ARREPENDIMENTO E PERDÃO
Ao nos aproximarmos de Deus-Pai, revelado por Jesus de Nazaré, somos levados a experimentar um Deus sempre novo e diferente; um Deus que escapa de todas as concepções pré-formuladas. Esse Pai de Jesus e Pai-nosso é novo e diferente porque não está lá onde o imaginamos: num céu distante, no poder e na glória. Está, no entanto, ao nosso lado, esperando sempre por cada um de nós, mesmo que nós estejamos longe dele. Ele nos abraça com o seu amor perdoador.
A pregação de Jesus, assim como toda a pregação bíblica, convoca à conversão, isto é, ao arrependimento dos pecados para assumir vida nova em Deus, ou melhor, aceitar Deus em nossa vida. Isso, todavia, não quer dizer que Jesus relaciona o perdão do pai com o arrependimento do pecador. Conforme Jesus revela seu Pai ao ser humano, podemos dizer que ele é Pai misericordioso não porque nós o convencemos disso, uma vez que estamos arrependidos e clamamos por misericórdia. Mas a iniciativa amorosa é sempre dele. Somente quem experimenta, ao menos um pouco, desse amor do Pai de Jesus pode ver a caducidade das riquezas, do poder e do prazer – fontes do pecado -, e assim ser levado ao arrependimento. Quanto mais a mulher e o homem se arrependem de suas infidelidades ao projeto divino tanto mais são capazes de se abrir ao Pai, cheio de bondade. Como Jesus sempre foi o justo, aquele que não cometeu pecado, ele pode estar sempre aberto à plenitude do amor paterno. Nós nos abrimos limitadamente, mas com a graça e a força do Espírito Santo, arrependidos dos pecados, podemos avançar no processo de abertura e acolher sempre mais, até onde for possível para um ser humano finito.
Pode-se dizer que não há troca entre arrependimento e perdão, não existe pequeno comércio entre o pecador e Deus. Deus é pleno de poder, mas esse poder é o poder do amor e, podemos entendê-lo somente à medida que, arrependidos, livres das amarras, aceitarmos seu perdão. Podemos até afirmar que Deus é limitado no seu infinito poder de amor, pois quando o ser humano Lhe responde com amor, imediatamente Ele estará “preso” no objeto de seu amor: o ser humano será dependente do Pai, mas este não pode não amá-lo, pois o ama sempre, mesmo que esteja longe.
Pe. Mário Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com
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