sábado, 21 de dezembro de 2013

Mensagem Natalina

NATAL – A NOITE SE ILUMINOU

            Natal é mais que “noite abençoada”. É voltar-se para a criança que vem. Criança que é o Filho de Deus feito humano. Olhar sobre o seu nascimento. Todo o mais dessa festa vive desse olhar ou acaba em ilusão. Natal nos diz: Ele chegou! Ele iluminou a noite. Iluminou a noite de nossas trevas, a noite de nossas incompreensões, a noite do terror de nossos medos e desesperos. Ele a transformou em noite abençoada, em noite santa.
            Irrompeu no mundo e em nossa vida um acontecimento que transformou nossa noite angustiosa e fria em noite santa e abençoada. Pois o Senhor está aqui. O Senhor da criação e de minha vida está aqui. Ele não está mais na “eternidade do infinito”, mas aqui. O Eterno passou a ser tempo, o Filho passou a ser humano. Toda a imensidão do universo de Deus passou a ser carne. O tempo e a vida humana se transformaram, porque Deus mesmo se fez homem. Agora não necessitamos mais procurar no infinito dos céus, lá onde nosso espírito e nosso coração se perdem, pois ele agora está em nosso mundo. Está no nosso mundo onde nem ele tem privilégio algum, mas, como todo ser humano, está sujeito à fome, ao cansaço, à inimizade, à agonia mortal e à morte mais ignominiosa. Que o Deus Infinito, o Deus infinitamente Santo, o Deus da Vida, aceitou a finitude humana, a tristeza mortal da terra e a própria morte é a mais incerta verdade. Mas somente ela – a duvidosa luz da fé – transforma nossas noites e pleno dia, somente ela abençoa toda noite.
            Deus veio. Ele está aqui. Tudo é diferente do que nós o imaginamos. A eternidade entrou no tempo e lhe deu um sentido novo. Agora nós e o mundo podemos estar diante da face desvelada de Deus.
            Quando dizemos que é natal, dizemos que Deus pronunciou sua última Palavra, sua mais profunda e mais bonita Palavra. Sua Palavra se pronunciou na carne, isto é, no mundo dos homens. Ele a pronunciou para dentro do mundo. Ela não a retorna mais, pois Deus a disse definitivamente, quando Ele mesmo entrou no mundo. E essa Palavra se chama: “eu te amo”, você mundo e você ser humano...
            Tudo, a partir do nascimento dessa criança, se transformou. O tempo está envolto em eternidade, que se fez tempo. Todas as lágrimas secaram desde sua própria fonte, pois Deus mesmo chorou com o ser humano e enxugou as lágrimas. Toda esperança está plenificada porque Deus está no mundo dos homens. A noite do mundo já está clara.
            Quando então o nosso coração pronunciar igualmente a palavra sim para a Palavra amorosa do Menino de Nazaré se realiza a noite abençoada - o natal – de verdade. Essa palavra do coração estará plena da santa graça de Deus. E a Palavra de Deus nascerá também em nosso coração. Deus mesmo estabelecerá sua morada em nosso coração, assim como a estabeleceu em Belém.
            A noite se iluminou! Feliz Natal!

Mário Glaab

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Para o Natal

ACONTECEU NO NATAL
            Foi nos dias que antecedem o Natal. O pároco fez questão de visitar todos os doentes de sua paróquia para lhes levar um pouco de conforto e, ao mesmo tempo, preparar-se para a grande comemoração do nascimento de Jesus. Até então ainda não sentira em profundidade a expectativa do “Senhor que vem”. É verdade que a havia buscado na meditação da Palavra de Deus, nas orações, nas mensagens natalinas, na alegria das crianças; mas tudo isso ainda lhe parecia superficial. Seria mesmo mais um Natal que se aproximava? Seria de fato mais uma oportunidade para experimentar que Deus se havia feito um de nós na figura daquela criança de Nazaré? Tudo parecia tão distante.
            Algo marcante aconteceu quando o sacerdote chegou a uma casa simples do interior onde jazia uma senhora idosa, totalmente impossibilitada de se locomover. Humanamente falando, o estado era lastimável. Como já estava bem acostumado com casos assim, foi logo se colocando à disposição para que a senhora confessasse e, para então, após algumas breves orações, lhe administrar o Sacramento da Eucaristia. A mulher, no entanto, não sabia confessar em Português. Um pouco desapontado, o padre a deixou confessar em sua própria língua, ou melhor, na língua de seus pais e avós que vieram da Polônia. Sem entender uma única palavra, depois de alguns instantes, o padre rezou a fórmula da absolvição, traçando um grande sinal da cruz sobre a pobre penitente. Terminado o rito, o sacerdote, para descontrair um pouco, pediu para que a enferma rezasse por ele, uma vez que sua missão não era nada fácil; ainda mais, atender paroquianos que nem sequer sabiam se confessar em Português. A idosa prometeu que iria orar, mas o faria somente em polonês. Continuando a brincadeira, o sacerdote perguntou: “Mas será que Deus entende esta sua língua tão difícil?”. A boa senhora não deixou esperar, e com grande certeza de fé retrucou ao padre: “Deus entende melhor em polonês; isso porque eu rezo em polonês, e ele sempre me entende, pois ele sempre está comigo!”.
            Este foi o testemunho mais convincente de que de fato Deus se fez um de nós, e que ele estava aí, onde estão as pessoas mais simples, mais humildes e mais confiantes, junto àquelas pessoas que, mesmo não podendo fazer grandes coisas, acreditam piamente em sua presença amorosa. Essa foi a experiência mais marcante do pároco naquele Natal. Fez-lhe muito bem, e ele voltou para casa sentindo grande alegria – aquela que os anjos anunciaram aos pastores na noite de Natal. Não havia visto grandes coisas, mas sentiu o mistério do Menino-Deus bem próximo dele. Todos os enfeites, os papais-noéis e as músicas que se escutavam na cidade não o encantaram mais, ouvia, no entanto, lá no fundo de seu ser “ele sempre me entende, pois ele sempre está comigo”.
Pe. Mário Fernando Glaab

marioglaab.blogspot.com.br

Hunsrick - zu Weihnachte

UFF DE WEIHNACHTE PASSIAT
Dat woa in de letschte Toache voa de Weihnachte. De Pfarra hat sich Mie oan getun fa alle Kranke vun sein Pfarrei se besuche, un va ihne bisje Mut bringe, un aach um de nemlich Zeit sich selwa bisje bereit mache fa die gross Komemoration vun dem Jesus sei Geboatstoach. Bis dan hat ea selwa noch net richtich die Specktativ  vun “Herr wo kommt” gemerckt. Es is jo woa das ea gesucht hat in de Gotteswortmeditation, in de Gebeta, in de Weihnachtsbotschafte, in de Frohheit vun de Kinnacha; awa das Alles woa fa ihn so entfern, hat kei richtiche Geschmack. Sol das werklich nochmol en Weihnachte sin wo an komme is? Werklich nochmol en Gelechenheit fa Gott, de sich eene vun Uns gemach hot in de Figua vun dem Nazarethskind, se sprementiere? Das alles hat doch so weit ausgesien.
            Etwas iberraschendes is passiert wie de Podda in en einfach Haus komm is wo en alt Weib geleh hot, wo gonet me lofe kont. Menschlich gesproch, das wo en schlimme Stand. Awa de Podda woa jo das schon geweht, hot sich gleich fetich gemach dass dat Fromensch beichte tet; un dan, no weniche kotze gebeta, dem kranke Frauche die Komunion se gewe. Die Fro kunt awa net uff brasilionisch beichte. De Priesta, bische vertapt, hotze in erre eigene Sproch, oder in de sproch vun ihre eltre un Grosseltre wo vun Pole komm sin beichte geloss. Ohne en einsiches Wot se vertehn, no po Sekunde horra die Lossprechun gebet, un en gross Kreitzzeiche iwa die Busfrau gemach. Wie dan de Ritus am En wo, wolt dat Poddache, Spass mache, un verlangt dass dat kranke weib viel fa ihm bete solt, weil sei Iwagewung wea gonet leicht; un noch extra, weil ea mist sei Pfarrleid bediene wo jo noch netmol uff brasilionisch beichte kinne. Die Alt hot es aach versproche, awa sie tet es blos uff polakisch bete. De Podda hot weita gespielt, un gefroht: “awa mecht dan de liewe Gott dei schwere Sproch verstehn?” Die gut frau hot net lang watte geloss, un mit grosse Sicherheit un starke Glowe geantwot: “Gott versteht bessa in polakisch weil ich polakisch bete, un er tut mich imme verstehn, weil er imme bei mich is!”
            Das wo awa doch de beste Zeiche dass Gott werklich sich ene von Uns gemach hot, un dass er do wor, wo die einfache Leid sin, die demitische un die wo meh getrau sin, bei derre die, wense aach kei grosse Dinge mache, glowe fest an sei liewe Beisei. Dat wor dat beste Iwalebung fa de Pfarra an dene Weihnachte. Hat ihm gut getun, un er is hem gang mit grosse Freit, die selwiche wo die Engel de Hirte in de Weihnachtsnacht geprung han. De Podda hat net viel Grosses gesihn, hat awa das Geheimniss vun Kindegottes ganz dicht bei sich gespiert. Alle Schmuck, alle Weihnachtsmenna un aach die Musick in de stat honnen net me viel oangekriff; er hert imma noch, in tiefe seine Seele: “er versteht mich imma, weil er is imma bei mich”.
Glaabmário

marioglaab.blogspot.com.br

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Pensando pastoralmente

CATÓLICOS QUE DEIXAM O CATOLICISMO
Padre Iubel de Guarapuava, ao apontar algumas causas possíveis para a sangria do catolicismo, escreve:
"Mais do que por problemas doutrinários, os católicos que abandonam a sua igreja o fazem por problemas de relacionamento. Digo sempre que há três portas pelas quais os católicos costuma sair para não mais voltar: (1) A porta da casa paroquial, quando não são bem atendidos pelo diácono ou sacerdote; (2) A porta da secretaria quando são tratados com indiferença ou aspereza pelos secretários paroquiais; (3) A porta da igreja, quando não são acolhidos pela comunidade ou são por ela rejeitados. Volto a repetir: não perdemos católicos pela doutrina da Igreja e sim porque não os amamos o suficiente" (Em A Igreja na Diocese de Guarapuava, n. 417, p. 26).
Dá o que pensar!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Concílio Vaticano II hoje (11)

PACTO DAS CATACUMBAS (PONTO 10)

            O décimo item do Pacto das Catacumbas diz: “Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem e dos filhos de Deus. Cf. At 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim 5,16”. Os textos citados: “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um”; “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e sobre todos eles multiplicava-se a graça de Deus. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um”; “Ficando como estava, não permaneceria tua? E vendendo-a, o dinheiro não ficaria teu? Como pôde tal coisa passar por tua cabeça? Não é a homens que mentiste, mas a Deus”; ( 8 e 9 da 2 Cor falam da ‘coleta para Jerusalém’ que é chamada de “ajuda aos santos”); “Se alguma fiel tem viúvas sob seus cuidados, que lhes dê assistência, de modo que a comunidade não fique sobrecarregada e, assim, possa assistir as verdadeiras viúvas”.
            O décimo item, acentua, sem dúvida, o compromisso que o líder religioso tem no sentido de ser fermento na massa. Não é ele quem faz o que precisa ser feito na sociedade, mas seu jeito de viver e de se posicionar exige coerência de todos, especialmente dos que governam e que decidem sobre os serviços públicos.

Poremos tudo em obra
            Os bispos estão muito bem cientes de que não são eles que devem resolver as questões pendentes e não resolvidas pelos poderes públicos. Esta é tarefa dos governos das nações. Mas, não querem, de forma alguma, se acovardar. Como cidadãos, e mais ainda, como líderes cristãos, farão tudo o que estiver ao seu alcance para que as leis sejam observadas e, consequentemente, haja desenvolvimento harmônico para todos. É a dignidade do ser humano que está em jogo. A nova ordem social haverá de ser digna para todos. Em outras palavras, é a fé cristã perpassando a todas as atividades governamentais e organizacionais.
            Houve, nas décadas pós-conciliares, em nosso continente, um verdadeiro despertar de consciências. Muitos, entre o povo simples, não se sujeitavam mais tranquilamente às maracutaias dos poderosos. E até entre políticos, governantes e homens que ocupavam altos cargos na sociedade civil houve mais comprometimento. Esse novo modo de ser Igreja – evangelizando as consciências – provocou um divisor de águas entre os conservadores e os inovadores. O que não visava o bem de todos, e que favorecia apenas alguns, não passava pelo crivo do povo que atendeu ao convite dos bispos do pacto.

Outra ordem social, digna dos filhos do homem e dos filhos de Deus
            Essa era a grande meta. E, não precisamos temer em dizê-lo, sempre há de ser a meta e o horizonte da Igreja, e os bispos, dentro dela, não podem se furtar nessa tarefa de impulsionar toda a comunidade na direção da dignidade.
            Hoje se fala da necessidade de se renovar a paróquia para que seja “comunidade de comunidades”. Para tal se insiste na “conversão pastoral” que deve deixar para trás estruturas obsoletas ou caducas. A paróquia, como toda a Igreja, deve recuperar a consciência de que está no mundo, para ali ser sinal da salvação trazida por Deus em Jesus Cristo, isto é, estar a serviço do mundo, e não procurar ser servida pelo mundo.
            O que é então possível sonhar? Os bispos, quando assinaram o pacto, certamente sonharam com outra ordem social, mais parecida com o ideal cristão; mas o que se pode sonhar hoje? Vito Mancuso, teólogo italiano, em uma reflexão a partir das reações que o Papa Francisco está provocando na Igreja, afirma que para alguns a ação do Papa suscita o sonho de um mito antigo e sempre recorrente de um retorno à Igreja primitiva, toda pobre, fraterna, simples, sem estruturas hierárquicas e sem leis canônicas. Mas ele esclarece que esse é apenas um mito. A realidade é bem outra. Como sugestão positiva, a partir da ação do Papa Francisco, Mancuso apresenta algo bem mais humilde, mas possível: “no direito de todos os batizados de ter uma Igreja simplesmente normal, na qual se possa confiar, uma Igreja onde os bispos não tenham residências luxuosíssimas e caros carros azuis, onde o banco vaticano esteja ao menos no nível ético de um banco italiano comum, onde o carreirismo e a sujeira (termos usados pelo Papa Bento XVI) não sejam tão flagrantes a ponto de condicionar o governo papal, onde as nomeações dos bispos ocorram por efetivas qualidades humanas e pastorais e não por servilismo que promovem incolores “Yes-men”, onde os escândalos de pedofilia não sejam encobertos e os culpados protegidos, onde na Cúria os corvos não voem até a escrivaninha papal em testemunho de venenosas lutas internas em comparação com as quais um condomínio qualquer, com todas as suas disputas, se torna uma imagem da concórdia paradisíaca, uma Igreja onde as ordens religiosas não sejam guiadas por personagens culpados de pedofilia como nos Legionários de Cristo ou de sequestro de pessoas e fraude como nos camilianos etc., etc.” (Artigo publicado pela Ihu-Unisinos, dia 12/11/13).
            Dormir é bom, mas sonhar é melhor. Sonhemos!
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com.br

sábado, 9 de novembro de 2013

Hunsrick - zu Advent

DE ADVENT IS KOM!

Nochmol em Advent is kom. Nochmol tun die Lichta in unsre Hetza sich erneire. Die Keriche, die Heissa, die Gadre un die Stette tun sich mit Lichta beleichte. Die ganze Lichta wo ma so siehn kan, tun awa net die Lichta substituire wo in de Hetza vun unsre Kinna sin, in der Hetza vun de Weiwa un vun de Menna wo an die grosse  Schenheit glowe das Got zu de Mensche komt, in dem Kindfigua: das Kind vun Nazareth.
Die Toche sin lan un ohrich genehm. Die Familie gehn in die Strosse. Die Leit loofe so despreokupiat dorum, blos fa se loofe. Die Kinna hupse un singe; alles tut sich in Freite begleite. Es is en Gnadezeit. Der Herrgott is unna uns. Wen aach die Geschefta das alles so extra exploriere, kinne awa die Freite un die Hofnun, wo weita wie de Konsumismus geht, net verstekelle. Wieviel Treffe, wieviel Griisse un wieviel Abrasse? Groat do tun die Spannunge sich renowiere. Do tut das Lewe sich nei mache. Ketze am blinke, Lichta am brenne; dunkele Hetza tun sich erleichtre un hatte Hetza were weich. Wieviel kleine Geschenkchaa were ausgeteilt, wieviel Leit were errinart? Oach viele Verstorbene komme in die Gedanke, un grieche Blimcha uff erre Grewa gelecht. Es is das Lewe wo in de Liwe sich weita macht wie de tot – is de Lewendiche Gott bei seine Freinte.
Advent, Zeit zum watte um neie Manifestatione vun den Retta. De Retta zeicht sich in dem Lecheln, in de Teilunge zwichich de Orme, in de Geschenka wo verteilt were, in de Gesichta vun de Brida un vun de Schwestre, haupsechlich in dem Lewe wo geteilt wet. Die Lieda, die Ritme vun de Lieda wo die Weihnachte schun anzeiche, es is kei Zweifel mehr: de Herr komt! Jede Sunntach, dat in de Kappell odde in de Katedral, die Adventketze were angestoch: die Escht, die Zweit, die Tritt, un die Viat. Jetz heat ma schun die gross Botschaft von dem Engel: “Ich tun eich en gross Freite brenge, wo aach fa alle Velke so is: heit, in de Davistat, is fa eich de Retta geboa, de wo de Herr Kristus is!” (Lk 2,10).
Advent. De Wunsch um Friede, Gesundhet un Freide tut sich nei mache. Die Grisunge soon es mit grosse Sin. Wo wonht de Friede? Dat im Hetz vun Jede de das Kind wo komt oan nemme tut. Die Hetza wo erhitzt sin mit dem wohre Licht, mit dem Liewefeia aus Gott, die Hetza tun unsa kalte Welt, son hatt Welt, son kropp Welt un son ungleich Welt nei mache, in en Welt mit Hitze, mit Zetlichkeit, mit Friede un mit Gleichkeit, wo es kei Schmetz, kei Traue, kei Trene me gewe tut; awa blos noch Freide un Liewe, weil “Got is Liewe” (1 Joh 4,9), un imme zu uns komt.
Scheene Adventzeit un frohe weihnachte.
Glaabmário

www.marioglaab.blogspot.com.br

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Advento - Tempo para renovar-se

O ADVENTO CHEGOU!

            Mais um advento chegou. Mais uma vez renovam-se as luzes em nossos corações. As igrejas, as casas, os jardins e as cidades se enchem de luzes. Todas elas, no entanto, não substituem as que iluminam o interior dos corações das crianças, das mulheres e dos homens que acreditam na grande maravilha do Deus que vem ao encontro de todo ser humano, na figura de uma criança: o Menino de Nazaré.
            Os dias são longos e as tardes muito agradáveis. As famílias vão para as ruas. As pessoas caminham despreocupadas, apenas por caminhar. As crianças pulam e cantam; tudo se reveste de alegria. É tempo de graça. É Deus em meio a nós. Mesmo que o comércio explore exageradamente o momento que lhe é oportuno, não consegue esconder a alegria da fé e da esperança que vai muito além do consumismo. Quantos encontros, quantas saudações e quantos abraços? É aí que as expectativas se renovam. É aí que a vida renasce. Velas a piscar, luzes a brilhar; corações escuros são iluminados e corações duros são amolecidos. Quantos pequenos dons são dados, quantas pessoas lembradas? Até mesmo muitos dos entes queridos que já se foram são homenageados com uma florzinha colocada sobre suas sepulturas. É a vida que no amor se transporta para além da morte – é o Deus da Vida presente entre os seus.
            Advento, tempo de esperar novas manifestações do Salvador. O Salvador se manifesta nos sorrisos, nos gestos de partilha, nos presentes trocados, nos rostos dos irmãos e das irmãs, especialmente na vida compartilhada. Os hinos, os ritmos dos cantos, antecipando o Natal, não deixam dúvidas, o Senhor vem! A cada domingo, lá na capela ou na catedral, a velas da coroa do advento vão se acendendo: a primeira, a segunda, a terceira, e, a quarta. Agora já se sente o grande anúncio do anjo: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! (Lc 2,10)”.
            Advento. O desejo de paz, saúde e alegria se renova. As saudações o dizem abundantemente. Onde mora a paz? Mora lá no coração de cada um que acolhe o Menino que vem. Esses corações encalorados pela verdadeira luz, pelo fogo do amor divino, é que transformarão o nosso mundo de tão frio, tão duro, tão violento e tão desigual em um mundo de calor, de suavidade, de paz e de igualdade, onde não haverá mais dor, nem luto, nem lágrimas, mas alegria e amor, pois “Deus é amor” (1 Jo 4,9), e vem continuamente para nós.
            Feliz tempo de Advento e de Natal!
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com.br

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Vaticano II hoje (10)

PACTO DAS CATACUMBAS (PONTO 9)

            O nono item do Pacto das Catacumbas diz: “Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de ‘beneficência’ em obras sociais baseadas na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s.”. Os textos citados são os seguintes: (Mt 25,31-46 apresenta o “julgamento das nações” a partir das obras de caridade, e conclui com as palavras de Jesus: “todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”); “Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse: ‘Mulher, estás livre da tua doença’. Ele impôs as mãos sobre ela, que imediatamente se endireitou e começou a louvar a Deus. O chefe da sinagoga, porém, furioso porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado, se pôs a dizer à multidão: ‘Há seis dias para trabalhar. Vinde, pois, nesses dias para serdes curados, mas não em dia de sábado’”; “Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, pois não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas, mas não quisestes!”

Cônscios das exigências da justiça e da caridade
            Não é por menos que a pregação de Jesus e da Igreja sempre visa à prática da fé pela vivência da justiça e da caridade. A fé sem a prática, já dizia Tiago, é morta (cf. Tg 2,26). Os bispos não querem permanecer em especulações teológicas sobre a fé, sobre doutrinas, mas viver a fé no dia-a-dia, colocando suas capacidades e as da Igreja ao serviço de todos na justiça e na caridade. Aceitar conscientemente a fé exige compromisso com a justiça e a caridade.
            Muito sugestivo que os bispos falam primeiramente da justiça e depois da caridade. Disso pode-se auferir que existem exigências de justiça que vêm antes de qualquer caridade, mesmo que ambas se relacionam mutuamente. Aliás, estando atento às palavras e atitudes de Jesus, não é tão fácil distinguir se elas se referem à justiça ou à caridade, pois se entrelaçam mutuamente. No entanto, para questões metodológicas, é bom iniciar com a justiça. Talvez seja permitido dizer que a justiça antecede a caridade, e que a caridade supõe a justiça. Ou melhor, a caridade vai além da justiça, mas a justiça leva necessariamente à caridade.
            Há quem pensa que a justiça é própria da sociedade civil e que a caridade, por sua vez, e própria da religião. Não é verdade. O homem religioso, justamente por ter fé viva, ao praticar a caridade, coloca-se sempre do lado da justiça que valoriza cada um conforme sua dignidade de ser humano criado à imagem e semelhança do Criador.

Transformar obras de “beneficência” em obras sociais
            Latente neste propósito está a consciência de que a Igreja é serva. Jesus veio para servir, e seus seguidores não podem ser diferentes. Obras de beneficência podem fazer muito bem – como de fato fazem -, mas podem também esconder intenções não totalmente puras. Quando falta o espírito gratuito do serviço ao próximo as obras beneficentes tornam-se egoístas. Nesse caso o serviço espera recompensa. Esse não é o desejo de Jesus. E não pode ser o de seus discípulos. Cuidar somente daqueles que poderão retribuir ou vir para a comunidade e somar nas missas dominicais não é genuinamente cristão. Os bispos o perceberam e o tomaram como meta. Humildemente colaborar com as obras sociais dos organismos públicos expressa uma Igreja a serviço de todos e de todas as necessidades do ser humano.

Humilde serviço
            Opõe-se frontalmente ao serviço humilde da Igreja o clericalismo. Este, infelizmente era, e é, o oponente maior para que a transformação aconteça. O clero que procura defender privilégios não consegue sair para somar com as obras sociais, ainda mais quando baseadas na caridade e na justiça. Ele sempre quer ser o centro das atenções e das atividades. Mesmo que sejam boas.
            Nos anos pós-concílio, no nosso Continente, a Igreja, motivados pelos bispos do pacto das catacumbas, e por muitos padres e líderes de todas as esferas, foi inserida no mundo do trabalho, do lazer e das lutas cotidianas das pessoas, mormente dos pobres, dos doentes, dos sem vez e sem voz. Contudo, não faltaram ferrenhos opositores desta inserção. E, nos últimos anos, parece que cada vez mais a Igreja está retornando às suas obras de “beneficência”. Reagindo a alguns abusos da teologia da libertação, aproveitadores afirmam que a Igreja não pode se intrometer em questões políticas, mas que precisa “dar esmolas” do jeito como sempre fez. Cuidar do aspecto espiritual! Julga-se que a presença da Igreja na sociedade é caracterizada pelas obras assistenciais. Porém, como cada vez mais essas obras se tornam insignificantes, em alguns setores da Igreja – setores conservadores – está-se vivendo com nervosismo e até com crispação a perda de poder e espaço social. Todavia, não se deve ver esse fenômeno como uma desgraça que precisamos lamentar, mas uma graça que pode nos reconduzir ao Evangelho verdadeiro, que os bispos redescobriram no propósito desse item.
            Graças ao bom Deus, a Igreja está ouvindo nesses últimos meses o apelo insistente do Papa Francisco que manda a Igreja sair das sacristias e ir para as ruas. Não é esse o caminho que os bispos propuseram, e que nós, se quisermos ser fiéis ao Evangelho e ao Concílio Vaticano II, necessitamos seguir? Que tenhamos coragem de recomeçar.
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com.br

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Hunsrickischgeschitje

DAT KLUCHE MEDCHE

Friha wie die Missionere, wense Mission gehal hon, die Leit so aussenanna gemach hon, uff eemol blos die Menna, annamol de Frohleit, dan die Kurissade un ach dan die Medcha, do woa groat mo son Predicht fa die junge un gekiche Medde. Dea Podda Missionea hot sich mii gemach fa was enstes voa se brenge. Hot dan mo sei Biwel genom un dat Stick aus dem Evangelium vun dea kluche un von dea varickte Jungfraue voagelest. Hot es ach richtich ausgeleht. Wie ea fertich woa is horra gefrot: “Ei liwe Med, was fa en Lehre kent iha do raus hohle?”
Dat Lisbethche hot dan mo net lang dorum gemach, un hot auspossaunt: “Ei ma muss imme richtich un gut fa de Brautigam bereitich sen, wen es ach in de Nacht sin soll!”.
Naja, jeder kann sich jo denke was ea will; awe die Weiwa teere sich gleich de Rest schun denke. Un dea wea net das Beste fa oanstenniche Leit. Fa die Weiwa vieleicht doch!
Glaabmário

www.marioglaab.blogspot.com.br

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Para Finados

NOSSOS IRMÃOS FALECIDOS
Pe. Mário Fernando Glaab

Todos nós, com maior o menor intensidade, lembramos de nossos parentes, amigos e conhecidos que já não estão mais conosco: os falecidos. Isso é próprio de cada ser humano; aliás, se estamos na história é porque tantos outros influenciaram nessa própria história. Nin-guém cai do céu como um meteoro, mas vem por sua família, por seus antepassados. Mesmo sabendo que viemos de Deus e a Deus retornaremos, sabemos também que Deus nos deu e dá a vida, junto e por meio dos demais seres humanos.
A lembrança que temos de nossos defuntos não fica no abstrato, mas nos leva a expressões bem concretas. Os cemitérios são confirmação a disso. Contudo, não somente eles. Quem de nós não cultiva a memória de seus entes queridos mortos guardando lembranças deles, como fotografias, objetos que eram seus e, principalmente, rezando por eles? Entre nós católicos, o costume de oferecer missas pelos falecidos está muito enraizado. No dia dos finados, dois de novembro, ao visitar as sepulturas dos falecidos, levando flores e coroas, todos fazem orações; fazem memória do que era a vida com eles e, o que é a união em Cristo também hoje. As orações e as missas nas intenções dos falecidos se revestem de um sentido único. No ima-ginário comum, ou da grande maioria dos crentes, as orações têm por finalidade “lembrar” a Deus de que determinado finado merece o perdão de seus pecados e ser acolhido no céu. Aquele que reza, e mais ainda o que oferece a missa, sente-se como um “advogado”, defensor de alguém que quer receber a recompensa. Nas missas que manda rezar ele traz para o seu lado a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, para que assim, contando com esse valor infinito, o pedido ser reforçado e atendido. Não se duvida da boa intenção e do ato carita-tivo empreendido pelo orador e pedinte. Mas, não seria possível esclarecer e aprofundar um pouco mais em que poderia consistir uma verdadeira oração pelos mortos?
Partindo do princípio de que Deus ama a todas as pessoas indistintamente, e que quer que to-dos se salvem, será necessário lembrar a Ele de que não deve esquecer-se dos nossos queri-dos falecidos? Não deveríamos ir um pouco além e, entregá-los, de nossa parte, totalmente nas mãos desse Deus que é amor infinito? O que poderia ser concretamente essa entrega? Sem dúvida, Deus é o primeiro interessado na salvação de todos os seres humanos. Ele faz tudo para ter todos e cada um sempre consigo. O que impede, de nossa parte, a acolhida da salvação de Deus em toda a sua plenitude, é a nossa finitude, a nossa incapacidade de cor-responder com amor sem reservas ao amor total de Deus. Então, ao rezar por alguém ou fazer memória dele, muito mais do que lembrar a Deus o que lhe convém fazer pelo defunto, aquele que ora deve dispor-se a, na comunhão com todos os seres humanos, especialmente com os falecidos, vencer os obstáculos das limitações e lutar para construir uma realidade mais con-forme os desejos do próprio Deus. Isso é, concretamente, trabalhar para que a maldade dimi-nua e que o bem aumente. Rezar por um falecido pode consistir em assumir o compromisso de continuar as lutas que ele enfrentava; melhorar o que ele não conseguiu levar a termo: sanar as consequências de seus erros e aperfeiçoar suas virtudes. A oração propriamente dita con-siste apenas no momento em que esse compromisso é atualizado, mas não se restringe ao momento, somente. Como verdadeiro gesto de amor para com o ente já falecido, nada melhor que seguir seus bons exemplos, levando-os adiante; fazendo-os melhor ainda, e ser grato por tudo. Mas, e as missas em sufrágio dos defuntos? Nada contra; tudo a favor! Bem entendido, todavia.
Na celebração eucarística, em Jesus Cristo e com Jesus Cristo, fazemos memória de toda a nossa história – passada, presente e futura – e a apresentamos ao Pai. Nessa memória, justa-mente por ser em Jesus Cristo, oferecemos a Deus o que de melhor temos: a doação total de Jesus de Nazaré para que o mundo tenha vida. O importante é estar ciente de que nós esta-mos juntos com Ele ao oferecer o melhor (de nada adianta “mandar rezar uma missa” se não se participa dela verdadeiramente!). Somos envolvidos no mistério de amor de Cristo e, nele
também podemos amar, pois ele é o caminho que nos conduz ao verdadeiro amor. Quando então, durante a Eucaristia, trazemos para a memória os defuntos, estamos comungando em Cristo também com eles. Aproveitamos o momento de especial comunhão de amor para nos enriquecermos todos na acolhida do amor de Deus. Participando com os finados do mistério da entrega total de Cristo – amor até as últimas consequências – dispomo-nos de modo único, a
construir um único corpo, o Corpo de Cristo, também com os que já partiram.
Portanto, ao visitar os cemitérios pela passagem do dia dos finados, ao contemplar as cruzes plantadas nas sepulturas, lembremo-nos de rezar por todos os falecidos; mas lembremo-nos também que rezar é muito mais do que repetir palavras – é compromisso de vida. Lembremonos também que as cruzes, na sua simbologia, vão além da morte e que apontam para a vitória
do amor, a Ressurreição; ou ainda, a acolhida nos braços do Pai.
www.marioglaab.blogspot.com.br

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Vaticano II hoje (9)

PACTO DAS CATACUMBAS (PONTO 8)

            O oitavo item do pacto das catacumbas diz: “Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1 Cor 4,12 e 9,1-27.” Os textos bíblicos citados pelos bispos dizem: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa-Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte dos Senhor”; “Jesus, então, dizia-lhes: ‘Um profeta só não é valorizado na sua própria terra, entre os parentes e na própria casa’. E não conseguia fazer ali nenhum milagre, a não ser impor as mãos a uns poucos doentes”; “Como tinha a mesma profissão – eram fabricantes de tendas – passou a morar com eles e trabalhar ali. Todos os sábados, Paulo discutia na sinagoga, procurando convencer judeus e gregos”; “Não cobicei prata, ouro ou veste de ninguém. Vós bem sabeis que estas minhas mãos providenciaram o que era necessário para mim e para os que estavam comigo. Em tudo vos mostrei que, trabalhando desse modo, se deve ajudar aos fracos, recordando as palavras do Senhor Jesus, que disse: ‘Há mais felicidade em dar do que em receber’”; “... esgotamo-nos no trabalho manual; somos injuriados, e abençoamos; somos perseguidos, e suportamos; somos caluniados, e exortamos”; (o último texto, por ser extenso, não transcrevemos, mas sugerimos que seja consultado).
            Esta proposta frutificou e se alastrou pelo vasto continente latino-americano. Nos anos imediatamente pós-Vaticano II floresceram os movimentos populares, os grupos de famílias pobres, as CEBs, a teologia da libertação, e a Igreja se fez presente, por meio de seus líderes, tanto hierarcas quanto leigos, em muitas esferas da vida e da luta dos humanos. Nas primeiras décadas parecia que o espírito do Vaticano II renovava tudo, apesar de resistências de alguns. Aos poucos, porém, o fervor esmoreceu, e muitos dos novos hierarcas esqueceram esse item do pacto que os bispos corajosos e iluminados haviam assumido e concretizado. Trabalhar junto aos mais pobres sem poder esperar pagamentos imediatos, tornou-se menos atraente!

Daremos o tempo, a reflexão, o coração, os meios...
            Daremos tudo o que for necessário, de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., aos mais fracos e subdesenvolvidos. Proposta ousada. O fraco ou o subdesenvolvido é sempre necessitado enquanto não deixa de ser fraco ou subdesenvolvido. E, os bispos dizem “tudo”. Na verdade isso os compromete totalmente. Como nos itens anteriores, é mais uma maneira de dizer que ser discípulo de Jesus é ser evangelizador durante vinte e quatro horas por dia, todos os dias. Enquanto houver um único fraco ou pobre na diocese, o bispo não pode cruzar os braços.
            O tempo exige atenção contínua. A reflexão pede estudo e meditação sobre os princípios evangélicos, mas concretamente atualizados aos sinais dos tempos onde estão os pobres. O coração destaca o motivo interior: amar como Jesus amou. Os meio são os instrumentos adequados ao trabalho, que devem ser eficientes e ao alcance das pessoas.
            Esta disposição e este comprometimento não devem prejudicar as outras pessoas e grupos da diocese, isto é claro. O bispo não pode deixar uns de lado para se ocupar com os outros, somente. Deve, no entanto, fazer tudo para igualar os pobres (trazê-los para junto de) aos demais. Estes últimos, porém, podem ser chamados a colaborar no serviço apostólico e pastoral dos bispos. Colaboração esta, que transformou inúmeras comunidades, bairros e cidades em comunidades, bairros e cidades renovados. Ainda hoje se escuta o povo cantando “Também sou teu povo, Senhor”, sem discriminação ou privilégios.

Ampararemos os que evangelizam os pobres
            A proposta fala de leigos, religiosos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários. Transparece nestas palavras a confiança no Senhor. A iniciativa de chamar evangelizadores para os pobres é do Senhor, não dos bispos; e por isso eles os querem amparar. Há aí mudança significativa. Consciência de que o pastor deve amparar e apoiar àqueles que o Senhor providencia para que não faltem os anunciadores da Boa-Notícia aos últimos, a começar pelos leigos.
            Este aspecto mostra também que já se descobriu embrionariamente o que mais tarde se expressa como opção preferencial pelos pobres. De fato, percebe-se que não há dúvida de que os pobres são amados por Deus, sem condições, e que os bispos o sabem. Puebla, mais tarde, o explica, ao dizer: “Criados (os pobres) à imagem e semelhança de Deus, para serem seus filhos, esta imagem jaz obscurecida e também escarnecida. Por isso Deus toma sua defesa e os ama. Assim os pobres são os primeiros destinatários da missão” (1142). Dá, igualmente, importância para o potencial evangelizador desses mesmos pobres, ao afirmar que “muitos deles realizam em sua vida os valores evangélicos de solidariedade, serviço, simplicidade e disponibilidade para acolher o dom de Deus” (1147).
            Amparar pode ser entendido como algo mais do que simplesmente estar ao lado de alguém. Quem ampara toma defesa. Tomar a defesa dos pobres é uma forma de amor muito específica. Implica entrar em conflitos históricos e em arriscar bens, fama e vida. J. Sobrino, o teólogo da misericórdia da América Central, diz que “tomar sua defesa (dos pobres) implica disponibilidade consciente e ativa para sofrer o martírio. Na América Latina a história o mostra claramente. E também mostra que não se mata os que apenas amam os pobres. Matam-se, sim, os que saem em sua defesa”.

Igreja pobre
            Cada vez mais estamos vendo o paradoxo que existe quando, por um lado, a Igreja se apresenta com poder e esplendor, nos seus ritos, nos templos e nos seus ministros e hierarcas; por outro, na fragilidade, nos pecados, nos pobres de tantos rostos. Parece que a distância entre um e outro lado aumenta sempre mais. Contudo, existe nova esperança que vem de tantos “mártires ainda não canonizados” – que talvez nunca o serão – e de outros tantos que continuam seus martírios todos os dias por teimarem em ser da Igreja dos pobres. Que o desejo do Papa Francisco de que a Igreja seja uma Igreja pobre, influencie a todos nós, pobres e menos pobres. Que ninguém se iluda: sem perder tempo com os desvalidos nunca se chega ao verdadeiro Jesus de Nazaré. Pois, ele está onde estão os que não têm onde reclinar a cabeça.
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com.br

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Finados - 02 de novembro


NOSSOS IRMÃOS FALECIDOS


Todos nós, com maior o menor intensidade, lembramos de nossos parentes, amigos e conhecidos que já não estão mais conosco: os falecidos. Isso é próprio de cada ser humano; aliás, se estamos na história é porque tantos outros influenciaram nessa própria história. Nin-guém cai do céu como um meteoro, mas vem por sua família, por seus antepassados. Mesmo sabendo que viemos de Deus e a Deus retornaremos, sabemos também que Deus nos deu e dá a vida, junto e por meio dos demais seres humanos.
A lembrança que temos de nossos defuntos não fica no abstrato, mas nos leva a expressões bem concretas. Os cemitérios são confirmação a disso. Contudo, não somente eles. Quem de nós não cultiva a memória de seus entes queridos mortos guardando lembranças deles, como fotografias, objetos que eram seus e, principalmente, rezando por eles? Entre nós católicos, o costume de oferecer missas pelos falecidos está muito enraizado. No dia dos finados, dois de novembro, ao visitar as sepulturas dos falecidos, levando flores e coroas, todos fazem orações; fazem memória do que era a vida com eles e, o que é a união em Cristo também hoje. As orações e as missas nas intenções dos falecidos se revestem de um sentido único. No ima-ginário comum, ou da grande maioria dos crentes, as orações têm por finalidade “lembrar” a Deus de que determinado finado merece o perdão de seus pecados e ser acolhido no céu. Aquele que reza, e mais ainda o que oferece a missa, sente-se como um “advogado”, defensor de alguém que quer receber a recompensa. Nas missas que manda rezar ele traz para o seu lado a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, para que assim, contando com esse valor infinito, o pedido ser reforçado e atendido. Não se duvida da boa intenção e do ato carita-tivo empreendido pelo orador e pedinte. Mas, não seria possível esclarecer e aprofundar um pouco mais em que poderia consistir uma verdadeira oração pelos mortos?
Partindo do princípio de que Deus ama a todas as pessoas indistintamente, e que quer que to-dos se salvem, será necessário lembrar a Ele de que não deve esquecer-se dos nossos queri-dos falecidos? Não deveríamos ir um pouco além e, entregá-los, de nossa parte, totalmente nas mãos desse Deus que é amor infinito? O que poderia ser concretamente essa entrega? Sem dúvida, Deus é o primeiro interessado na salvação de todos os seres humanos. Ele faz tudo para ter todos e cada um sempre consigo. O que impede, de nossa parte, a acolhida da salvação de Deus em toda a sua plenitude, é a nossa finitude, a nossa incapacidade de cor-responder com amor sem reservas ao amor total de Deus. Então, ao rezar por alguém ou fazer memória dele, muito mais do que lembrar a Deus o que lhe convém fazer pelo defunto, aquele que ora deve dispor-se a, na comunhão com todos os seres humanos, especialmente com os falecidos, vencer os obstáculos das limitações e lutar para construir uma realidade mais con-forme os desejos do próprio Deus. Isso é, concretamente, trabalhar para que a maldade dimi-nua e que o bem aumente. Rezar por um falecido pode consistir em assumir o compromisso de continuar as lutas que ele enfrentava; melhorar o que ele não conseguiu levar a termo: sanar as consequências de seus erros e aperfeiçoar suas virtudes. A oração propriamente dita con-siste apenas no momento em que esse compromisso é atualizado, mas não se restringe ao momento, somente. Como verdadeiro gesto de amor para com o ente já falecido, nada melhor que seguir seus bons exemplos, levando-os adiante; fazendo-os melhor ainda, e ser grato por tudo. Mas, e as missas em sufrágio dos defuntos? Nada contra; tudo a favor! Bem entendido, todavia.
Na celebração eucarística, em Jesus Cristo e com Jesus Cristo, fazemos memória de toda a nossa história – passada, presente e futura – e a apresentamos ao Pai. Nessa memória, justa-mente por ser em Jesus Cristo, oferecemos a Deus o que de melhor temos: a doação total de Jesus de Nazaré para que o mundo tenha vida. O importante é estar ciente de que nós esta-mos juntos com Ele ao oferecer o melhor (de nada adianta “mandar rezar uma missa” se não se participa dela verdadeiramente!). Somos envolvidos no mistério de amor de Cristo e, nele
também podemos amar, pois ele é o caminho que nos conduz ao verdadeiro amor. Quando então, durante a Eucaristia, trazemos para a memória os defuntos, estamos comungando em Cristo também com eles. Aproveitamos o momento de especial comunhão de amor para nos enriquecermos todos na acolhida do amor de Deus. Participando com os finados do mistério da entrega total de Cristo – amor até as últimas consequências – dispomo-nos de modo único, a
construir um único corpo, o Corpo de Cristo, também com os que já partiram.
Portanto, ao visitar os cemitérios pela passagem do dia dos finados, ao contemplar as cruzes plantadas nas sepulturas, lembremo-nos de rezar por todos os falecidos; mas lembremo-nos também que rezar é muito mais do que repetir palavras – é compromisso de vida. Lembremonos também que as cruzes, na sua simbologia, vão além da morte e que apontam para a vitória
do amor, a Ressurreição; ou ainda, a acolhida nos braços do Pai.
Pe. Mário F. Glaab
www.marioglaab.blogspot.com

sábado, 5 de outubro de 2013

Vaticano II hoje (8)

PACTO DAS CATACUMBAS (PONTO 7)

            O sétimo item do pacto das catacumbas diz: “Evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 6,35; 2Cor 9,7.” Os textos bíblicos citados pelos bispos para este item, dizem o seguinte: “Por isso, quando deres esmola, não mandes tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos outros. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita, de modo que tua esmola fique escondida. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa”; “amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai ajuda sem esperar coisa alguma em troca”; e, “que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois ‘Deus ama quem dá com alegria’”.
            Este item do pacto das catacumbas é muito prático e pastoralmente desafiador, assim como, igualmente atual. Ainda mais, como todos sabem, a Igreja na América Latina enfrenta sérios problemas financeiros na organização de seus trabalhos pastorais e missionários. Organizar financeiramente uma paróquia ou diocese, em regiões mais humildes, nunca foi fácil. Qualquer ajuda financeira é sempre bem-vinda. E, por outro lado, os poderosos – os que possuem mais bens – olham para os fiéis que frequentam as igrejas alimentando seus interesses particulares, perguntando-se como conquistá-los pela simpatia e tê-los como suporte político. Dar uma dádiva para a comunidade, ser lisonjeado pelo padre ou pelo bispo, não é de se desprezar. Politicamente o voto de um membro pobre da comunidade que precisa construir a sua igrejinha vale tanto quanto o voto do vizinho rico e esclarecido que mora do lado e que pensa diferente.

Evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade
            Evitaremos incentivar ou lisonjear atitudes que favoreçam a vaidade. É compromisso corajoso, porém coerente com o Divino Mestre. Jesus de Nazaré lançou-se na sua missão sem se preocupar em fazer o “seu ninho”. Aceitou ajuda de todos, contanto que o fizessem com liberdade e sinceridade. Ele não se prendeu a ninguém, mas chamou para junto de si os mais pobres, os mais desprovidos de tudo; e não teve medo de desafiar os que eram ricos. Dizia-lhes a verdade, desmascarando a falsidade de seus corações.
            Quantas vezes, porém, bispos, padres ou líderes de comunidades, com a melhor das intenções, publicam listas de contribuições, convidam para ocuparem os primeiros lugares nas celebrações aos que doaram valiosos brindes para as festas, aqueles que são influentes... Ainda existem inúmeros templos que ostentam nos bancos ou nos vitrais os nomes dos doadores. Quem “sempre ajuda” tem “privilégios”: pode batizar seus filhos sem se sujeitar aos cursos de preparação, em outras paróquias mais centrais, não precisa participar regularmente da comunidade, etc. Privilégios que, na verdade, não o são. Poder participar de cursos na comunidade, das celebrações com os irmãos da mesma comunidade, estes são privilégios que geralmente os ricos desvalorizam. O contrário é vaidade. Vaidade para o que “paga” com sua dádiva; vaidade também para quem recebe o “pagamento”. Esse tipo de barganha nunca forma comunidade, muito menos, seguidores de Jesus de Nazaré.

As dádivas como participação normal
            Convidar os fiéis a considerar suas dádivas como participação normal no culto e demais atividades da paróquia, sem privilégios e reconhecimentos especiais, exige atitude concreta e desprendida. Jesus lembra que todos, após ter feito o que é preciso fazer, devem se considerar “simples servos” (Lc 17,10). Esse desprendimento, próprio do servo, deve ser dos que doam, mas igualmente dos que recebem em nome da comunidade, paróquia ou diocese. Não resta dúvida, os servos não podem lisonjear a quem quer que seja. Eles estão a serviço de seu senhor. O Senhor, tanto dos fiéis quanto dos ministros, é sempre Jesus Cristo e seu Reino. Tudo mais não passa de vaidade.
            Pergunta-se por que há tanta insatisfação, tanta vida sem sentido, tanta ambição? Talvez a vida de muitos mudasse se aprendessem a doar e a doar-se gratuitamente. Quer queira quer não, o ser humano é chamado a amar desinteressadamente. Existem muitos homens de mulheres entre nós que só podem receber um amor gratuito, porque não têm quase nada para poder devolver a quem delas se aproxima. Esse é justamente o caminho que a Igreja deve percorrer. Se não tiver coragem de ir ao encontro desses homens e dessas mulheres, ela não pode se gloriar de ser a Igreja de Jesus Cristo. Também não terá o direito de se apresentar como servidora do Reino de Deus. Dom Hélder Câmara lembrava, com muito acerto, que para libertar-se de si mesmo é preciso construir uma ponte para o outro lado do abismo que o egoísmo cria. É preciso ver além de si mesmo. Procurar escutar o outro e, sobretudo, procurar esforçar-se para amar os outros em vez de amar somente a si.

Ouro e prata
            Poderia, num primeiro momento, parecer que logo depois do pacto das catacumbas, quando os bispos retornaram aos seus países, no nosso caso, ao Brasil, o propósito desse item foi parar no esquecimento. Certamente aconteceu isso em muitos lugares, mas nem em todos. Ou melhor, talvez seja muito mais coerente afirmar que a Igreja pobre se tornou a Igreja dos Pobres. Pois é impossível enumerar as comunidades pobres que foram surgindo por todos os cantos de nosso vasto país. As pequenas comunidades se multiplicaram aos milhares, e, praticamente nenhum bairro, por mais periférico que seja, carece de sua igrejinha. Se nos centros das cidades surgiram templos esplendorosos, também é verdade que entre os mais pobres surgiram capelas sem nenhum esplendor, onde com toda certeza não entraram as doações daqueles que esperam louvores. Muitos bispos, presbíteros e líderes incentivaram o povo para que, somando esforços e sendo generosos, construíssem sua própria capela, sem dever nada a ninguém.
            Quando o Papa Francisco veio ao Brasil disse que não tinha nem ouro nem prata, mas que veio para trazer Jesus Cristo. Ele demonstrou isso com palavras e atos, especialmente pela simplicidade e alegria. Sentiu-se à vontade entre os mais pobres. Os pobres o receberam e o compreenderam. Da mesma forma, a falta de ouro e de prata reavivou a Igreja nas periferias das cidades e das existências. Que cada vez mais, a Igreja, seus ministros e seus fiéis possam ser testemunhas de Jesus, e que não se preocupem com o ouro e a prata dos que querem tirar proveitos para si, esperando reconhecimentos e elogios.
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com.br

domingo, 29 de setembro de 2013

Hunsrickisch

DEA BEESSE PFARRA UM SEI ESELSKINNA

So’n beesse Pfarra hat groat sei Kinnamess fertich. Hat awa en halb dutzent Buwe zerick gehal. An die wolt ea mo noch po Wetta schicke, weil se ihm net gut gefall hon. Do sora mit sei grosse Aue un die Nooslecha ausgeblost: “Heute habe ich wieder einmal rechte Eseln gepredigt…” Dat Johannesche, wo escht 10 Joha alt woa, hot gleich vun dea letscht Bank geruf: “Herr pfarrer, Sie haben aber doch immer gesagt: ‘Meine lieben Kinder…’” Ja, sowas kan passiere; net blos die Kinna stelle sich oan wie Esel, alsmol sin die Hochwirdiche oach net viel meh.

Glaabmário

sábado, 7 de setembro de 2013

Hunsrickischgechitje

DAT JUNGE PODDACHE UN SEI PREDICHT

Die junge Poddre, die wo noch kei Sperienz hon, die tun alsmo net so richtich raus kume. Do is es mol passiert das groat so’n junges Poddache in en Gemeind kum is un dan wolt ea aach mo de Juchend en scheen Predicht voa halle. Die Buwe un die Med sen samme gelaaf um dat Poddache se hehre. De hot dan mo fix oangefang. Hot’s Jeckche scheen richtich getzoh, die Luft tief ingetzoh, un gesaat: “Mei liewe Buwe un Med, mea misse uns in Acht nimme. Die Televisson, de Radio un die ganz Mentalitet zeicht uns imme noore das Auseres, mea solle awa aach bische tiefe rin gucke in die Sache, sonst bleibt ma blos uff de Schoole. Zum Beischbil: wenn mea so’n Medche siehn solle mea doch net blos das scheene Gesicht, die scheene Aue, das scheene Kleidche – alles was ause is – oangucke, awe mea misse mol bische gucke was drunne is”. Dat woa awa wie geschoss! Die Juchend hot all oangefang se lache, un hon gesoat: dat junge Poddache hat uns mo gelent wie mea richtich ze tun hon”. Awa das woa oach net so slimm, die Haupsache woa des se all mo gelacht han, un das es gedient hot das es Poddache sich bessa uffpasse tut in de Zukunft fa net nommo dumme Sache voa de Leit se san. Die Sperienz un dei Demitichkeit is viel Weet.
Glaabsmário

www.marioglaab.blogspot.com.br

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Concílio Vaticano II hoje (7)

PACTO DAS CATACUMBAS (6)
            O sexto ponto do Pacto das Catacumbas assim se expressa: “No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.”
            Os textos bíblicos citados pelos bispos dizem o seguinte: “Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse: ‘Mulher, estás livre da tua doença’. Ele impôs as mãos sobre ela, que imediatamente se endireitou e começou a louvar a Deus. O chefe da sinagoga, porém, furioso porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado, se pôs a dizer à multidão: ‘Há seis dias para trabalhar. Vinde, pois, nesses dias para serdes curados, mas não em dia de sábado”. E, “Eu, porém, não tenho usado de nenhum destes direitos. E não vos escrevo estas coisas para os reclamar. Antes morrer do que... – esse meu título de glória ninguém me tirará! Pois, anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho! Se eu o fizesse por iniciativa minha, teria direito a uma recompensa. Mas se o faço por imposição, trata-se de uma incumbência a mim confiada. Então, qual é a minha recompensa? Ela está no fato de eu anunciar o evangelho gratuitamente, sem fazer uso do direito que o evangelho me confere. Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível”.
Na passagem do evangelho de Lucas encontramos Jesus, num dia de sábado, “perdendo” seu tempo com uma mulher doente. Não podemos esquecer que mulheres, e ainda mais, mulheres doentes, não possuíam valor algum na sociedade de então, ainda mais diante dos chefes das sinagogas. Perder tempo com uma pessoa dessas, na sinagoga e em dia de sábado, era no mínimo, muito estranho e sem sentido. Por isso a fúria do chefe da sinagoga. Jesus não deveria privilegiar os piedosos que vieram à sinagoga para cultuar a Deus e observar as prescrições relacionadas ao sábado?! O texto de São Paulo é ainda mais esclarecedor. Ele mostra que o evangelizador não pode esperar nada a não ser testemunhar o seu compromisso de fé, a partir de sua missão: ai de mim se não evangelizar!

Aquilo que pode parecer...
            Os bispos nesse item são verdadeiramente ousados. Ao se comprometerem de, no comportamento e nas relações sociais evitar aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou preferências, eles estão supondo que na verdade os comportamentos e as relações não fazem isto jamais; podem, no entanto, parecer como tais. Mas nem isso – o parecer - deve dar motivo de escândalo.
            Não conferir privilégios aos ricos e aos poderosos é próprio de quem age gratuitamente, isto é, sem interesses. Não espera recompensa, não vende seu trabalho, sua dignidade. Fazer o bem sem olhar a quem. Jesus de Nazaré tinha plena liberdade para fazer o bem a qualquer pessoa, não levava em conta sua riqueza ou sua condição social, nem mesmo a sua situação diante da lei e da religião. Não é, porém, o que se tem visto no comportamento de muitos bispos, padres e líderes comunitários em nossas igrejas. Os ricos e poderosos quase sempre conseguem algumas exceções: é que eles podem ajudar de “outras maneiras”, diz-se. Mais grave se torna o relacionamento entre bispos e padres, quando estes últimos têm mais riquezas e mais poderes. Salvo raras exceções, os clérigos melhor aquinhoados quase sempre levam vantagens sobre os demais. Afinal, a parte financeira é extremamente importante, justifica-se. Não é nada incomum que bispos e padres aceitem convites para ricos banquetes, mas tomar um café na casa do pobre é perder tempo. Afinal, é necessário cuidar para não perder a dignidade em meio a essa gentalha que não entende as coisas!

O caminho da gratuidade
            O caminho da gratuidade é quase sempre difícil. Para seguir por esse caminho é necessário aprender coisas como estas: dar sem esperar muito, perdoar quase sem exigir, ser paciente com as pessoas pouco agradáveis, ajudar pensando só no bem do outro. É o que ensina o Divino Mestre quando em Lucas ele aconselha: “quando deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinho ricos, porque eles retribuirão (...), convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos” (Lc 14,12-13).
            Esse caminho da gratuidade, logo após o Concílio Vaticano II (após o pacto) teve grande aceitação, especialmente na América Latina onde a teologia da libertação falava muito da “opção preferencial pelos pobres”. Percebia-se que muitos cristãos, entre eles bispos, padres, religiosos e líderes comunitários, queriam ouvir deveras o apelo do Evangelho e viviam pensando nos mais deserdados do mundo. Com o passar dos anos, infelizmente, muita coisa mudou. Novamente alguns pensam que a “opção pelos pobres” é uma linguagem perigosa inventada pelos teólogos da libertação, sempre com interesses políticos de esquerda, e condenada por Roma com toda a razão. Isto, todavia, não é verdade. A opção preferencial pelos pobres é uma palavra de ordem que saiu do íntimo de Jesus de Nazaré. Pode-se afirmar, sem medo de errar, que quem escuta o coração de Deus começa a privilegiar em sua vida os mais necessitados.

Retomar o propósito
            Cinquenta anos depois do Vaticano II está mais do que na hora de retomar o propósito dos bispos no pacto das catacumbas. Nada melhor do que usar o corajoso testemunho do Papa Francisco que não esconde o desejo de uma Igreja pobre, uma Igreja que não privilegia os ricos e os poderosos, mas que como Jesus, vai ao encalço dos mais desvalidos, dos mais abandonados da sociedade, levando a eles a mensagem da paz. Que tal se retomássemos o propósito de buscar uma sociedade na qual cada um pensasse nos mais fracos e indefesos? Uma sociedade muito diferente da atual, na qual aprendêssemos a amar não a quem melhor nos paga, mas a quem mais precisa de nós.
            Talvez seja bom saber, como nos lembra Frei Betto, que todos nós cristãos somos discípulos de um prisioneiro político. Jesus não morreu de doença ou de acidente em Jerusalém. Foi preso, torturado e condenado à morte na cruz por dois poderes políticos: o de Herodes e o de Pilatos. Quem nos aprova e quem nos condena? Pensemos.
Pe. Mário Fernando Glaab
WWW.marioglaab.blogspot.com.br



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Vaticano II hoje (6)

PACTO DAS CATACUMBAS (5)
            O quinto item do pacto das catacumbas diz: “Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor...). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.” Os textos bíblicos que os bispos citaram para justificar a sua recusa e preferir o nome de “Padre” são os seguintes: “Jesus, porém, chamou-os e disse: ‘Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos’”; “Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, de serem chamados de ‘rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso pai, aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é vosso Guia, o Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”; “Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós”.
            Parece que, entre todos os itens do pacto das catacumbas, esse foi o que menos consequências teve. Praticamente ninguém recusou aos nomes e títulos de honra que por séculos se apoderaram dos discípulos do Senhor que são os pastores do povo, mesmo que estão entre irmãos.
Recusamos
            Recusamos é expressão forte. Diz bem mais que renunciar. Fala de uma ação determinada e ativa: não aceitamos! Talvez por ser tão clara e direta, foi a proposta que mais dificuldades encontrou para se colocar em prática. Renunciar a bens, a aparências luxuosas exige bastante coragem, também para não se deixar levar pelo carinho que os fieis demonstram a seus bispos, padres e líderes religiosos. Dizia alguém com grande sinceridade: “é tão agradável ser bajulado pelo povo!” Os nomes e os títulos vêm como porta de entrada, em seguida vêm as palmas, os louvores e os presentes; e mais outro exclama: “e o vigário gosta!” Não há dúvida que o povo se aproveita desta tática, pois é bem mais fácil “domesticar” o pastor com agrados que com exigências comprometedoras. Também os líderes do povo que pensam em tirar alguma vantagem individual não se cansam de fazer discursos eloquentes ressaltando qualidades dos religiosos, não economizam elogios com os mais insignes títulos. Isto faz dos representantes do povo pessoas inteligentes e bondosas.
            Pelas palavras de Jesus, citadas pelos bispos, pode se ver bem que estas atitudes são próprias dos que dominam sobre os outros, dos que têm intenções obscuras e interesseiras. Nunca deveriam ser as de um bispo, padre ou líder religioso – do seguidor do Mestre que veio para servir, para lavar os pés de seus discípulos. Porém, não dá para esconder como infelizmente esses títulos são procurados pelas autoridades religiosas e usados por eles mesmos em seu favor. Basta ver os discursos pronunciados por eles e entre eles. Os documentos emanados das cúrias ou das secretarias são verdadeiros autoelogios. É bastante hilariante a história do “excelentíssimo e reverendíssimo senhor bispo” que sempre rezava durante a missa por “este indigno servo”, mas quando ficou sabendo que um de seus padres também usava a mesma expressão o proibiu severamente de fazê-lo outras vezes. Por que será?
Nomes e títulos
            O nome identifica a pessoa. É tão bom ser chamado pelo nome! Manter limpo o nome é a maior honra para o seu portador e para a sua família. Título, no entanto, é um acréscimo ao nome. Ele pode ter sido conquistado com esforço e dedicação, mas igualmente pode ter sido adquirido por outros meios, às vezes, espúrios. Nomes e títulos que signifiquem grandeza e poder não combinam com os seguidores do Mestre que lavou os pés de seus amigos. Quem é grande entre os discípulos de Jesus de Nazaré? Tudo tem sua lógica a partir da missão própria da Igreja. Ela, como Cristo, está aí para que todos tenham vida, e vida em abundância. Mas quem busca títulos de honra para si dentro da Igreja inverte as coisas. Busca vida para si; os outros são esquecidos. Bento XVI insistia para que a Igreja entendesse o sentido de sua existência, e dizia: “A igreja não está ali para ela mesma, mas para a humanidade”. Podemos auferir que se ela está para a humanidade, sempre precisa sair de si mesma, pensar nos outros, servir ao mundo a Boa Nova de Deus. Os pastores da Igreja necessitam serem fortes para vencer o perigo da tentação de se dobrar sobre seus próprios interesses, seu passado de glórias, seus títulos acadêmicos, sobre suas posições hierárquicas. Os títulos de grandeza não atingem o coração do homem e da mulher de hoje. Não basta pregar com toda pompa sermões do altar. Os pastores precisam aprender a escutar, acolher, curar as feridas dos que sofrem. Somente assim a Igreja vai ter uma mensagem para o mundo e para toda a humanidade. Os títulos dizem absolutamente nada para quem se sente privado de tudo, principalmente do acesso ao que é mais importante, à vida.
Luz na escuridão
            Um teólogo espanhol (Xabier Pikaza) conta que ficou impressionado quando esteve em São Paulo a conversar com um clérigo sábio e de grande experiência sobre as questões da Igreja hoje, e este clérigo, que ele não prefere nomear, lhe afirmou seriamente: “Não contamos (no Brasil) com bispos que saibam levantar o Evangelho diante de políticos e donos da vida e a sorte dos pobres; faltam-nos bispos que possam ou queiram expor com sua vida a mensagem de Jesus e abrir caminhos para a Igreja... Contamos apenas com funcionários submissos a um sistema de poder sagrado”. Até onde essa constatação é verdadeira, não se sabe; mas que é, no mínimo, preocupante, isso não se pode negar. Porém, quando o teólogo continuou e quis saber como então os bispos deveriam ser, ouviu a resposta: “Como aqueles que vieram imediatamente depois do Concílio Vaticano II! Homens como Paulo E. Arns e tantos outros, ministros da Palavra, criadores de comunidade, encarnados no povo...”. Como aqueles que levaram a sério o pacto das catacumbas.
            O teólogo espanhol desenvolve sua reflexão sobre a necessidade que a Igreja tem de possuir bispos de verdade que vão à frente do rebanho, promovendo a igualdade cristã, a fraternidade, abertos a todos, curando e libertando; tendo como pano de fundo a figura de Dom Paulo Arns. Vê, no entanto, com olhos e coração esperançosos, uma luz em meio à escuridão: o Papa Francisco. Escreve: “talvez Jorge Mário Bergoglio possa ser o novo Arns”. (Artigo publicado pela Newsletter do Instituto Humanitas Unisinos – 13/08/13).
            Não resta dúvida que o Papa Francisco está dando a mensagem evangélica a quem tem olhos para ver e coração para perceber. Somente o Papa para chamar a atenção dos bispos quanto à ambição. Segundo Francisco, os bispos devem ser pastores próximos das pessoas, pais e irmãos, que sejam mansos, pacientes e misericordiosos. Devem amar a pobreza interior como liberdade no Senhor e também a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida e não devem ter “uma psicologia de ‘Príncipes’” – que não sejam ambiciosos!
            O exemplo de Francisco é impressionante. Ser for acolhido por um bom número de bispos, padres, líderes e povo em geral, poderá provocar uma primavera para toda a Igreja. E, quem sabe, o Evangelho poderá produzir muitos frutos de justiça, de vida e de fraternidade em e com toda a humanidade. Que os bispos, monsenhores, padres e líderes religiosos deixem seus títulos de lado e sejam todos irmãos, mesmo que uns, dentro da família cristã, têm a missão do pastoreio ou da paternidade espiritual. Que haja respeito, mas igualmente dignidade e humildade entre todos.
Pe. Mário Fernando Glaab

WWW.marioglaab.blogspot.com.br