Solang wie es geht, geht's jo!
Wie geht es? Och, es geht. Naja, dann geht's jo.
Es geht imma bessa, haupsechlich de Berich runne!
sábado, 31 de dezembro de 2016
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Hunsrikisch - Historinha em dialeto alemão sul-brasileiro
DAS
MODENNE LEWE
Wie die Modennheit in
die Kolonie kum is do is jo Alles annesta gebb. Friia do hot ma jo das Lewe mit
Gemitlichkeit oangesihen. Speta is das jo imma schlimma gebb mit dem Rasen.
Keine kan jo me gemitlich sei Schimaron trike un iwa das Wetta spreche; es
heist imma ma muss sihen dass georwet wet, um dass die Zeit benutz wet. Zeit,
son’se, is Geld. Oje, das losst die Leit ganz varickt. Un dan, im dem
Corre-corre tun se jo die Helft vergesse, die scheene Sache vun Lewe iwahaupt.
Uff emol hot doch de
Fritz vun Capiroweberg mo de Pinhonleopold in de Wende oangetrof, dat in
Statplaz, wo die Leit jede Wuch mo hin sin fa erre Geschefte abmache. Wie sie
sich gegrist han do hat de Fritz an dem Leopold sein Finge en Zwennfoden
oangebun gesihen. Hot ach gleich mo gefrot: “Na, warom hoscht du em Foden an
dei Finge?” Dan hot de Leopold erklert: “Ja, das hat mei Frauche gemach; dat
solt sen dass ich net vergesse tet de Brief wo sie fa unsa Rudi geschrip hot
uff die Post se tun”. “Naja, un hoscht du ihn schun abgeschickt?” frot dan de
Annere. De Leopold lametiert: “Gut, ich wolt es jo mache, awa mei weib hot jo
doch vegess mir de Brief mitgewe”.
Da is alles Konsequenz
vun dem Votschrit. Die Modennezeit tut die Leit all dum un vergess losse. Das
Lewe is modenn, awa ich meene sie wea net me so schen um lustich wie um die
Zeit wie es woa wie die Televison, die Komputas, um die Internet noch net uff
de Kolonie existiert hot. Imma mea veliert ma die lustiche Sache wo die Familie
so reich gemacht hot. Das is halt mo so in dem modenn Lewe.
Glaabsmario
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
O Dízimo aproxima dos pobres.
DÍZIMO
E PARTILHA COM OS POBRES
Nada mais justo e acertado que afirmar que o dízimo é
gesto gratuito de “devolução” a Deus por tudo o que dele recebemos. Quem possui
consciência de que tudo vem de Deus, como manifestação de seu infinito amor,
não tem dificuldade para fazer do seu dízimo a resposta amorosa e gratuita. No
entanto, onde e como é possível devolver a Deus os inúmeros dons que dia após
dia ele dá a cada filha e filho seu? É suficiente colocar o nome na relação dos
dizimistas da paróquia e descontar um valor considerável da renda cada mês, e
pronto?
Dízimo:
devolução generosa
Diante das muitas
iniciativas de conscientização, empreendidas nas últimas décadas, para
esclarecer a importância e o verdadeiro sentido do dízimo; ficou claro, para os
que dão – e não pagam – o dízimo, que ele é devolução generosa, conforme a fé e
a possibilidade de cada um. Fica, porém, algo de estranho no ar: se Deus dá com
tanta abundância ao ponto de não reter nada para si – o ser humano é provido de
liberdade para administrar a criação -, ele espera ou aceita algo em troca de
seu gesto amoroso? Já o salmista se pergunta: “Que retribuirei ao Senhor por
todo o bem que me deu?” (Sl 116,12) e se refere à salvação que vem pelo nome do
Senhor, sem responder convenientemente. Generosidade é, neste caso, algo que
vai além da devolução, pois devolução implica necessariamente uma forma de “pagamento”,
mas contém em si mesmo o conceito de gratuidade.
O generoso é generoso, não porque quer ser bom, mas muito
mais, porque experiencia a generosidade gratuita. A generosidade do generoso
não está em vista de provocar outros a serem também generosos, porém parte
daquilo que é experiência vivida e acolhida. Quer dizer que antes de alguém ser
generoso, ele já se experimenta envolvido pela generosidade do outro (Deus).
Quem nunca deixou se enlevar por esta experiência nunca poderá ser
verdadeiramente generoso.
Mas então, por que devolução generosa? Quando alguém é
generoso ele está devolvendo algo para Deus? O dízimo é esta devolução? Deus
precisa dela? Dá o que pensar!
A
generosidade e os pobres
Alguém pode pensar que Deus colocou os pobres no mundo
para que os generosos pratiquem sua virtude. Negativo! Isto seria crueldade da
parte de Deus. Deus, que é Amor, nunca sacrificaria uma criatura sua para que
outra possa ser virtuosa (ainda mais que a generosidade da criatura nunca ser
perfeita). Se existem pobres em nosso meio não é por culpa ou planejamento de
Deus. Deus fez tudo para ser bom; e, a pobreza não é coisa boa. Nem mesmo a
situação de quem é pobre. Se Deus ama o pobre, não é porque Deus o quer pobre.
Deus ama o pobre porque o quer bem. A generosidade de Deus é para com todos. Se
existem pobres, não é porque Deus é mais generoso para com alguns e menos para
com outros. O que acontece é que uns se apossam dos bens que Deus em sua imensa
generosidade, coloca à disposição de todos, isto é, dos outros. Assim se
desequilibra a harmonia querida por Deus. Alguns ficam com o que é dos outros.
A generosidade de Deus é atingida em sua aplicabilidade. É a ganância que tanto
sofrimento acarreta para o mundo todo.
O dízimo como reconhecimento (experiência) da
generosidade de Deus não devolve um pouco do recebido a Deus, que não quer nada
em troca de seu amor. É, no entanto, continuação da obra de Deus, que é o
Generoso. Como ele não pode não amar, ele mesmo, em Jesus Cristo, se identifica
com o pobre, para que a nossa generosidade o atinja lá onde está o pobre.
Todavia, o pobre – Jesus Cristo – não é atingido por quem quer fazer algo em
prol dele, mas somente quando a experiência do amor de Deus o faz estar em
comunhão, isto é, quando compartilha os mesmos desafios, as mesmas carências e
as mesmas dores do pobre. Generosidade é identificação, assim como Deus, em
Jesus Cristo se identifica com todo ser humano, preferencialmente com o pobre.
Uma paróquia que recebe o dízimo de seus fiéis somente é
“dizimista” quando se faz generosa. A sua generosidade é fruto do amor generoso
de Deus, manifestado nos membros que a compõem, e por sua vez, é generosa com
os pobres, os que clamam por identificação. Talvez seja também isso que o Papa
Francisco nos quer ensinar quando insiste em uma “Igreja pobre e em saída”.
Sejamos acolhedores da generosidade de Deus, sejamos
dizimistas generosos para que nossa paróquia possa se identificar com os
pobres, e assim se estabelecer uma rede de generosidade: Deus generoso com seus
filhos e filhas generosos.
Pe. Mário
Fernando Glaab
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Religiões a serviço da paz
AS
RELIGIÕES A SERVIÇO DA PAZ
A volta do religioso é constatado por todos os
observadores. A sociedade superou a fase crítica da indiferença e resistência
ao espírito religioso. Isto, no entanto, não quer dizer que as religiões, mesmo
a religião cristã e católica esteja aumentando numericamente. O que de fato
acontece é uma volta ao espírito religioso de cunho mais individual, conforme
as opções de cada grupo ou indivíduo. Pergunta-se, este retorno do religioso
ajuda a consolidar a paz entre as pessoas e das pessoas para com toda a
criação?
Lamentavelmente deve-se responder que não é bem isso que
se vê no cotidiano. O mundo de hoje apresenta um quadro relacional cada vez
mais carente de paz. Os conflitos entre os poderosos e ricos desta terra por um
lado e os fracos e pobres do outro, trazem como consequência imediata enorme
falta de paz. Cada vez mais o direito de vida digna é negado a indivíduos, a
famílias, a grupos e a povos inteiros. Isso causa violências, revoltas e mais
guerras, e a paz vai pelos ares.
Basta olhar as manchetes dos jornais para nos
escandalizar com notícias de roubos, corrupção, violências, mortes, assaltos e,
ultimamente vemos crescer a vergonhosa vingança e perseguição, geralmente
infundada e injusta. Assiste-se, estupefato, a ascensão de quem promete
construir muros, quando na verdade o mundo precisa de mais pontes. Aliás, todas
estas coisas são injustas e, ao invés de contribuir com a ordem e a harmonia,
cada vez criam mais desavenças e frustações.
Os gritos e apelos de milhões de seres humanos são
abafados e, pequenos grupos defendem seus interesses particulares. Enquanto
famílias inteiras são deslocadas de suas terras e de seus países, os grupos
dominadores conduzem seus negócios longe desses miseráveis, sempre na escuridão
ou escondendo a verdade. Prometem solucionar os problemas que tanto sofrimento
trazem, porém, mantendo as massas alienadas, acarretam cada vez mais dor e
morte pelo mundo afora. É triste saber que os alienados (provavelmente sem
culpa, pois a mídia os cega e não deixa ver a verdade) aplaudem e elegem seus
próprios “açougueiros”!
Paz
Diante deste quadro macabro, pintado com cores fortes
retratando sangue derramado pelas vítimas da ganância, inveja e maldade,
pergunta-se sobre a paz. O que vem a ser paz neste mundo onde há tanta carência
dela?
Paz, com certeza, não é aquela que os ricos e poderosos
desejam, a “paz dos cemitérios”. Esta é o calar a boca dos pobres para que não
perturbem. Dá-se lhes uma migalha para que sejam bonzinhos. Não, isso não pode
ser paz.
A paz, tão almejada pelo ser humano, pode ser resumida na
palavra “harmonia”, ou então, estar de bem com Deus, com o próximo e com tudo o
que nos circunda. Mas isto deve ser melhor explicado. Esta harmonia é algo
duradouro, realização plena para cada pessoa e para humanidade toda. O Papa
Francisco lembra que na paz “tudo está relacionado, e todos nós, seres humanos,
caminhamos juntos como irmãos e irmãs em uma peregrinação maravilhosa,
entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une
também, com terna afeição, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe
terra” (Ludato Si, n. 92).
A paz, é então um dom que se alcança porque se crê, não
no poder do dinheiro, dos ricos e poderosos deste mundo que só sabem explorar,
destruir e matar, mas na realidade divina e sagrada que ultrapassa todos esses
falsos valores. A paz, alcançada pela fé nessa realidade sagrada, é
verdadeiramente paz porque torna o ser humano livre das amarras e de seus
próprios impulsos animalescos. Somente homens livres podem experimentar paz e
transmiti-la. A fé faz viver. Quem não tem paz, não vive!
As
religiões
Todas as religiões, enquanto tais, no seu ímpeto de
estabelecer relações com o Transcendente, com o sagrado, estão, em última
análise, procurando a tão desejada harmonia entre o Criador e a criatura: a
paz. Cada tradição religiosa concebe esta paz do seu jeito. O cristão,
continuando a experiência da religião judaica, a vê como Reino de Deus, da
justiça, da fraternidade e da vida em abundância. É próprio de cada religião
partir da realidade das relações entre os humanos, lá onde se sonha com um
mundo melhor, mas onde também se enfrenta o mundo mau, desumano e destruidor da
vida. A função da religião é ultrapassar esta realidade transitória para
“entrar” em nova realidade. As revelações que se alcança nas religiões
pretendem responder às questões dos humanos e, que assim os elevam para o nível
superior da relação harmoniosa. Os limites são transpostos, não pelas próprias
capacidades, mas com as que vêm do alto.
Fé é comum a todas as religiões. Ninguém pode se
considerar religioso sem fé, justamente porque a religião o conduz a outra
realidade onde há “encontro” com Deus que renova as relações em direção da paz.
Podem haver muitas crenças distintas entre as diversas religiões, mas a fé não
pode faltar em nenhuma. A fé é fundamental enquanto as crenças e a maneira de
expressar a crenças são muito diferentes e superficiais. Às vezes, quando se dá
muita importância para as inúmeras crenças, surgem conflitos que muito
empobrecem a busca da paz.
A paz não é propriedade desta ou daquela religião; ela é
antes, buscada por cada uma. E, à medida que uma religião ajuda seu fiel a crer
na realidade divina ou sagrada, renuncia a tudo que é transitório; e se torna
mediação útil entre o crente e a realidade da paz. O relacionamento com essa
realidade é a paz, ou ao menos, o início da verdadeira paz. O fiel não alcança
a paz porque pertence a uma determinada religião, mas porque crê na realidade
transcendente, divina, sagrada, da qual a religião é mediação. A paz, é então,
mais que sossego; é um estado de espírito, uma forma espiritual de crer e de
viver harmoniosamente.
Mesmo que frequentemente as religiões se tornaram
culpadas por ambiguidades e até por sofrimentos, frutos de mecanismos
violentos; isto não tira seu valor intrínseco na busca da paz para todos. O que
acontece, nestes casos, é que se esquece a fé fundamental e se coloca em seu
lugar crenças e costumes que dividem e fanatizam. Nenhuma religião pode incitar
seus fiéis à violência. E como diz um teólogo de nossos dias: “(Nas religiões)
a reocupação em vencer não deve prevalecer em relação ao convencer, e o
convencer não pode ser condição para conviver pacificamente” (Elias Wolff,
coordenador do Núcleo ecumênico e Inter-religioso da PUCPR).
Conclusão
A paz é anseio universal. Porém, alguns a procuram
egoisticamente só para si ou para o seu pequeno grupo. Ignoram os demais e, por
isso, usam meios, os mais deploráveis, quais são a exploração, o roubo, a
corrupção e múltiplas formas de violência. Enganam-se, pois a paz não consiste
nestas coisas. Mesmo que todas as religiões sejam intermediárias entre seus
fiéis e a realidade sagrada, alguns as usam com intenções falsas: aproveitam-se
delas para, mais uma vez extravasar sua ganância egoísta. Alienam os mais
fracos, dando-lhes a ideia de que observando certos costumes e escondendo-se
atrás de determinadas crenças, são possuidores e promotores da paz.
Todavia, as religiões contribuem para a paz na humanidade
quando ensinam a ser com o outro, ensinam a conviver social e espiritualmente
com o outro, a buscar com o outro, dialogar com o outro. Talvez este seja o
primeiro passo no rumo da paz duradoura, com a qual todos sonhamos; e que Jesus
Cristo anunciou e proclamou. É preciso ter coragem para converter, não somente
a nós mesmos individualmente, mas também as nossas religiões.
Pe. Mário
Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com.br
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Meditar e refletir
CRER
É PRECISO, PENSAR TAMBÉM
Sem entrar na complicada discussão da relação entre razão
e fé, entre conhecimento científico e conhecimento infuso, queremos refletir e
meditar sobre “crer” e “pensar”. Pois se alguém afirma que hoje, mais do que
nunca, é preciso crer, devemos completar, e pensar também. Aliás, os tempos e
as situações, no percorrer da história, mudam, mas os desafios são sempre os
mesmos. O ser humano não deixa de ser impulsionado a procurar respostas para os
questionamentos mais existenciais, tanto na dimensão da fé quanto na dimensão
racional.
Fé
Se acreditar é fruto da fé, é consequência da adesão
consciente a Alguém ou a algo que escapa da demonstração científica. Neste
caso, ter fé é mais do que aceitar simplesmente. Na verdade, a doutrina cristã
ensina que a fé é uma das três virtudes teologais, isto é, infusas por Deus na
pessoa que acolhe Jesus Cristo como Senhor no batismo. É, então, um dom que o
fiel recebe, mas que ele precisa desenvolver. Claro que não se pode restringir
a fé somente aos cristãos, achando que outras pessoas não possam ter fé. Deus não está amarrado aos nosso esquemas
sacramentais; eles, porém, são o caminho ordinário que por meio de Jesus Cristo
nos levam ao mistério de Deus.
Não resta dúvida de que o ser humano, sempre foi e sempre
será convidado a sair de si, de suas respostas imediatas, e se elevar a uma outra
esfera, a esfera do sobrenatural. Nem mesmo as respostas da filosofia
satisfazem o profundo desejo de conhecer o sentido da vida, do Transcendente e
do mundo. Justamente aí entra o convite à fé. Deus, de mil e uma maneiras se
comunica aos humanos – sempre em “linguagem” humana -, para que saiam de si e
tenham fé. No entanto, Ele não obriga ninguém a fazer isso. Ele não dá sinais
que possam ser comprovados em laboratório ou calculados matematicamente. Ele
propõe, convida e aguarda adesão. É misterioso o fato de alguns crerem e outros
não crerem. Mas, a fé igualmente não pode ser mensurada com medidas humanas.
Quem pode entrar no íntimo do coração alheio para lhe medir a fé ou a falta de
fé? Na verdade há dois tipos de pessoas que afirmam a necessidade da fé:
aqueles que a possuem e aqueles que não a têm mas a confundem com sua preguiça
de pensar. Estes últimos justificam seu comodismo ou sua incapacidade de pensar
dizendo que é preciso crer, uma vez que as coisas são muito complicadas para
ser entendidas.
Razão
É próprio da razão humana pensar. Seu pensamento, quando
bem ordenado, busca respostas para os mais diversos questionamentos da vida. No
decorrer da história o pensamento humano fez enormes progressos, conquistou
muitos conhecimentos, desenvolveu os mais diversos saberes que, além de
satisfazerem muitas curiosidades, tornam mais digna e mais prazerosa a vida
humana. A tecnologia – fruto do desenvolvimento científico -, quando colocada a
serviço do bem de todos, facilita a comunicação e a colaboração entre as
pessoas, tornando a vida mais alegre e menos assustadora diante de tudo que se
lhe opõe.
Como o ser humano é ser-pensante, nada justifica
renunciar a tal propriedade. Quanto mais humano alguém quer ser, mais pensante
deve ser. Nada o dispensa de procurar respostas diante de sua “curiosidade” frente
ao mundo e frente aos desafios da própria vida, da vida dos outros e de toda a
criação. Passar por esta vida sem pensar seria o mesmo que passar por inúmeras
oportunidades de se realizar e de ajudar na realização dos outros, e nada
fazer. Seria dizer: eu não posso ajudar, mas creio que Deus o faz por mim.
Isto, na verdade, seria covardia. Seria atribuir a Deus o que é da
responsabilidade humana.
Meditar
e refletir
O homem de fé medita, o homem que pensa reflete. Isto,
todavia, é muito esquemático, pois a meditação conta com a reflexão, e a
reflexão conta com a meditação. Somente medita quem reflete e, a reflexão abre
portas para a meditação. Como vimos, a fé é um dom gratuito de Deus, aceito e
cultivado livremente pelo ser humano. Mas isso não o dispensa da busca incessante
de respostas para os desafios da vida e do mundo. E, o ser humano que reflete,
mesmo que não tenha fé, pode se sentir impulsionado a dar um passo para o além,
para o Transcendente. Seria o passo para a fé.
Crer é preciso, no entanto, pensar também o é. E, pode-se
dizer mais ainda: ninguém pode ser forçado a crer, mas quem não quer pensar,
também não pode exigir nada do relacionamento humano, uma vez que ele não
colabora com nada. Crer é graça, pensar é dever humano.
Crer por não querer pensar é covardia; pensar para crer é heroísmo.
Crer por não querer pensar é covardia; pensar para crer é heroísmo.
Pe. Mário
Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com.br
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Hunsrickisch Geschitje
DAT
FISCHEREI
Fria wie mea all noch Kinna wore, so freche Kurizzode, do
is doch Allehand intressantes passiat. Mea hatte doch dicht bei uns die Rio; de
Fluss is doch groat so viahunnet Meta hinna unsa haus dorich gelaaf. Wo mea
gewoht hon dat wo jo so en schen Platz: de Fluss, dat Potrea mit grosse Beim
vun alle Satte, de Wech wo de Berich nuff gang is, die Heissa – unsres un de
Nochbas eres – die Kuhstell, Schweinestell, Hinkelstell, die Paiol un was noch
alles debei geheat. Dat hat alles herlich ausgesien.
Wen mo so via oda finf
Kuri beisamme wore, do is Allehand oangefang gep. En schene Toach, so in en
heise Sommanommintach, do wolte die Lausbuwe mo fische gehen. Naja, Werm honse
sich gesucht un mo die Angle sammegeraft. Gleich wore se ach an de Riobaranke.
Schun hot de een geschroit: “Chá pekei um lampari”; de annere: “eo um Kará. É
pequene, mais eo chá coloquei outra minhoc, e vo tirá um pintode”. Un so is dat
so em Zeit gang. Jede wolt jo doch de beschte Fischa sen, un die meiste un
greste Fisch fange. Wie awa mo so em Stunn rum wo, do wo de Luscht vobei. Uff
emol sot de grescht von de Kuri: “Eo vo tomá panho; o ákua tá worem”. Dat wo
blos ruck um zuck un Jede wolt doch so schel wie ficks in das Wassa.
Ja, sich se bote in dem
worem Wassa, das wo jo schen um gut; awa di Kurizzode hatte doch kei Botshose, un
die Unnahose deft doch net nass gemach werre, das die Mama das net rausgriche
tet.Die Mama hat doch imma oangehal, die Buwe solte net in’s Wassa, dat wea so
geferlich. Die Junge hon awa gokei Zerimonie gemach. Die hon mo geguckt ob grot
kei Weibsmensche in de Neh were, un dan Alles ausgezoh: Hose, Hemd un Unnahose.
Do honse gestan wie Adam un Ev im Paradies, puddeleschichnackich! Naja, das wo
jo ach net de greste Scandal. Die Kelle wolte sich doch mo bisje vergniche.
Awe, awe! Uff emol hat
ma spreche an de Barranke geheat. Un werklich, dat wo doch die Mamai mit de
Komadre un ihre Tochta, tat Mariche wo schun so en Medche woa. Un jetz? Keine
deft doch aus dem Wassa, weil se doch sich net so zeiche kinte. Parbaritode!
Blos die Kepja hon raus gekuckt. Noch net mo schwemme wo meglich, weil dan de
Hinnre zum voastand komme kint. Die weiwa hon dat gestan un geschtaunt: “Was
macht dea in dem Wassa? Wen dea fosauft! Dea hat doch gonet gebeicht in de
letzte Toche, dea kommt in de Hell. Gleich raus!” Wie dan de ene Kuri mo gesot
hot “ja, mea wolle raus awe mea kinne jo net”, do hot die Mamai es schun
verstan. Sie soat iwa die Komadre “komm mea gehn hem, die Kuri komme oach
gleich. Dat Marichen wolt jo ken noch bisje watte, awe die Muttre hon das doch
net erlaupt.
So hat die Fischerei
sich geend, um Alles is gut ausgang. Gute Zeite!
Glaabsmário
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
Igreja "em saída" e Igreja "em entrada"
O
PERIGO DE SER “RELIGIOSO”
Existem religiosos e “religiosos”. Não quero falar dos
religiosos, daqueles que pertencem a ordens ou congregações religiosas e que o
são por vocação. Quero, no entanto refletir sobre uma outra concepção de
religioso, que em si não tem nada de extraordinário, mas que, pelo fato mesmo
de ser religioso, está em contínuo risco de se desviar do que lhe é próprio.
Religiões
e religiosos
As religiões têm como finalidade específica religar a
Deus; ou estabelecer uma via entre o Transcendente e o Imanente, entre Deus, o
ser humano e as criaturas. Aqueles que optam por uma religião tornam-se
religiosos, por “utilizarem” este caminho que os une a Deus, com os demais
humanos e com toda a criação. No seguimento religioso os indivíduos se tornam
presença no mundo da realidade que vai além do que é somente do mundo. Em
outras palavras, mostram e realizam concretamente a atuação de Deus no
emaranhado das coisas e acontecimentos da história deste mundo.
As religiões e os religiosos, como se pode ver, são de
extrema necessidade para que a realidade onde se encontram as criaturas possa
ter respostas que vão além do imediato. Dar sentido para questões que não
encontram significado somente nas explicações científicas, técnicas,
econômicas; muito menos na sede do poder, do prazer e do ter. As religiões e os
religiosos convidam e levam para valores que ultrapassam estes falsos valores,
que na verdade, não libertam, mas prendem e escravizam. Tornam a vida e os
relacionamentos humanos insuportáveis. Assim, um mundo sem religião é um mundo
sem significado; mas, o mundo religioso é estabelecido em relações novas e
valores que dão sentido para opções que não são percebidos sem a presença da
religião.
Até aqui não estamos falando desta ou daquela religião
específica, sabendo que no passado e no presente existiram e existem inúmeras
religiões, cada uma com suas qualidades boas e com suas dificuldades e limites;
todas, no entanto, procurando estabelecer o contato entre o divino e o humano.
Pretendemos agora nos referir à nossa religião cristã, mais diretamente à
Igreja, da qual também nós somos membros e que faz de nós religiosos.
Igreja
“em saída” e Igreja “em entrada”
O Papa Francisco insiste, e volta a insistir, numa Igreja
“em saída”. Se ele insiste nessa questão, podemos nos perguntar sobre o
contrário: Igreja “em entrada”, o que é isso? Certamente esta Igreja está por
aí, e está camuflada ao ponto de muitos não a verem. Estejamos atentos.
Mas, o que o Papa entende com Igreja “em saída”? Ele
mesmo explica: uma Igreja que se envolve com todas as realidades humanas; uma
Igreja que, por causa de Jesus Cristo – seu Mestre e Senhor – não tem medo de
se machucar no encontro com os machucados da vida. Uma Igreja que busca levar a
todos a Boa Notícia de que Deus é um Deus misericordioso e libertador. Deus
quer levantar todos, sem discriminar ninguém. E por isso se faz um com todos,
principalmente com os mais esquecidos e necessitados. Igreja “em saída” é a
Igreja que anuncia e realiza a salvação do mundo, pois leva a todos o próprio
Salvador, Jesus Cristo.
A Igreja “em entrada”, por outro lado, deve ser o contrário.
Isto é, uma comunidade que se fecha sobre si mesma. Ela está preocupada em se
autodefender, cuidar-se para não se contaminar com os males que afligem a
humanidade. Mais do que isso, ela se acha boa. Ela possui saúde, pois Cristo, o
Divino Médico é posse sua. Todos os que aderem a ela estarão protegidos,
contanto que se “abriguem” à sua sombra e não se exponham aos ventos frios das
ruas do mundo. Triste constatação: Era assim que Jesus quis a sua Igreja?
Aliás, sabe-se que há uma tentação muito forte entre os
fiéis da Igreja no sentido de buscar refúgio contra os ataques do mundo
infestado pelo mal. È bem mais fácil se fechar num templo e lá, junto com
irmãos seletos, louvar o Senhor, do que estar nas ruas e vielas das cidades ou
dos campos onde estão os caídos à beira dos caminhos, vítimas da violência, dos
vícios, das incompreensões, dos preconceitos e das expulsões, até mesmo das
comunidades de fé. Esta Igreja, porém, se atrofia, fica doente, pois o Espírito
de Cristo impele os discípulos de Jesus a saírem para os confins do mundo. As
portas e janelas fechadas são sinais de medo, de falta de fé no Ressuscitado.
Uma vez que o Ressuscitado derramou seu Espírito sobre os discípulos medrosos,
eles não podem mais ficar fechados; necessitam sair e pregar a todos, sem medo
e sem vergonha. Testemunhar que Ele vive e que quer curar todos os males da
humanidade. Ele o faz pela Igreja, concretamente pelos seus fiéis, discípulos
verdadeiros de Jesus de Nazaré.
Religiosos
perversos
Por incrível que pareça, as religiões podem perverter
seus religiosos. Isto acontece quando as religiões domesticam as consciências
dos fiéis. No nosso caso, o cristão, que deve ser sempre chamado, convocado e
seduzido por Jesus Cristo a sair, como discípulo dele pelo mundo ao encalço dos
pobres e pecadores para “ressuscitá-los”, mas que encontra na Igreja somente
consolo e paz de consciência e se sente protegido, é um típico “religioso em
perigo”. Este, na verdade, está buscando “seu ninho” na Igreja onde pode viver
tranquilo e não ser infectado pelos vírus que estão “lá fora”. A pureza em
excesso se torna psicose maníaca!
Deve-se desconfiar dos religiosos que se julgam melhores
que a grande maioria das pessoas. São tantos os religiosos que por causa de sua
condição e status conquistados,
esquecem ou até desprezam os demais. Gostam de ser lembrados como ministros,
catequistas, diáconos, padres, bispos...; fazem questão dos títulos de destaque
– excelência, reverência, ilustre senhor(a) -, usam vestes distintivas para
serem diferentes e procuram os primeiros lugares. O termo “irmão” perde seu
significado verdadeiro entre eles. Pior, quando na comunidade existem rixas e
ciúmes, um competindo com o outro pelos postos melhores e mais importantes.
Um exemplo típico da perversão dos religiosos são os
símbolos do cristianismo transformados em símbolos de poder e de dominação. A
cruz, que lembra Jesus de Nazaré humilhado até o extremo, abandonado por todos
(até pelo Pai!), condenado pelos líderes religiosos e políticos de seu tempo,
chega ao absurdo de ser desfigurada em objeto de poder e de dignidade, que se
coloca sobre o peito de imperadores, militares, homens ilustres; é colocada em
tribunais, locais públicos e mesmo nas casas. Cruzes de ouro e de pedras
preciosas. Cruzes que são uma zombaria da dor e do fracasso de todos os seres
humanos nos quais Jesus continua sofrendo e fracassando nesse exato momento.
Mas para os religiosos ela é sinal de dignidade e proteção.
Que tal, se soubéssemos ver nas cruzes que “enfeitam”
nossos peitos e nossas salas os irmãos sofredores de hoje? Ou até substituir o
crucifixo da parede por uma foto de crianças assustadoramente magras e
famintas, por refugiados de todos os tipos, por sem-terra e sem-teto, por
homens e mulheres de rua mal cheirosos e maltrapilhos? Talvez afastaria da
tentação da “religião de proteção”, do “perigo de ser religioso”.
Ter religião e ser religioso é preciso; mas bem
entendido, para que o mundo possa ser um pouco melhor. Nunca para que o homem e
a mulher “religiosos” possam se sentir melhores que os outros.
Pe. Mário
Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Novos tempos na pastoral
PASTORAL
ATUALIZADA
A Igreja, em todos os tempos de sua existência pelos
séculos afora, sempre teve consciência de que, a partir do ordem de Jesus de
levar a Boa Nova a todas as criaturas, sua missão é pastorear, isto é,
trabalhar pastoralmente, ou fazer pastoral. Sem dúvida, conforme as épocas e as
diversas circunstâncias, esta tarefa teve mais ou menos importância; mais ou
menos intensidade, contudo, nunca deixou de estar presente nas atividades
evangelizadoras da Igreja. Dito isso, voltemo-nos para a questão que se coloca
diante de nós hoje: como a Igreja deve atuar em nossos dias para que a sua
atividade pastoral responda aos anseios e necessidades do mundo hodierno? Ela
responde às perguntas que o nosso povo faz hoje? Responde a esta gente que vive
em situações cada vez mais desafiadoras e complexas; ou pretende responder às
questões que ninguém mais coloca, sempre do mesmo jeito como respondia no
passado?
Muito se discutiu sobre isso. Muitas contribuições de
especialistas estão ao dispor de quem busca por análises, aliás, o Magistério
da Igreja continuamente produz orientações a nível mundial, nacional, regional
e até nas dioceses e nas paróquias. Porém, isso não dispensa a preocupação de
cada um no sentido de se atualizar e colaborar na busca dos melhores
instrumentos para uma pastoral eficiente e adaptada à realidade das pessoas de
nossas comunidades concretas, aos seus anseios e desafios. Assim, não
pretendemos apontar para soluções acabadas – seria muita pretensão! -, mas
apenas contribuir com algumas reflexões e sugestões.
Mundo
agitado
Usemos a imaginação: se um pároco que viveu há cem anos
atrás em uma paróquia do interior de nosso vasto país chegasse hoje para
continuar o seu trabalho no mesmo lugar, como seria? Pobre coitado! Independentemente
das suas qualidades intelectuais e morais; até mesmo se tivesse sido um santo,
ele não se adaptaria mais, de forma alguma, à sua paróquia que, por força das
muitas mudanças na sociedade, já há bastante tempo não é a mesma. Ou ele precisaria
passar por uma longa transformação – com certeza impossível -, ou não faria
mais nada; e provavelmente impediria qualquer avanço da paróquia.
A paróquia pacata e centrada no padre já não existe mais.
A situação está toda mudada. A porcentagem de fiéis que são totalmente alheios
à Igreja aumentou assustadoramente; os que “fiéis oportunos” – que aparecem lá
de vez em vez quando têm uma criança para batizar, um casamento ou exéquias -,
são um desafio constante; e, os que podem ser considerados paroquianos verdadeiros
subdividem-se em muitos grupos. Alguns superativos, envolvidos nas diversas
pastorais e movimentos; outros com estilo mais tranquilo, no entanto, bastante
críticos. O padre necessita estar presente em toda a paróquia e junto a todas
as atividades. Questões morais, das mais estranhas, fazem parte do cotidiano; e
os problemas administrativos não são esporádicos. Além de tudo isso, existem os
planos pastorais da Igreja a nível nacional, diretrizes e urgências. Roma não
deixa por menos: documentos pontifícios aparecem continuamente.
Isto é apenas um pouco do mundo agitado onde se encontram
as paróquias; mais nos grandes centros, talvez pouco menos nas pequenas
comunidades do interior; contudo, em toda parte os desafios são enormes. Aí o
pároco, com uma boa equipe, deve se lançar de corpo e alma à pastoral. Pastoral
atualizada e sempre em atualização.
Boa
pastoral não é sinônimo de sucesso
A mentalidade atual quer fazer crer que sucesso é o mesmo
que bom trabalho. Não é verdade. A longa experiência da Igreja convida a ir
mais a fundo na questão. Em se tratando do anúncio do Evangelho, o fiel há de
saber que a dedicação é importantíssima, mas não é tudo. Algumas vezes os
frutos não surgem onde se planta com grande esforço, mas aparecem onde menos se
espera, ou mesmo onde pouco se investiu. Depara-se aí na questão do mistério da
graça. Jesus falou sobre isso quando comparou o crescimento do Reino à semente
que é lançada na terra e que germina e cresce sem o agricultor saber como isto
acontece (cf. Mc 4,27).
Contudo, nem hoje nem no passado pode se dispensar a
dedicação dos pastores e agentes de pastoral. Até mesmo na parábola que Jesus
contou ele não esquece do semeador. O trabalho dedicado de quem semeia, prega
ou organiza as pastorais na comunidade é indispensável. Além de exigir muito
esforço, precisa ser feito de tal maneira que sempre esteja lá onde está o
interesse das pessoas, isto é, estar no lugar onde as pessoas procuram chegar.
Se nem toda boa pastoral leva a sucessos imediatos e visíveis; com certeza, os
sucessos pastorais que aparecem nas comunidades têm atrás de si muito trabalho
e pastorais bem planejadas e criativas.
Novos
meios de comunicação
A mensagem evangélica é sempre a mesma: Deus Salvador
entre nós. Mas o jeito de levar esta mensagem às pessoas de hoje não pode
continuar como era nos tempos passados. Já não se busca conhecer o Evangelho
somente em “sermões” ou em “aulas de catecismo”, mas os olhos e ouvidos das
pessoas estão nos modernos meios de comunicação. É difícil encontrar um jovem,
um adolescente e, mesmo uma pessoa adulta que nãos esteja conectada às redes
sociais, que não esteja com seu celular ao toque de sua mão. A televisão e a
internet estão em toda parte. E, em tom de brincadeira, podemos dizer que se
não quisermos que Deus seja expulso do lugar que lhe é próprio (em toda parte),
precisamos garantir-lhe seu posto em todos esses novos meios de comunicação,
caso contrário, eles o dispensam! A pastoral, para ser válida também hoje,
necessita inserir seu conteúdo evangélico em toda parte, aproveitando qualquer
brecha que encontrar nos meios de comunicação que todos usam.
Neste sentido é que se deve falar dos planos para a ação
pastoral. Estes planos nunca podem partir de especialistas somente. Devem, sim,
contar com profissionais pensantes que sabem olhar para a realidade; contar com
a experiência de líderes que caminham com as comunidades; que sentem as
alegrias e as tristezas, as angústias e os sucessos dos homens e das mulheres
nos desafios do dia-a-dia. A partir de tudo isso, iluminados pela fé que se
professa expressamente, mas igualmente pela fé que o povo muitas vezes não
consegue expressar, elaborar planos, projetos a formas novas de evangelizar.
Mais com o intento de ser Igreja-Sacramento-da-Misericórdia-de-Deus do que
Mestra que ensina; mais como serva que vai aprendendo e se moldando ao novos
desafios da vida e das comunidades que “Senhora Sábia” e que está acima de
qualquer problema.
Neste sentido, tanto gestores como agentes de pastoral
estão na mesma luta. Cada um no seu devido lugar, mas unidos pela mesma vontade
de ajudar na construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna; lugar onde
todos podem viver com dignidade, viver sua fé, sua esperança e sua caridade;
dando oportunidade para que Deus ocupe o seu lugar em toda parte. Este será um
projeto que passa do teórico para o prático, e que colabora verdadeiramente com
a implantação progressiva do Reino de Deus neste mundo, mesmo que o nosso mundo
não seja mais como ele era a cem anos atrás. O nosso mundo agitado também
precisa de Deus. Nós, como Igreja, temos nossa parte de responsabilidade neste
processo.
Pe. Mário Fernando Glaab
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
Dízimo é gratuito
DÍZIMO
E GRATUIDADE DE DEUS
Apesar de todas as explicações e reflexões que se fizeram
nos últimos tempos, pode parecer que os dois conceitos – dízimo e gratuidade de
Deus - não se harmonizam totalmente. Mesmo que a Pastoral do Dízimo, nas
últimas décadas, tenha insistido enormemente para mostrar que o dízimo não é
“pagamento”, mas oferta de amor, ainda permanece certa dúvida e até convicção,
talvez escondida no profundo de nossa religiosidade, de que o dizimista fiel
recebe mais bênçãos que o não-dizimista. Aliás, se Deus é justo, justiça se
faz. O Deus da Gratuidade sem limites para com todos é outro assunto, que não
convém abordar quando se fala de dízimo. Mas, vejamos.
Jesus
e a generosidade
Na verdade, a ideia de que Deus dá a suas bênçãos aos bons
dizimistas é veterotestamentária. Jesus nunca ensinou isso. Jesus, em toda sua
pregação e nos seus feitos, anunciou uma ilimitada confiança no Pai que não faz
distinção entre seus filhos. Conforme Jesus, o Pai do Céu faz o sol nascer
sobre os bons e os maus, chover sobre justos e injustos (cf. Mt 5,45), pois
todos estão incluídos no seu amor paterno. O que Jesus anuncia e instaura é uma
nova realidade, onde todos têm acesso à misericórdia de Deus. Onde a vida é
valorizada naquilo que é: dom de Deus. É, em outras palavras, o Reino de Deus
na terra. Neste Reino há abundância para todos, pois será vida em plenitude.
A tarefa da Igreja, mãe generosa, é ser sinal eficaz do
Reino de Deus no mundo, para que todos possam ter acesso à vida plena. Quem a
experimenta, ou melhor, a vivencia a vida em plenitude, não pode mais se fechar
no egoísmo que quer tudo para si. Abre-se para compartilhar com todos o que
encontra no Reino. Abandona qualquer iniciativa de comércio ou barganha com
relação a Deus ou ao próximo. Seu partilhar é pura generosidade. Acolhe o Reino
com simplicidade; compartilha os bens na visão do Reino generosamente sem
esperar nada em troca. Toda doação é fruto da pertença ao Reino, ou melhor, o
Reino do Pai é a base de qualquer gesto cristão que assim se torna gratuito,
como é gratuito o Reino.
Deus não se deixa vender e nem ser comprado. Não aceita
oferendas manipuladoras, mas se dá com alegria aos pequenos e aos pobres.
Aliás, Jesus o louva por isso, ao exclamar: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e
da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste
aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado” (Mt 11,25). O louvor de Jesus
é a revelação da alegria do Pai. À medida em que o ser humano começa a entrar
na ótica de Jesus, ele igualmente sente alegria ao se poder doar. Estas são
coisas que o mundo não consegue entender, pois são escondidas aos sábios; não
porque Deus as escondeu, mas porque ele tem outros interesses. O que procura
não confere com o que os pobres e pequenos buscam. Ele corre sofregamente atrás
de bens materiais, do dinheiro, do poder, da fama e do prazer. Os filhos do
mundo estão anestesiados diante dos valores do Reino.
Dízimo
é sinal do Reino
Tendo como base a gratuidade com Deus nos oferece a
participação em seu Reino, podemos apresentar o dízimo na visão cristã. Ele não
é recomendação, ou mandamento de Jesus. É bem mais do que isso. É fruto
autêntico do único mandamento de Jesus, o amor. Aquele que ama é do Reino. No
Reino a vida é partilhada.
Dar o dízimo na comunidade de fé e de vida, nada mais é
que compartilhar o Reino que buscamos e que recebemos gratuitamente de Deus e
dos irmãos. Dar o dízimo para que a comunidade tenha condições de existir é
aprender sempre de novo a realidade nova do Reino de Deus. Não se mede a
generosidade pelo valor pecuniário do dízimo, porém pela consciência da
pertença do fiel ao Reino de Deus. Uma vez que no Reino de Deus há vida para
todos, o dizimista colabora com sua generosidade na construção da vida do Reino
em sua comunidade.
Portanto, o dízimo cristão não é uma forma sábia que a
Igreja encontrou no decorrer dos séculos para sobreviver e para adquirir as
bênçãos e graças de Deus em favor dos seus fiéis, mas é partilha generosa com
os irmãos da comunidade, resposta generosa de quem experimenta e vive a
gratuidade de Deus na construção do Reino em meio os desafios do mundo. Mesmo
que a sociedade em geral prega o egoísmo, o consumo desenfreado, a falcatrua, e
tudo o mais que divide as pessoas, o dizimista continua testemunhando as coisas
“escondidas aos sábios e entendidos” mas reveladas aos pequenos, os benditos do
Pai, o amor generoso que sabe se doar como Deus se doou em Jesus.
Pe. Mário
Fernando Glaab
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Pastoral hoje.
PASTORES
CONVERTIDOS – PASTORAIS CONVERTIDAS
Nos últimos anos, principalmente a partir da V
Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe em Aparecida,
falou-se muito sobre a conversão pastoral, tão necessária para a Igreja, para
os pastores e para cada cristão que pretende levar a sério o Evangelho no
contexto em que vive, concretamente, na comunidade onde se encontra. Comunidade
esta que é sempre perpassada por sociedade extremamente plural, com situações
muito diversas: gente boa, menos boa e má; gente que vive na prosperidade,
gente que possui o necessário para bem viver e, muita gente que vive na
carência do que é preciso para uma vida digna, que pode ser resumida nos termos
técnicos: teto, trabalho e terra.
Pastor
e pastoral
Não há muito que discutir, para o cristão, ser pastor é
ser parecido com Jesus de Nazaré, que desde o início da missão até o fim,
sempre se apresentou e agiu como o Pastor por excelência. Ele é, e sempre
haverá de ser, o modelo para quem pretende colaborar com a Igreja no pastoreio
das milhares de ovelhas que andam pelos prados deste imenso continente
latino-americano, tantas vezes machucadas, perdidas e famintas. O pastor, a
exemplo do Mestre de Nazaré, necessita ir ao encalço das que estão extraviadas
e excluídas pela sociedade que, como o lobo feroz, devora e destrói
violentamente. Sem dúvida, para continuar a missão de Jesus no hoje da história
e no aqui da realidade, o Evangelho necessita de atualização. Precisa ser
reinterpretado a partir de onde cada pastor está – junto das ovelhas. Não dá
para esquecer que o Espírito Santo que impulsionou Jesus a ir ao encontro da
ovelha perdida, já vai na frente de qualquer empreendimento pastoral. Ele está
lá, esperando que o pastor o descubra e o deixe agir. Ele, o Espírito, não
fala; mas quer iluminar o pastor para que proclame aí a Palavra, que é o
Cristo. O pastor, então, longe de se apresentar com palavras prontas, vai para
junto das vítimas de todas as espécies - em uma palavra -, junto aos pobres. Lá
irá reinterpretar a Boa Notícia que Jesus de Nazaré não cansa de anunciar: “O
Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para
anunciar a Boa-Nova aos pobres” (Lc 4,18).
A pastoral, longe de ser um “empacotado” que vem de cima,
pré-concebido nas secretarias paroquiais ou diocesanas, será experiência
concreta da vida querida, amada e protegida nas mais diversas situações e
desafios que o nosso mundo apresenta. Planejamento não será dispensado, mas a
metodologia usada em uma pastoral convertida há de ser a que o Espírito indicar
em cada caso. Conforme as pessoas, sua cultura, suas tradições, seus costumes,
porém especialmente, diante dos desafios mais prementes da comunidade, à luz da
Palavra de Deus, da experiência do amor vivido por séculos na Igreja,
escolher-se-á o melhor método de evangelizar. Esta será a pastoral convertida.
Novos
conceitos e novas posturas
O Papa Francisco nos lembra com propriedade que a Igreja
deve ser “Igreja em Saída”. Mesmo que oficialmente a Igreja deixou de lado a
preocupação do proselitismo, ainda existem fortes resquícios desta prática em
numerosos cristãos de hoje. Isto se verifica quando nos planejamentos pastorais
se olha em primeiro lugar para aqueles que normalmente participam das
celebrações litúrgicas nas igrejas, contribuem com seu dizimo, têm seu filhos
na catequese, fazem encontros de formação etc., e se constata, com tristeza,
que são poucos. A partir desta constatação, para aumentar o número dos
“arrebanhados”, procura-se encontrar o método mais conveniente para convencer o
maior número possível. É o caso do pastor que diz consigo mesmo: “graças a
Deus, eu tenho a igreja sempre cheia!”, e às vezes faz comparações com as
paróquias dos colegas que não têm tanta sorte assim.
Nossos tempos exigem novos conceitos e novas posturas
para o trabalho evangelizador, deixando de lado a preocupação com o
proselitismo, e mais ainda a competição com outras igrejas. “A Igreja não faz
proselitismo. Ela cresce muito mais por ‘atração’: como Cristo ‘atrai todos a
si’ com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da cruz, assim a Igreja
cumpre a sua missão na medida em que, associada a Cristo, cumpre a sua obra conformando-se
em espírito e concretamente com a caridade do seu Senhor” (Bento XVI na Missa
de Inauguração da Conferência de Aparecida).
Se amor de Cristo o levou a estar junto das vítimas de
todos os tempos, e assim, com eles ir à cruz, um conceito de pastoral
verdadeiramente novo que gera nova postura não pode ser outro, a não ser o de estar
do lado das vítimas e dos pobres em geral, mesmo que isso leve também à cruz.
Esse novo conceito e essa nova postura desafiam a todos nós, mas quem não
estiver disposto a tomar sobre si a sua cruz, também não é digno do verdadeiro
Pastor Jesus.
Na história do cristianismo já surgiram inúmeras
preocupações para manter a Igreja bem protegida de ataques externos. No
entanto, a história também ensina que muitas vezes essas preocupações, quando
não bem fundadas no Bom Pastor, fizeram grande mal. Quem, no afã de ser
ortodoxo, divide, separa, exclui, marginaliza ou condena, é um dos piores inimigos
da Igreja e do Evangelho. Às vezes, esse inimigos são os que parecem “piedosos”
e, com frequência estão entre os que têm cargos de autoridade e poder na
Igreja. Cuidemos para ter ideias e conceitos claros para nãos nos tornarmos
inimigos da Igreja ou sermos cúmplices dos inimigos.
Portanto, tanto a Igreja quanto os pastores da Igreja
necessitam de conversão. E sempre de novo. O Bom Pastor é o grande ideal. No
entanto, as tentações de se fazer pastor e pastorear em seu próprio benefício
estão sempre presentes. A conversão é um processo contínuo de purificação e de
atenção, pois o Espírito clama, não por Si (não tem voz), mas o faz pela voz
das vítimas de nossas sociedades injustas e excludentes. Se Jesus aceitou a
função mais baixa a que uma sociedade pode submeter alguém: a de delinquente
executado por blasfêmia e subversão, também os que lhe querem servir não podem
temer esta mesma sociedade e o ela lhes tem a oferecer.
Pe. Mário Fernando Glaab
www.marioglaab.blogspot.com
segunda-feira, 4 de julho de 2016
Misericórdia - uma maneira de "ser".
OBRAS
MISERCORDIOSAS E SER MISERICORDIOSO
Durante
este ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia que, segundo o desejo do
Papa Francisco, quer levar todos à contemplação do rosto misericordioso de Deus
e à prática da misericórdia em toda a nossa existência, muito se falou sobre o
tema. Porém, quero aproveitar para mais algumas reflexões.
Ser
misericordioso é mais que fazer obras de misericórdia
Certa catequista, ao explicar para as crianças a
necessidade de praticar as obras de misericórdia, ficou confusa diante da
pergunta de uma menina. Entre as obras de misericórdia a criança se deparou com
aquela que pede a visita aos presos. “Isso eu não posso fazer, pois é perigoso;
e nem sei se me deixam entrar onde estão os detentos”, exclamou ela,
preocupada. “Será que eu não posso fazer o que o Papa pede de nós?” A
catequista não soube explicar, uma vez que estava diante de um dilema: Deus não
pode querer o impossível, mas as obras de misericórdia de fato continham também
esta de visitar os encarcerados.
As obras de misericórdia são objetivas, isto é, estão aí
para todos ver. Mas, nem todos podem fazer tudo. No caso da criança, é claro
que não compete a ela realizar algo para o que ainda não está apta e, mais
ainda, que seria perigoso e impossível. Neste caso, a virtude de prudência
equilibra as coisas. Mas não é isto que quero apresentar. Pretendo refletir
sobre o “ser misericordioso”.
Interessante observar que Jesus não prega as obras de
misericórdia, mas as supõe no julgamento. Pode-se entender que elas são
consequências de quem é misericordioso. Ele apenas diz que é preciso ser
misericordioso como o Pai é misericordioso (cf. Lc 6,36), insiste no amor ao
próximo e manda seguir o exemplo do samaritano misericordioso ( cf. Lc
10,25-37).
Levando-se em conta as palavras e as atitudes de Jesus, é
possível aprofundar a questão. Jesus mostra que a verdadeira misericórdia é
compartilhar a vida. Ou dito de outra maneira, é fazer-se próximo, estar junto
do outro. Este outro, no entanto, não é qualquer outro, mas é o outro que está
na miséria, aquele que sofre porque lhe é negado o direito de viver
humanamente. O miserável é aquele que não tem acesso à vida, conforme Deus
quer, isto é, não pode ser verdadeiramente humano. O que possui misericórdia
faz-se próximo do miserável e lhe compartilha o coração – aproxima-se com amor.
Como o samaritano, o misericordioso irá encontrar uma saída para o caído à
beira do caminho da humanidade. As várias obras de misericórdia são frutos do
misericordioso. Cada situação terá as “saídas” mais convenientes, conforme a
prudência o exige.
Agir
com misericórdia é reagir diante da dor e da injustiça
Quem se preocupa apenas com as obras de misericórdia pode
permanecer a vida toda querendo fazer o bem, mas falta-lhe uma verdadeira
conversão. Não é fundamentalmente misericordioso.
Ser misericordioso no profundo do ser significa que a
misericórdia, como qualidade da pessoa lhe serve de princípio. É parte de seu
fundamento. Deus é misericordioso por natureza; o ser humano, para ser
verdadeiro humano, necessita se construir sobre este fundamento que lhe vem de
Deus. Isso, em outras palavras, quer dizer que a misericórdia está lá onde está
a pessoa. Quando a pessoa misericordiosa entra em contato com o povo sofredor,
ela não fica em meros sentimentos. Ela reage. Deus escuta o clamor do povo
oprimido e vem-lhe ao encontro para libertá-lo, isto encontramos no Antigo e no
Novo Testamentos. O próprio Jesus veio para salvar o que estava perdido.
O misericordioso, antes de pensar em obras de
misericórdia, diante da dor do outro, reage para transformar a realidade.
Eliminar o mal e implantar o bem. Procura caminhos de solução. Nesse processo
não teme denunciar as causas da dor nem exigir justiça em nome e para os
sofredores. A dor alheia, que o toca interiormente, desencadeia a reação
misericordiosa que não se acalma enquanto não transforma a dor em bem-estar;
mesmo que isso envolva denúncia, luta e que cause sofrimento. É desta reação
que surgem as diversas obras, que por sua vez são tentativas para concretamente
solucionar a situação na qual se encontra o sofredor. O misericordioso vai
utilizando as obras conforme o momento, e, é claro, dentro dos critérios da
prudência. Não comprometer um bem maior com uma solução momentânea que pode
trazer mais complicações (como seria o caso da criança que fosse visitar os
presos).
Portanto, a misericórdia, como princípio do ser-cristão,
define toda a sua existência. A misericórdia define o seu ser ao ponto de fazer
parte integral de sua pessoa. É sempre princípio ativo de reação ante qualquer
realidade negativa que faz sofrer. Assim, ser cristão é agir com misericórdia;
caso contrário, todas as obras são apenas superficiais, não transformam nada.
A esta altura dá para entender porque a sociedade tolera,
e até elogia, as obras de misericórdia; mas não suporta a misericórdia. Já Dom
Hélder Câmara dizia que quando dava esmola para os pobres era considerado
santo, mas quando apontava os motivos da pobreza (reagia diante das causas da
pobreza) era considerado comunista. Então, ser misericordioso como o Pai do Céu
é uma meta que parece muito distante, mas queremos sempre de novo recomeçar o
caminho. Lembremos que a distância que nos separa do irmão sofredor, que
caminha ao nosso lado, pode ser grande, mas se estivermos atentos, poderemos
transpô-la. Certamente nos tornaremos apáticos e até contrários aos interesses
das classes dominantes, mas é por aí que vai a boa notícia do Evangelho.
Pe. Mário
Fernando Glaab
Dialeto alemão do sul do Brasil - Hunsrick
DIE
BLUME BRAUCHE NET SCHEN SEN WEIL SIE ES JO SCHUN SEN
Vielmols passiat bei de
gute Leit in unsa Kolonie des ma enfach spiert dass was ma lebt etwas Gutes is.
So oft mache die Leit Sache wo die gelehrte Mensche iwahaupt net bekeppe. So
orme un net gelernte Koloniste hon doch vielmols mee gute Sache im Hetz wie die
wo doch blos Wille hon awa kei Finga krum mache fa etwas Gutes tun. Wenn in
unsa gute Kolonie mol ene krank is oda hot en Problem, do tun doch gleich die
Nochbaschleit sich samme mache, un helfe.
Mea hatte en eltere
Mann in de Gechend, dea hot so vieles Gutes getun; hot ach de Leit viel
Guteswort gewe, un alles interpretiert, un en gute Sinn rausgehol. Ea is mo
gefrot gep wie das wea des die enfache Leit so Gutes un Schenes mache tere, un
die Grossartiche doch blos Schweinerei samme brenge tere? De gute Mann hot net
lang nogedenkt, hot dan mo parlamentiert: “Das is so: die Blume brauche net schen
sen, weil sie es jo schun sen”. Dan hot ea es erklert: “Die orme Leit vun unsa
Kolonie, die brauche sich net gut un schen mache, weil sie es jo schun sen. Unsa
Leit hon das Gutes un das Schenes insich. Die Grossartiche hon jo doch blos
schlechte Gedanke im Kopp, wolle die Annere ausnutze un oanscheisse mit erre
Geschefte. Ma muss sich hite von so Mensche, un muss imme zusamme halle. Dan
bleibt Gott bei uns un kei Gaune kann uns klein mache.
Orich schen Baispiel.
Wenn die Juchend das oach heit bekeppe tet, dan wer die Welt doch noch besse.
Glaabsmário.
sábado, 2 de julho de 2016
Deus ama gratuitamente.
Gratuidade
do amor de Deus por nós
Sentir-se abandonado por Deus é desesperador. Qualquer
criatura não amada por ninguém, nem mesmo por Deus, entra em desespero. Nada
mais a sustém. Ela morre, uma vez que não faz sentido viver assim.
Contradição
lógica
O Novo Testamento traz dois textos que parecem se excluir
mutuamente. Um diz: “Nós que cremos, reconhecemos o amor que Deus tem para
conosco” (1Jo 4,16); o outro, de Jesus moribundo, traz o grito: “Meu Deus, meu
Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34). Não seria este uma afirmação de
falta de fé em Jesus no auge de sua entrega pela sua causa? A lógica pura não
funciona. Por traz destas palavras inspiradas fala mais alto, não a lógica, mas
o amor vivido e experimentado na fé.
Ao se dizer que o amor de Deus é reconhecido pela fé,
sabe-se que foi esta a experiência de Jesus e de seus discípulos em todos os
tempos. Também hoje. Quem não adere, comprometendo-se com Ele, nunca vai
reconhecer o mistério deste amor. Deus, em Jesus ama gratuitamente. Exclui os
méritos, a observância das leis, das normas ou da religião, mas para todos tem
uma mensagem de paz. À medida em que alguém se deixa tocar por Jesus é
envolvido na experiência do amor de Deus, que não se explica com palavras e
argumentos humanos. No grito de Jesus coloca-se o confronto com o máximo da
miséria humana. O abandono de tudo e de todos. Não se justifica o grito!
Contudo, no mais profundo da miséria experimentada por Jesus, naquele momento
dramático da cruz, vislumbramos a mais pura fé, a mais esplêndida confiança.
“Meu Deus, meu Deus, por que...?” Somente pode gritar assim, nas condição desse
abandono, quem viveu, vive e viverá sempre na confiança de que Deus estava e
estará presente. O abandono é ausência, mas de Alguém que, com certeza, estava
aqui, e, que o estará novamente. Alguém que escuta, apesar de não se vê-lo e
senti-lo. É morte física, sim; morte para Deus, não; desespero humano, sim;
desconfiança no Pai, não.
Amor
gratuito
O mundo tem muita dificuldade para crer no amor de Deus.
Mentalidade esta que afeta também as religiões, que ensinam, com seus
preceitos, sua moral, suas leis, como se deve proceder para ter a bênção e as
graças de Deus. Aquele que faz tudo conforme as regras da religião será amado
por Deus. A partir dessa visão se estabelecem critérios para avaliar as
religiões como mais ou menos eficientes. Provas de eficiência são bem-vindas!
Deus, no entanto, age diferentemente. Ele não se submete
aos critérios dos sábios e dos prudentes ou poderosos deste mundo. Ele se
revela como o Deus que é “só-amor” nos e pelos pequenos e humildes (cf. Mt
11,25-26). Faz com que estes experimentam gratuitamente seu amor, não porque
são melhores que os ricos, sábios e poderosos, mas porque lhe estão mais
disponíveis. Creem mais facilmente porque não têm os muros do orgulho (bens,
sabedoria humana, força e poder) trancando o espaço interior – o coração – de
sua vida. Deus ama gratuitamente, oferece os segredos de seu amor. Aquele que
crer, experimenta e, consequentemente participa do círculo amoroso. O amor de
Deus é para que o ser humano possa amar. Deus pede o que dá e dá o que pede.
A gratuidade do amor do Pai surpreendeu até mesmo a
Jesus. Jesus bendiz ao Pai, surpreso, por fazer o contrário daquilo que todos
fazem. Para Jesus a eleição dos simples e pobres para experimentar “estas
coisas” já é parte dos mistérios do Reino de Deus. Quem sabe acolher o amor gratuito
de Deus, como os simples e os pobres, estará colaborando na atualização do
Reino definitivo de Deus; onde prosperará somente o amor.
Pe. Mário
Fernando Glaab
segunda-feira, 6 de junho de 2016
Piada em dialeto alemão - Hunsrick
DE
PODDA MIT SEI MESSDIENA
En Podda wo doch sei
Messdiena so gut behandelt hat, hat dene mo am Endesjoha en Urlaubsrees
geschenckt. Hat mo so’n Kombi vol mit Guri gemach um mo fort mit de Kelle. Sie sen
uff son Platz kom wo so’n grosse Torm vun fria gestan hot. In dem Torm wo ach
noch son riesig gross Glock drin. Die Buwe hon do gestan un gestauent: “Dat is
doch mo was grosses un schenes” honse gemeente. Dan hot de Podda mo erkleart:
“Also, die Glock – wo schun so riesig alt is -, die wet jo nore benuntz wen
Hausbrand is, wen de Bischof komt oder sonscht noch en gross Unglick is im Tol ”.
Di Messdiena hon gleich vestan das dem Bischof sei Besuch oach en Unglick is!
Naja, es is jo ach vielmols net annesta; manchmol wer es besse wen die
Bischoffe dehem bleiwe tere un die Leit gemitlich in ihre Gemeinde lewe losse.
Fa mit de Leit umgehen sin jo doch die Podre do. Bis Adiee.
Glaabsmário
quarta-feira, 1 de junho de 2016
Reflexão - Silêncio
O
SILÊNCIO DE DEUS E O NOSSO SILÊNCIO
Alguém perguntou ao grande teólogo Hans Urs von
Balthasar, já nos últimos anos de sua vida, depois de ter se dedicado por toda
a sua longa vida na busca de dizer algo sobre Jesus Cristo, após ter escrito
volumosas obras, ter proferido muitas conferências, refletido e rezado bastante,
quem é Jesus Cristo para o senhor? O cristólogo teria parado, pensado por
alguns instantes, e respondido assim: “Jesus Cristo é a Palavra de Deus que,
por amor aos humanos, se calou.” Não nos é fácil interpretar uma definição tão
curta, mas ao mesmo tempo tão rica e concentrada. Tentaremos alguns passos.
Jesus,
a Palavra de Deus
Jesus é a
Palavra de Deus encarnada. Não
precisamos insistir nisso, pois todos sabemos que o evangelista São João, já no
início de sua obra, escreve: “E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós”
(1,14), introduzindo o seu Evangelho, apresentando Jesus Cristo. Os outros
evangelistas – os sinóticos -, mesmo não afirmando como João, também falam de
Jesus como aquele que revela o Pai; isto é, com suas palavras e gestos, mostra
quem é Deus. Tudo o que Ele diz e faz é comunicação de Deus. Portanto, Ele é a
verdadeira Palavra reveladora do Pai.
A partir disso podemos dizer que a missão de Jesus é
“falar” do Pai, sempre. O “trabalho” de Jesus é esta comunicação, e Ele não
pode parar, pois estaria negando sua missão. Assim vemos que Jesus não se cansa
de ensinar e de agir, realizando a obra de Deus. É o Reino presente e atuante
no mundo. No entanto, a Palavra pede resposta, solicita uma outra palavra.
Provoca uma palavra humana – a nossa palavra.
Nós, os humanos, nem sempre damos a devida resposta para
a Palavra de Deus; algumas vezes nos calamos. Às nossas respostas Deus continua
a falar em Jesus, porém, às vezes também Eles se cala, faz silêncio. Jesus
calado – morto na cruz – continua a falar, mas pelo silêncio. Provavelmente
seja este o sentido que Balthasar descobriu em Jesus “calado por amor”. A Palavra
que fala no silêncio e com amor para que o ser humano possa falar, e o faz com
muita paciência. O ser humano, por vezes, o deixa esperar neste seu silêncio
por muito tempo, outras vezes nunca responde.
Deus
não respondeu
O silêncio de Deus também é resposta, e sempre resposta
amorosa. Quando Jesus estava pregado na cruz os passantes o desafiaram: “Se és
o Filho de Deus, desce da cruz!” (Mt 27,40), mas ele não desceu. O Pai se calou;
Jesus se calou! Por que Deus não respondeu ao seu Filho Jesus que estava sendo
desafiado, e que lhe gritou “Por que me abandonaste?” (Mt 27,46)?
Nada mais sério que o silêncio do Pai. Diante dos gritos,
das blasfêmias e dos insultos do povo, somente Deus pode ficar calado. Este
silêncio de Deus foi compreendido por Jesus como o sinal máximo de amor do Pai
para com Ele e para com a sua obra: dar a vida pelo mundo. Deus não respondeu a
Jesus, nem aos gritos da multidão, para que o ser humano pudesse se decidir e dar
a sua resposta. Jesus deu sua resposta: “Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23,46); em seu nome e em nome de seus discípulos. No silêncio
Deus amou até o fim o Filho e toda a humanidade. Agora, cada um de nós pode
responder ao silêncio de Deus, seguindo e exemplo do Mestre Jesus. Quando Deus
se cala em Jesus Cristo, é o exato momento de nossa resposta.
Silêncio
perturbador
O silêncio, no entanto, é perturbador. O silêncio de Deus
nem sempre é silêncio bem-vindo, pois nós não queremos responder ao silêncio.
Pois nossa resposta nos compromete. É mais confortável que Ele fale e que nós
permaneçamos calados. Preferimos um Deus falador, alguém que denuncie a
injustiça, que diga o que nós queremos ouvir e legitime o que nós queremos
fazer. Quando Ele faz isso, nós estamos isentos de reponsabilidade; se Ele
denuncia a injustiça, nós não o precisamos fazer. Assim, Ele nos justifica
diante do mundo. No entanto, é muito mais desafiador responder e nos
comprometer: Ele calado e nós falando!
O silêncio de Deus chega a ser desconcertante,
perturbador e demolidor de nossos planos, esperanças e esquemas. Permanece um
terrível desafio para nós. Mas não deixa de ser “palavra de amor”, uma vez que
nos quer envolver – contar conosco para que assumamos com Ele a luta contra o
mal, contra o ódio e contra tudo o que faz sofrer, o que elimina a vida.
Nos momentos mais terríveis de sofrimento e de morte,
quando não ouvimos a voz de Deus vindo em nosso auxílio, sem dúvida, Ele está
calado em nossa dor; e mais ainda, na dor do irmão que necessita de amor maior
e compreensão da humanidade.
Não esqueçamos que o desconcertante silêncio divino, além
de nos deixar falar, também nos convida a atos de silêncio, convida-nos ao
silêncio humano, quando somente o amor pode ser ouvido. Participar do sagrado
silêncio de Deus pode se tornar experiência de amor verdadeiro que dispensa
palavras.
Aprender a participar do silêncio de Deus seja talvez o
mais árduo desafio para nós, contudo nos conduz ao amor mais humano, à prática
mais verdadeira da caridade. Tenhamos coragem de nos aproximar do silêncio de
Deus para, por nossa vez, aprendermos a calar, e darmos nossa pequena resposta
somente com amor.
Pe. Mário
Fernando Glaab
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