Mestre? De fato, ele é o Mestre, mas sua maestria deixa claro que o discípulo deve saber das coisas e optar livremente no seguimento dele, na condição de discípulo. Ele, na verdade, não atrai ninguém prometendo sucesso e prosperidade como recompensa. Não esconde que o convertido, ou seu seguidor, necessita negar-se a si mesmo e tomar sobre si a cruz. E ainda mais, diz que o discípulo não é maior que o mestre. Por ser mestre que toma o caminho de Jerusalém; o caminho da rejeição, da perseguição e da condenação e da cruz.
            Foi surpresa para aqueles pobres de seu tempo; surpresa ainda maior para nós hoje. Se os desvalidos do tempo de Jesus esperavam um pouco de importância junto ao homem de Nazaré, muito mais o homem de hoje sonha com riquezas, poder e prazer em reconhecimento de sua fé. Jesus que fala desse jeito, como, aliás, sempre foi proclamado pelo evangelho, desnorteia a muitos. Ele atrai os pobres quando se faz presente a eles sendo um com eles. Porém, quando insiste em mostrar que estar com os pobres suscita incompreensão e perseguição, os próprios pobres se escandalizam. Eles sonham com outra realidade. Aquele pregador ambulante, no entanto, deixa claro que não se pode estar com os que sofrem e buscar o bem dos últimos, sem provocar a rejeição e a hostilidade daqueles aos quais não interessa nenhuma mudança. É impossível esta com os crucificados e não ver-se um dia crucificado.

Convoca para um projeto maior
            Jesus surpreende por não resolver os problemas imediatos de seus seguidores. Mais, por alertá-los dos entraves que irão encontrar. Mas mesmo assim, os convoca para um projeto maior. Ele quer que o ajudem a combater todo tipo de mal que aflige a humanidade. Se isso custar, a questão é outra: confiança em Deus, que o bem vai vencer as investidas do mal. A Igreja, desde o início, se escandalizou com a idéia do Cristo sofredor – do Cristo que convida a carregar a cruz -, a reação de Pedro o mostra. Contudo, o Reino de Deus é isto: colocar-se a serviço de um mundo mais humano. A cruz é apenas o sofrimento que nos virá como conseqüência de assumir o compromisso do Reino. O destino doloroso que teremos de compartilhar com Cristo, se seguirmos realmente seus passos. Não se deve confundir o “carregar a cruz” com posturas doentias de buscar falsas mortificações.
            Portanto, Jesus surpreende por não saber atrair discípulos com palavras bonitas e promessas alvissareiras; surpreende mais ainda por contar com os que lhe dão assentimento para um projeto bem maior: colaborar com a implantação do Reino de Deus, ajudando a combater toda forma de mal, suas conseqüências e pecados. Mesmo que isto custe a própria vida, pois, quem perde a sua vida pela causa do Reino encontrará a verdadeira Vida.
            Este é Jesus – mais uma surpresa para nós.
Pe. Mário F. Glaab

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sábado, 16 de maio de 2015

Hunsrickisch Spessje

DER SCHLAUE VERKOAFE UM DAT GEITZICHE WEIB.

In unsa Pikot hon doch die Leit all dat Weib wo so geitzich wo gekent, dat wo Rosa gehees hot. Jeder soat imma vom dem Weib griet keine etwas; sie gebbt nicks un kaaft aach nicks. Alsemol is so’n Verkoafe in die Gegent kum. Der hot so Allehand in sei Koffe gehot un wo aach orich schlau. Er hat sich voagenomm Jeder was verkoafe, aach der Rosa.
En scheene Toach kumt er in das Pikot. Klopt bei dem Weib an un hot aach schun gleich auspossiert: “Eich hon vun Alles, sowie Nodle, Beschte, Zwenn, Kemscha, Spiechelcha un so weita. Ihja wird doch sicha waus brauche!” Die alt Rosa hat awa schun gleich geprumt: “Nee. Das hon eich alles, un eich brauch gonicks. Geh nochmol fot!” Dat woa awa doch noch net genuch fa de Verkoafe, er hat gans in Friede erkleart: “Liebe Frau, wenn ihr Alles hat, dann rote eich dass sie en Gebetbuch koafe fa Gott se danke das ihne Alles so gut geht, un nicks fehlt. Guck mol do, das kost blos hunnet Reals!”
Was dann passiert is das weis eich net, awe vieleicht hat der schlaue Verkoafe doch mol dem geitziche Weib an’s Hetz gegriff. Die lei hon jo all en Hetz, ma muss blos wisse wie man drohn komme kann.
Gloabmário

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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Outra surpresa de Jesus de Nazaré.

QUEM É ESTE JESUS?! (2)

            Apontamos uma primeira surpresa em Jesus, conforme os evangelhos. Surpresa para quem sempre esteve acostumado com um Jesus que resolve todos os problemas das pessoas que o buscam. Um Jesus diferente daquele que é conhecido como o Cristo Rei, aquele que manda e desmanda; que separa os bons dos maus, e coloca tudo no seu devido lugar. Mais ainda, aquele que está pronto para castigar os maus, os pecadores e todos aqueles que não rezam direitinho.
            A primeira surpresa era a de que Jesus não tem boa memória! Explico: quando perdoa os pecadores, ele se esquece dos pecados. Isso, dizíamos, vai contra as regras da prudência, da malícia e da esperteza. Como ele pode escolhe indivíduos que erraram em coisas sérias para fazer parte de seu grupo? Mas Jesus surpreende a todos com suas palavras e, principalmente, com suas atitudes. Ele perdoa, esquece e confia.
           
Outra surpresa
            Aprendemos desde crianças que Jesus chamou os seus discípulos, instruiu-os, deu-lhes o Espírito Santo, e mandou-os para evangelizar o mundo todo. E assim, ele fundou a Igreja. Esta por sua vez, para poder dar conta do recado, precisa estar muito bem organizada com sua hierarquia, doutrina, moral, e, como suporte para tudo isso, com uma administração financeira competente. O dinheiro pode ser considerado “esterco do diabo”, mas é importante e necessário para que a máquina funcione. Esta é a concepção que a maioria dos cristãos tem e que nem questionam. É tranqüilo.
            Jesus, no entanto, surpreende! Ele não é bom administrador: por incrível que pode parecer para um competente administrador, Jesus paga o mesmo salário a quem trabalha uma hora apenas e a quem passa suando o dia inteiro! E, pior ainda, dá prioridade a quem pouco trabalhou; dá-lhe o que de fato não mereceu. Seu critério é outro, não se orienta pela produção, mas pela necessidade.
            Certamente ninguém toleraria em sua empresa, em sua paróquia, ou em qualquer outra atividade uma atitude assim. Pagar a quem não trabalhou, e mais, a quem não produziu lucros, isso é no mínimo, não ter visão das coisas.
            Jesus, no entanto, o faz. Ele não está preocupado em acumular cada vez mais. Ele, na sua confiança sem limites no Pai, ao distribuir entre todos os bens que os pobres colocam ao seu dispor, ensina que Deus fez tudo para todos. Deus é o Pai generoso que ama gratuitamente e quer que todos tenham acesso aos bens que colocou sobre o mundo. Isso se liga à primeira surpresa: perdoa os pecados e deles se esquece.

O nosso grande pecado
            Diante dessa surpresa devemos nos questionar sobre o perigo da ganância. Não é difícil entender que sob a desculpa de sermos previdentes escondemos o grande pecado da ganância. Jesus, ao ver a multidão faminta, não tem dúvida: é preciso fazer alguma coisa para eles. Assim era Jesus.
            E Jesus, muito ingenuamente, manda que os discípulos dêem pão aos famintos. Mas quem eram os discípulos? Todos pobres! Todavia, Jesus sabia muito bem que era preciso fazer algo mais, pois os que têm dinheiro nunca irão resolver o problema da fome no mundo. Jesus ajuda essa gente a entender que é preciso encontrar outra saída. Quando alguém passa fome não é certo guardar para si, mesmo que o pão seja seu e pouco! Lembra Deus, e mostra que é impossível crer que ele é Pai de todos, se ao mesmo tempo se deixa os irmãos e irmãs famintos sem se preocupar com eles. O alimento que o Pai dá, ele o dá para ser compartilhado entre todos. Esquecer isso é o nosso maior pecado.
            E mais: nós que nos orgulhamos por ter ao nosso dispor a Eucaristia – Pão do céu, alimento dos fortes -, mas não sabemos partilhar o alimento dos fracos, somos os mais dignos de compaixão. Nessa questão os primeiros cristãos nos dão testemunho valioso. Eles, ao compartilhar a Eucaristia, sentiam-se alimentados por Cristo ressuscitado, porém ao mesmo tempo lembravam o gesto de Jesus ao dar de comer às multidões e repartiam seus bens com os mais necessitados. Sentiam-se irmãos.
            Em nossa preocupação legalista perturba-nos alguma deficiência no rito das celebrações – se o celebrante pronunciou as palavras direito; se a hóstia deve ser recebida na mão ou na boca, de pé ou de joelhos; mas por outro lado, preocupa-nos bem menos saber se a celebração é sinal de verdadeira fraternidade, nem impulso para buscá-la.
            Deixemo-nos surpreender por Jesus, sempre de novo. Caso ainda não tomamos consciência da implicação que o Evangelho e a Eucaristia têm no relacionamento com os necessitados de todos os tipos, tenhamos coragem para crer que Jesus propõe um novo caminho, outra solução. Ele é o enviado do Pai para alimentar o povo faminto, mas ele nos convida também a trazer o que cada um pode ter na sua pobreza para alimentar-nos a todos.
Pe. Mário Fernando Glaab

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